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Útero de mãe rompe, bebê escorrega para fora e ela não sente nada: o que causa isso?

Publicado 6 Fev 2017 – 04:00 AM EST | Atualizado 20 Mar 2018 – 12:57 PM EDT
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Na França, uma gestante de 33 anos fazia uma ultrassonografia de rotina quando descobriu que seu útero havia rompido e as perninhas de seu feto estavam para fora do órgão, projetadas em sua cavidade abdominal.

Felizmente, tudo acabou bem para mãe e bebê, mas intercorrências como essa podem ser muito mais graves. Entenda, a seguir, quais são as chances de acontecerem e quem está em maior risco.

Ruptura do útero com protrusão do bebê: o que aconteceu? 

A grávida, que era paciente do ginecologista e obstetra Pierre-Emmanuel Bouet no Hospital da Universidade de Angers, teve seu caso de ruptura de útero relatado em um artigo científico na revista The New England Journal of Medicine.

Ausência de sintomas 

O estudo conta que a ruptura do útero seguida da chamada amniocele - que é quando o saco amniótico (redoma que abriga e protege o bebê durante a gestação) se projeta através da parede do útero – só foi descoberta durante a realização de um ultrassom de rotina na 22ª semana de gestação.

Ela não sentiu nenhum sintoma nem percebeu qualquer sinal de que tudo isso estava acontecendo bem ali, na sua barriga.

Tamanho da ruptura 

O ultrassom mostrou que, além da herniação do saco amniótico passando através da parede uterina, as pernas do bebê também haviam saído do útero e estavam no abdômen da paciente. Uma ressonância magnética feita em seguida mostrou que a ruptura uterina era de 2,5 cm e o saco amniótico havia se projetado 19 cm para fora do útero.

Como ficou o bebê?

A paciente foi informada dos riscos, que incluem ruptura uterina completa e necessidade de retirar cirurgicamente o útero, e optou por manter a gestação com monitoramento médico bem próximo.

Na 30ª semana de gestação, a projeção da bolsa amniótica no abdômen havia aumentado em 5 cm e, além das pernas, o abdômen do bebê também estava fora do útero.

Na mesma semana, o menino nasceu saudável, com 1,3 kg, através de uma cesariana. Depois do parto, a ruptura uterina e a amniocele foram reparadas e a paciente não teve nenhuma complicação. Ela recebeu alta 5 dias depois.

Quais as chances de acontecer ruptura do útero? 

A ginecologista e obstetra Rosa Neme, do Hospital Israelita Albert Einstein (São Paulo), explica que as chances de haver uma ruptura uterina, com e sem essa projeção do bebê, é bastante rara: “Acontece em menos de 0,1% das gestações.”

O risco é maior em mulheres que têm uma cicatriz uterina prévia decorrente de procedimentos anteriores no órgão - como partos cesáreos, histerotomias (abertura do útero, por exemplo, após retiradas de miomas profundos no útero) e miomectomias - ou ainda por presença de fetos grandes, implantação anormal da placenta dentro do útero, muitos partos anteriores e excesso de uso de ocitocina durante o trabalho de parto, o que causa contrações muito fortes que podem romper o útero.

Ruptura uterina pode ser grave 

Em grande parte dos casos, a ruptura do útero pode se complicar e colocar em risco a vida da mãe e do bebê.

Hemorragia 

A especialista explica que quando acontece a ruptura uterina pode acontecer uma hemorragia grave para a cavidade abdominal e, consequentemente, um choque hemorrágico, condição que coloca a vida em risco pela perda excessiva de sangue.

Sofrimento fetal 

Pode haver também sofrimento fetal, com queda da frequência cardíaca do bebê e mudança de sua posição dentro da barriga. Se a placenta se mantiver íntegra, as chances de morte fetal são menores e se a ruptura for total, a possibilidade de salvar a vida do bebê são bem pequenas.

Retirada do útero 

Se houver ruptura completa do útero, pode ser necessária a realização de uma histerectomia (retirada do útero) de forma emergencial por causa do risco de vida da mãe, caso haja um sangramento importante.

Parto prematuro

Rosa Neme explica que pode haver também a necessidade de um parto prematuro, já que a situação é de risco para o bebê, podendo causar até morte.

Placenta acreta 

Em alguns casos, pode acontecer de a placenta se fixar profundamente na parede uterina, se infiltrando no tecido do órgão. Essa situação também pode tornar necessária a realização de uma histerectomia de urgência no momento do parto, uma vez que, em alguns casos, não é possível descolar a placenta do útero.

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