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Dona Marisa já tinha aneurisma há 10 anos; por que médicos optam por não tratar?

Publicado 26 Jan 2017 – 01:38 PM EST | Atualizado 20 Mar 2018 – 12:57 PM EDT
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*Matéria publica em 26 de janeiro de 2017

A ex-primeira-dama Marisa Letícia, 66, continua internada no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, após ter um AVC hemorrágico, causado pelo rompimento de um aneurisma cerebral na última terça-feira (24). A esposa do ex-presidente Lula passou por um cateterismo cerebral para estancar o sangramento e está em coma induzido.

De acordo com o cardiologista Roberto Kalil Filho, médico da família e chefe da equipe que cuida da ex-primeira-dama, o aneurisma que causou o AVC em dona Marisa já existe há pelo menos 10 anos. Na época, os médicos optaram por acompanhar a lesão, sem intervir, e essa é, de fato, uma conduta comum em casos assim. Entenda por que a seguir.

O que é um aneurisma?

A neurologista Gisele Sampaio, vice-coordenadora do departamento científico de doenças cérebrovasculares da Academia Brasileira de Neurologia, explica que um aneurisma é uma dilatação na parede de uma vaso sanguíneo, que pode ser tanto uma veia quanto artéria.

No entanto, é muito mais comum que isso aconteça na artéria, onde os aneurismas são também mais graves, uma vez que esse vaso é o responsável por levar o sangue aos tecidos do corpo e, portanto, tem mais pressão. Além disso, apesar de poder acontecer em qualquer parte do corpo, o aneurisma tem as consequências mais preocupantes quando ocorre no cérebro.

Por que muitas vezes o aneurisma não é tratado? 

Não existe um consenso médico de quando deve ser feita a cirurgia para eliminar o aneurisma. No entanto, existe alguma evidência que aponta quando operar ou não. Essa decisão depende, principalmente, do risco de ruptura do aneurisma ser alto ou baixo e do risco de expor o paciente à cirurgia.

Além dos riscos comuns a toda cirurgia – por exemplo: instabilidades hemodinâmicas, como queda da pressão arterial, infecções e alterações respiratórias -, há os riscos específicos da cirurgia cerebral e vascular, como a formação de coágulos, sangramento cerebral e alterações neurológicas (como alteração da fala e paralisia).

No entanto, vale lembrar que esses riscos são bem menores se a cirurgia for feita quando o aneurisma ainda não rompeu e ainda mais discretos no caso da cirurgia via cateterismo.

Entre os fatores que contribuem pra que o paciente seja operado, estão: pacientes jovens, que têm um provável longo tempo de vida pela frente; pacientes que já tiveram uma ruptura de aneurisma ou que têm um caso desses na família; pacientes que têm sintomas do aneurisma; casos em que o aneurisma é grande ou está crescendo; baixo risco de intercorrências durante a cirurgia.

Por outro lado, contraindicam a cirurgia: idade avançada com baixa expectativa de vida, comorbidades clínicas (doenças associadas, como hipertensão, por exemplo) e aneurismas pequenos que não causam sintomas.

Caso a opção seja tratar o aneurisma, há duas opções:

  • Cirurgia aberta: o vaso é exposto e é colocado um clipe, espécie de grampo para isolar o aneurisma;
  • Cateterismo cerebral: nesse caso, a cirurgia é menos invasiva, e um cateter é colocado por dentro do vaso até chegar ao aneurisma, onde ele, com uso de molas, preenche e oclui o aneurisma.

O que faz um aneurisma estourar? 

Os principais fatores que podem fazer um aneurisma se romper, causando o AVC, são a hipertensão – que exerce uma força muito grande contra a parede da artéria - e o tabagismo, que causa mudanças estruturais nos vasos sanguíneos. 

Prevenção do AVC

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