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Idoso com Parkinson mal anda, mas, ao ouvir música, consegue até dançar; entenda efeito

Publicado 20 Jan 2017 – 02:58 PM EST | Atualizado 20 Mar 2018 – 12:57 PM EDT
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O Parkinson é uma doença que pode ser extremamente debilitante e, justamente por isso, emocionalmente exaustiva. Mas pesquisas e relatos recentes vêm mostrando que o simples e corriqueiro hábito de ouvir música e “entrar no ritmo” pode aliviar a angustiante dificuldade em se locomover causada por esse acometimento.

Um vídeo que recentemente tomou as redes sociais mostra justamente esse fenômeno. Nele, um senhor de 73 anos adquire tamanha confiança ao som da música que até dispensa o andador e arrisca alguns passinhos. A explicação por trás desse aparente milagre é científica, e nós falamos sobre ela a seguir.

Música no tratamento de Parkinson: vídeo mostra

O vídeo em questão mostra Larry Jennings, um senhor de 73 anos que tem Parkinson, caminhando junto com sua fisioterapeuta, Anicea Gunlock.

Inicialmente, eles caminham silenciosamente pela casa com ajuda de um andador. O andar de Larry é difícil e desritmado, consequência do Parkinson. Mas quando eles passam a fazer o mesmo trajeto ao som da música Good Ole Boys Like Me (de Don Williams), a caminhada flui a tal ponto que Larry consegue andar sem o andador e até tira Anicea para uma dança.

Assista ao vídeo:

Como a música terapêutica ajuda quem tem Parkinson 

O neurologista Delson José da Silva, vice-coordenador do departamento científico de transtornos do movimento da Academia Brasileira de Neurologia, explica que a alteração neurológica causada pelo do Parkinson faz com que haja uma dessincronização em um circuito neurológico responsável pelo movimento que envolve algumas estruturas específicas: os gânglios da base, as áreas 4 e 6 do córtex cerebral e o córtex frontal.

O estímulo rítmico da música faz com que aconteça uma ressincronização nesse circuito, mas ainda não se sabe ao certo como ela é capaz de fazer isso. Com o cérebro “no ritmo”, a pessoa com Parkinson consegue realizar os movimentos voluntários com menos dificuldade, sem tanta “hesitação involuntária” típica da doença.

Larry não é o primeiro a sentir os benefícios da música no tratamento da doença. Vários estudos já mostraram que o ritmo da música tem um importante impacto sobre o caminhar (tanto na velocidade, quanto no ritmo e no comprimento do passo), a coordenação dos membros, o controle postural e o equilíbrio.

Musicoterapia para pessoas com Parkinson 

O neurologista Delson explica que ouvir uma música durante a terapia pode, de fato, ajudar o paciente, mas fazer isso dentro de um tratamento prolongado e estruturado de musicoterapia pode trazer ainda mais benefícios.

Nesse caso, são usadas técnicas específicas orientadas por um musicoterapeuta especializado e é estimulada não apenas a caminhada, mas também gestos e movimentos específicos que, através de um mecanismo chamado plasticidade neuronal, vão permitir uma melhora importante em aspectos como qualidade de vida, mobilidade, caminhar, menos quedas, além de uma melhora na questão emocional, que costuma ser delicada em pessoas com Parkinson. 

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