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Vigorexia: síndrome é silenciosa e pode causar câncer em quem malha demais

Publicado 8 Fev 2017 – 02:30 PM EST | Atualizado 20 Mar 2018 – 12:57 PM EDT
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Síndrome de Adônis ou vigorexia é um transtorno caracterizado pela insatisfação constante com o corpo. Semelhante à anorexia, o distúrbio interfere na visão da pessoa sobre si mesma, o que a leva a praticar atividades físicas exageradamente para se sentir melhor. Porém, a sensação de dever cumprido nunca chega, mesmo que o corpo já esteja muito musculoso.

Querer definir o corpo e deixá-lo mais atraente não é uma atitude negativa, mas quando o limite entre o saudável e a obsessão é ultrapassado, surgem consequências para o indivíduo. Portanto, é preciso ficar atento aos sinais e buscar tratamento se você observar o vício em si mesmo ou em outra pessoa.

O que é vigorexia 

Vigorexia é um transtorno que faz com que a pessoa sempre fique descontente com seu corpo, achando-o fraco e pequeno. Para melhorá-lo e alcançar a hipertrofia, que é o aumento do volume dos músculos, o indivíduo passa a fazer academia incessantemente. 

De acordo com Diego Freitas Tavares, médico psiquiatra e coordenador do ambulatório integrado de bipolares do Grupo de Estudos de Doenças Afetivas da USP, o distúrbio é um transtorno dismórfico corporal - nome dado aos quadros em que o paciente não se enxerga como realmente é -, que foi recentemente reclassificado como doença do espectro obsessivo-compulsivo, já que o indivíduo deixa de se concentrar em outras atividades porque não consegue parar de pensar em seu físico.

Apesar de sua incidência ser mais frequente em homens, a vigorexia também pode atingir mulheres.

É preciso esclarecer que nem todas as pessoas com músculos muito proeminentes e os fisioculturistas são vigoréxicos, pelo contrário, é possível alcançar corpos extremamente definidos sem fazer uso de drogas e treinando com uma frequência saudável.

Sintomas e sinais do transtorno

O principal sintoma da vigorexia é que, mesmo em ótima forma física, o vigorexo continua infeliz com sua aparência. O vício em academia ainda leva à adoção de dietas restritivas, muitas vezes baseadas no consumo exagerado de proteínas, e também ao uso de anabolizantes, o que causa diversos riscos para a saúde.

Segundo a médica nutróloga Maria Del Rosario Zariategui de Alonso, diretora do Departamento de Distúrbios Alimentares da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN), os vigoréxicos não reconhecem que estão com o distúrbio, sendo necessária a intervenção de familiares para tratar o problema. O quadro ainda acaba descoberto em consultas devido às lesões adquiridas pelo excesso de treino e sobrepeso dos músculos.

Entre os sinais da vigorexia, estão:

  • Insatisfação insistente e vergonha do corpo, achando-se feio ou, até mesmo, deformado
  • Obsessão pela prática de exercícios devido à aparência física, passando várias horas na academia
  • Dor muscular e cansaço constante
  • Irritação e agressividade
  • Depressão e insônia
  • Adoção de dietas restritivas
  • Aumento do ritmo cardíaco ao repousar
  • Falta de libido
  • Autoestima e confiança baixas
  • Ato excessivo de ver seu reflexo por espelhos
  • Comportamentos repetitivos, como olhar fotos de si mesmo várias vezes e compará-las com as de outras pessoas

Consequências da vigorexia: câncer, anemia e mais

Se não tratada, a vigorexia pode causar problemas de saúde graves, como deficiência de nutrientes, insuficiência renal ou hepática e doenças de circulação, além de lesões em músculos, articulações e ligamentos pelo excesso de atividade física. Outro problema comum é que exercícios em excesso podem diminuir a capacidade reprodutiva, pois causam alterações hormonais nas mulheres.

Segundo o professor de educação física e fisiologista Gilberto Coelho, o uso de anabolizantes e um regime desequilibrado também contribuem para o aparecimento de doenças cardiovasculares, anemia, câncer de próstata e diminuição do tecido testicular.

Enquanto o corpo é sobrecarregado, a mente também é afetada de forma brutal, podendo apresentar quadros de depressão graves.           

Tratamento

Ao contrário do que se imagina, não é preciso parar de treinar para tratar a Síndrome de Adônis. De acordo com o professor de educação física e fisiologista Gilberto Coelho, as atividades físicas podem continuar se forem readequadas para que não hajam excessos.

O paciente também precisará de acompanhamento nutricional e médico, de modo a fazer uso de remédios caso necessário. O tratamento psicológico é outra etapa importante que é realizada por meio da terapia, eficaz em  transtornos da imagem distorcida.

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