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Gentil desabafa após assumir namoro homossexual: texto é uma ótima reflexão

Publicado 1 Out 2016 – 10:30 AM EDT | Atualizado 20 Mar 2018 – 12:57 PM EDT
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Na última sexta-feira (30), uma coluna do jornal carioca O Globo divulgou que Fernanda Gentil assumiu namoro com uma mulher. Após a publicação, a novidade se espalhou pela internet, e choveram comentários dos mais diversos. Após um dia inteiro de críticas e elogios, a jornalista finalmente se pronunciou, em um texto que traz uma reflexão, no mínimo, importante para pensarmos melhor em como deixamos críticas nos afetarem.

Fernanda Gentil e namorada: texto após polêmica

Leia o post na íntegra:

Um minuto pra esse dia acabar.... ufa! Hoje acordei cedo, li umas coisas sobre mim e por um segundo achei que o mundo tinha acabado. Aí olhei pro céu e vi que as nuvens ainda estavam lá. Olhei pra varanda e a piscina do meu prédio ainda estava lá.

Entrei nos quartos dos meninos; tudo intacto. Conferi meu pulso: pulsando. Ótimo; há mundo. Mas há também um cheiro forte aqui nesse quarto... olhei pro chão, vômito da Nala. Putz ela comeu algo que não devia! Liga pro veterinário, pede remédio, sai pra comprar.

Pensei em pensar sobre o que tinha lido mas minha mãe ligou. Filha, já leu? Já. O mundo continua aí? Sim, e aí? Também. Ótimo. Vamos almoçar? Vamos. Limpei mais um vomitozinho básico, entrei no carro; na reserva. Para no posto. Frentista simpático faz um elogio se referindo a algo que li lá cedo pela manhã. Mensagens lindas no meu celular. Pedi notícias das crianças que infelizmente estavam longe de mim. Ok, os dois estão bem. Ótimo.

Telefone tocou, jornalista querendo entrevista sobre o livro. Ótimo. Parei no banco, saquei dinheiro da assistente do lar. Passei no shopping, peguei umas calças que estavam no conserto. Na ida e na volta pessoas abrem sorrisos e me abraçam se referindo também a algo que li agora já há algum tempo.

Abri a internet para conferir um endereço, li um comentário chato. Uma imaturidade esperada. Um apoio surpreendente. Ótimo.

Meu pai ligou: Amor de Pai, vi aqui. Como você tá? Tudo bem Papi, e você? To amando você. Eu também te amo. Ótimo.

Felipe liga. Como você tá? Bem e com saudade. E você? Saudade também, chapa. (Chapa é ótimo). Mensagens lindas no meu celular. Chegamos para o almoço, eu e Mamy. Algumas frases sobre o que lemos por aí, e muitas outras sobre o que precisamos ler mais; o remédio novo para pacientes com HIV, a nova fase da Lava Jato, o acidente de trem nos EUA. A emocionante carta da família do Domingos.

Falamos também do vestido que precisamos para um casamento próximo, das escolas das crianças. Próxima campanha da Caslu, financiamento do apartamento, exame de sangue e onde vai ser o Natal esse ano. Ótimo.

Durante todo o almoço, mensagens lindas no meu celular. Voltei pra casa e esperei a hora de ir pro trabalho deitada com a Nala, que ainda estava meio enjoadinha. Fui pro trabalho e tive algumas conversas. Ótimas. Ótimas. Ótimas. No trabalho fiquei por algumas boas horas, e ali, na minha terapia, no lugar onde eu faço o que sei de melhor, me desliguei. Sim, porque precisava me concentrar. Afinal, tem Esporte Espetacular no domingo. E tem domingo porque tem mundo.

Só desconcentrei do trabalho ainda agora, já aqui em casa, deitada. Olhei pra cima e esbarrei de novo no céu. Adivinha? Tá lá. A piscina? Idem. Os quartos? Também. Eu? Aqui. O mundo? Não acabou... e aliás vai continuar existindo, independentemente da roupa que vestirmos, da cor do nosso cabelo ou da nossa pele.

Mas dependendo do que fizermos, ele pode não só simplesmente existir, e sim ser um lugar melhor para os nossos filhos.

Agora deixa eu ir porque o inglês do Lucas vence amanhã e ainda não paguei, tem roupa do Gabriel pra lavar e a Nala continua passando mal - e essas coisas sim, são capazes acabar com o meu mundo. De resto, boa noite.

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