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Como Tatá, Bruna e Clarice detonaram rótulo absurdo para todas nós na mesma semana?

Publicado 12 Abr 2017 – 01:17 PM EDT | Atualizado 28 Mar 2019 – 12:25 PM EDT
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Bruna Marquezine, Tatá Werneck e Clarice Falcão colocaram em pauta na mesma semana um assunto importante e comum. As três, em espaços diferentes, falaram da relevância, visibilidade e importância que a sociedade e a mídia, ao abordar ou citar as mulheres, dão às relações e envolvimentos afetivos com homens em detrimento das conquistas profissionais e das qualidades individuais.

A atriz Bruna Marquezine foi convidada do talkshow “Lady Night”, apresentado pela atriz e humorista Tatá Werneck e, em determinado momento da atração, as duas levantaram para cantar uma composição exclusiva. A letra foi matadora.

Brincando, as duas cantaram que não importa quantas formações profissionais elas tenham, quantos prêmios já ganharam na carreira ou o quanto já contribuíram socialmente, a pergunta principal, as pautas e as lembranças sempre focam o namoro, o ex-marido ou o affair.

Clarice Falcão, em tom de desabafo, abordou o mesmo assunto em um texto publicado em seu Facebook. Nele, a cantora diz que foi casada, mas que já se separou faz tempo e ainda assim ela sempre continua sendo lembrado como a “ex” de determinada pessoa, como se tudo o que ela construiu enquanto cantora, produtora e atriz fossem secundário e menos valoroso.

“Desde então, eu fiz muitas coisas além de casar. Fiz dois álbuns de estúdio. Fui indicada ao Grammy latino. Rodei o Brasil com duas turnês. Fiz shows lotados. [...] Fiz videoclipes. Fiz longa-metragens. Fiz um especial pra Netflix. [...] Fiz seriados. [...] Mas, pode procurar nos jornais, nas revistas e na internet, esses fatos todos têm um denominador comum: um dia eu casei com um cara. Essa informação parece de extrema relevância para que se noticie sobre qualquer informação relacionada à minha pessoa”, escreveu.

A cantora abordou ainda como essa é uma maneira de representar apenas as mulheres. Com os homens, isto não acontece. Eles são reconhecidos pelo que são e fazem e não por com quem se relacionam. Ao perguntar para uma pessoa quem é Gregório Duvivier, por exemplo, a resposta será que ele é um colunista ou criador de um famoso canal do YouTube. O mesmo acontece com Neymar, reconhecido e famoso pela sua profissão. Clarice, muitas vezes, até quando o assunto é sobre sua carreira, é citada como a “ex do Gregório”. O mesmo acontece com Bruna, sempre citada como “namorada do Neymar”.

“Por outro lado, não parece uma informação muito relevante no que diz respeito ao cara. O cara casou, mas isso definitivamente não faz parte do que torna ele 'o cara'. Só se e quando ele quiser. Ele controla a narrativa dele e esse é um direito que ninguém nunca me ofereceu”, completou Clarice.

O assunto da brincadeira de Tatá e Marquezine e o desabafo de Clarice é a representação do comportamento – infelizmente comum e recorrente – de colocar a mulher como um subgrupo que não merece reconhecimento pelas conquistas e qualidades individuais, da necessidade de associá-las sempre a um homem, independente do contexto e abordagem. “Essa informação parece de extrema relevância para que se noticie sobre qualquer informação relacionada à minha pessoa. Um lembrete indispensável. 'Aliás, já que estamos no assunto de pochetes, um dia ela casou com um cara'”, exemplificou Clarice.

O machismo pode ser silencioso

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