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Empresa causa revolta com propaganda e post polêmicos e dá resposta ainda pior

Publicado 16 Dez 2016 – 07:45 PM EST | Atualizado 2 Abr 2018 – 09:32 AM EDT
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Uma polêmica envolvendo a marca de móveis carioca Alezzia está gerando indignação nas redes sociais, e a empresa não parece que está disposta a ceder à pressão dos internautas.

Tudo começou com um comentário preconceituoso publicado por um funcionário da empresa em uma página no Facebook. Alexandre do Nascimento, identificado como funcionário do "setor de Talentos e Negócios" da Alezzia (linha de decoração e móveis domiciliares da metalúrgica Palmetal), escreveu que mulheres são menos capazes profissionalmente do que homens na área de design gráfico.

O comentário foi postado na página “Behance Brasil”, grupo do Facebook que reúne designers do Brasil inteiro, e compartilhado pela usuária Bruna Bones.

Depois da repercussão negativa de seu comentário, internautas descobriram, através de perfil do usuário, que ele era funcionário da Alezzia e visitaram a página da marca.

Publicidade machista

Foi neste momento que se depararam com a campanha publicitária polêmica. Para anunciar seus produtos - cadeiras, cabideiros e outros móveis feitos de aço inox –, eles eram fotografados ao lado de mulheres seminuas, em cenários e situações pouco condizentes com seu uso, como praia.

Usuários começaram a deixar avaliações negativas na página, criticando a objetificação do corpo das mulheres. A resposta da empresa foi arrogante e bastante sarcástica.

Depois de uma intensa discussão nos comentários, a marca ainda lançou um desafio: caso aqueles que estivessem insatisfeitos com o posicionamento da Alezzia conseguissem rebaixar a nota de avaliação da página para 1,1 no Facebook, seria oferecido um vale-compras no valor de R$ 10.000 para Bruna Bones, uma das responsáveis por viralizar a polêmica.

Diante do posicionamento da marca, Bruna divulgou o caso e pediu ajuda de outras pessoas, que também se indignaram com a estratégia e inundaram a página de avaliações negativas. A usuária ainda registrou que, caso o vale fosse realmente fornecido, ele seria doado para ONGs que acolhem e empoderam mulheres.

Depois da repercussão do caso, Alezzia criou uma “campanha” e divulgou em suas redes. O “Desafio Alezzia” propõe que, caso a meta dada a Bruna não seja obtida, o ganhador de metade do valor será a AACD, instituição de acolhimento às crianças deficientes. E ainda acrescenta que, caso a nota seja aumentada, o valor dobra.

O que diz a Alezzia?

Em entrevista ao Vix Brasil, a empresa afirmou que optaram por uma campanha com mulheres seminuas porque deu vontade. “O objetivo foi simplesmente seguir nossa intuição e fazer o que tínhamos vontade”, disse Alexandre do Nascimento.

“Qualquer trabalho que ganha visibilidade recebe críticas e elogios. Até Jesus Cristo foi crucificado”, comentou sobre a repercussão negativa.

Alexandre ainda nega que tenha menosprezado o movimento feminista. “Em nenhum momento atacamos movimento algum. Colocar rótulos é algo que está excluído da nossa publicidade. A marca acredita que todo movimento é valido e que quem tem uma crença verdadeira deve segui-la, mesmo que seja para nos criticar. A expressão é um direito e deve ser respeitado em sua plenitude”, afirmou.

Por fim, ele também acredita que a maneira como a empresa respondeu aos internautas na rede social foi satisfatória.

Objetificação da mulher em propagandas: é preciso entender

É muito comum ver mulheres seminuas sendo fotografadas ou gravadas em peças publicitárias quando não há contexto para isso, com o objetivo de chamar atenção para um produto. Hoje, muitas marcas entendem que não há motivo e que é, inclusive, ofensivo usar o corpo de uma mulher como estratégia para vender um produto e vêm mudando sua postura.

A marca Alezzia, no entanto, aparece na contramão deste movimento de conscientização.

A objetificação do corpo da mulher causa grandes impactos. Ela, além de tirar a humanidade do indivíduo exposto ao colocá-lo como mero item alegórico, ainda é alimento para a manutenção de um padrão de beleza inatingível que contribui diretamente para o constante aumento de casos de transtornos alimentares. Indiretamente, ela ainda faz parte das estruturas do machismo, sistema de opressão que mata muitas mulheres todos os dias.

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