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O Brasil é um país machista: quantos homens concordam com isso? Pesquisa revela

Publicado 3 Nov 2016 – 05:30 PM EDT | Atualizado 27 Mar 2019 – 09:19 AM EDT
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Uma parceria entre a ONU Mulheres, o portal Papo de Homem e o Grupo Boticário resultou em um documentário para diminuir a desigualdade de gênero. Para a execução do projeto, que faz parte do controverso movimento ElesPorElas (HeForShe), as entidades elaboraram uma pesquisa sobre a condição da mulher na sociedade e para estruturar alternativas que podem ser colocadas em prática para que as desigualdades diminuam. Os resultados são bastante significativos.

O Brasil é um país machista?

Dos entrevistados, 81% dos homens concordam que o Brasil é um país machista. Quando a mesma questão foi apresentada às mulheres, o número de concordantes subiu para 95%. O que chama a atenção, no entanto, é que destes mesmos entrevistados, apenas 3% reconheceu ser muito machista.

Entre outros resultados, alguns chamam a atenção:

  • 66,5% deles não falam com os amigos sobre medos e sentimentos;
  • 56,5% gostariam de ter uma relação mais próxima com os amigos, expressando mais afeto;
  • 54% gostariam de ter mais liberdade para explorar hobbies pouco usuais sem serem julgados;
  • 45,5% gostariam de se expressar de modo menos duro ou agressivo, mas não sabem como;
  • 45% gostariam de não se sentir obrigatoriamente responsáveis pelo sustento financeiro da casa.

De acordo com os organizadores do projeto, o que os resultados mostram é que, embora seja em menor escala, o machismo e a ideia de masculinidade construída atualmente prejudica também os homens. Ao reforçar que eles devem ser fortes, provedores e poderosos, cria-se indivíduos agressivos que, ao tentar reforçar sua masculinidade, prejudicam as mulheres. “Quanto mais inseguros se sentem, mais violentos ficam, perpetuando a desigualdade de gêneros”, traz o documento.

O objetivo é mostrar como se formam, se sustentam e de que modo é possível modificar esses comportamentos que resultam na desigualdade de gênero. “O debate público sobre os direitos das mulheres está na ordem do dia. A pesquisa revela como as desigualdades de gênero afetam mulheres e homens no Brasil. As mulheres mostram a convicção de que a igualdade é benéfica para todas as pessoas, ao passo em que elas afirmam serem as pessoas mais afetadas pela violência e pela desigualdade de direitos em relação aos homens. Por sua vez, eles evidenciam como o machismo condiciona as masculinidades, restringindo-lhes a relação com as mulheres e com os próprios homens por meio de comportamentos e atitudes machistas. O estudo traz elementos mais concretos sobre as discussões sobre a igualdade de gênero, para a revisão e a repactuação de papéis de gênero, assim como as transformações necessárias para o fim do machismo”, explicou Nadine Gasman, representante da ONU Mulheres Brasil.

A partir dos resultados obtidos, as instituições apontaram ações que os homens podem assumir para serem agentes de mudança e mecanismos sociais que podem envolvê-los ainda mais nos processos de transformação.

Atitudes que homens devem ter

O documento lista:

  • Não interromper uma mulher enquanto ela estiver falando;
  • Nunca subestimar ou desafiar a capacidade dela;
  • Não usar termos agressivos para confrontá-la;

O que sociedade e instituições podem criar, de acordo com levantamento:

  • Ações educativas independentes;
  • Espaços de acolhimento para discutir masculinidade;
  • Grupos reflexivos para homens autores de agressão;
  • Iniciativas que visem alterações em políticas públicas, como o aumento da licença-paternidade;

“Os homens não precisam se sentir ameaçados. O que está sendo combatido é apenas a masculinidade tóxica, não o masculino como um todo. Assim como o machismo é prejudicial às mulheres e aos próprios homens, a igualdade de gênero é benéfica para todos nós. Por isso acreditamos que há espaço para envolver os homens nesse movimento, sempre respeitando o protagonismo das mulheres”, comentou Guilherme Valadares, fundador do site Papo de Homem.

Assim como qualquer iniciativa que coloque o assunto em discussão, o projeto é válido e traz para o debate os homens, que são afetados pelas desigualdades, mas também são responsáveis por elas e, especialmente, por sua supressão. No entanto, ações como essa não podem tirar o maior foco das mulheres, que ainda são as vítimas da desigualdade que, além de feridas morais, financeiras e psicológicas, são alvos de agressões físicas e assassinatos, vide altíssima taxa de feminicídio no Brasil.

Documentário “Precisamos falar com os homens? Uma jornada pela igualdade de gênero”

O documentário fruto das pesquisas chama “Precisamos falar com os homens? Uma jornada pela igualdade de gênero” e tem estreia prevista para novembro, no Youtube, no canal da ONU Mulheres. Até o lançamento, espie o teaser:

Desigualdade de gênero

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