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"Estou cansada das pessoas inferiorizando as mulheres", diz estrela de Stranger Things

Publicado 10 Ago 2016 – 02:13 PM EDT | Atualizado 14 Mar 2018 – 09:30 AM EDT
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Winona Ryder, atriz que fez sucesso nos anos 1990, voltou ao centro das atenções ao encenar Joyce Byers em  Stranger Things, nova séria da Netflix. Sua personagem, uma mãe que tem um filho desaparecido e sai em uma busca incessante para encontrá-lo, é constantemente tachada de ansiosa e depressiva, características que fazem com que a enquadrem como louca. Em entrevista à revista norte-americana New York Magazine, a atriz traça um paralelo da personagem com sua vida pessoal.

“Eu estou tão cansada das pessoas inferiorizando as mulheres por serem sensíveis ou vulneráveis. É tão bizarro para mim. Eu tenho essas caraterísticas e eu acho que não tem nada de errado com elas”, declarou a atriz em tom de desabafo, reforçando que, mesmo que as mulheres tenham reações mais emotivas, elas não devem ser tratadas como inferiores e, tampouco, tachadas de loucas. “Há um momento em Stranger Things em que alguém diz: 'Ela [a personagem] teve problemas de ansiedade no passado'. Muitas pessoas entenderam isso como 'oh, você sabe, ela é louca'. E eu pensei: 'Ok, espera um segundo, ela está lutando. Tem dois filhos, o pai é ausente, ela trabalha muito'. Quem não seria ansiosa?", questiona a atriz.

A arte imita a vida

Em 1990, durante uma entrevista televisiva, a atriz contou que sofria com depressão e ansiedade. Depois disso, ela nunca mais conseguiu se desvencilhar da imagem de mulher desequilibrada. “Eu lembro que fiz uma entrevista com Diane Sawyer e falei sobre minhas experiências com a ansiedade e com a depressão na época. Eu acho que fazendo isso ficou essa imagem de 'louca'”, contou.

“Há uma percepção de mim que eu sou supersensível e frágil. E eu sou supersensível, mas não acho que isso é uma coisa ruim. Para fazer o que eu faço, eu tenho que permanecer aberta”, comentou a atriz trazendo um debate importante sobre desacreditar as mulheres com argumentos de que são "inconstantes", "sensíveis", "muito emocionais". 

É comum uma mulher, ao se portar de maneira diferente da esperada – calada, sensível e pacífica - logo ser tachada de louca ou descontrolada. As reações não são encaradas como apenas diferentes, mas como anormais, como transtornos.

O resultado disso é que em casos em que há, de fato, transtornos como a ansiedade e depressão - doenças vividas pela atriz e pela personagem – há um desmerecimento como se essas emoções fossem naturais do “mundo feminino” e, portanto, menos importantes ou “frescuras”. “Eu percebi recentemente que é literalmente impossível mudar essa percepção”, complementa a atriz.

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