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Chefe ambiental dos EUA diz que CO2 não é o grande culpado por mudanças climáticas

Publicado 14 Mar 2017 – 09:42 AM EDT | Atualizado 2 Abr 2018 – 09:32 AM EDT
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“Não, eu não concordo que seja a principal causa do aquecimento global como o vemos”, disse o novo chefe ambiental dos Estados Unidos, Scott Pruitt, quando questionado se o dióxido de carbono (CO2) seria o principal motivo do aquecimento do planeta.

Sua declaração vai contra o consenso da comunidade científica, que sustenta não só que o CO2 é a grande causa, como aponta para a criação de novas diretrizes políticas para diminuir a emissão humana do gás carbônico.

Por causa disso, Pruitt foi chamado de “denier” (negador), ou seja, julgado por se posicionar contra as evidências científicas da existência do aquecimento global. “A máscara caiu. Após manter suas visões obscuras durante as audições do Senado, Scott Pruitt se revelou um puro “denier” do clima”, acusou o diretor do Conselho de Defesa dos Recursos Naturais dos EUA, David Doniger.

“Denier” é um termo considerado grave pelos cientistas, principalmente porque pode levar à condenação do planeta, já que o aquecimento é irreversível. 

CO2 e o aquecimento global

O CO2 é conhecido como o “grande vilão” do clima na Terra porque sua emissão fica residente na atmosfera entre 50 e 200 anos, mais tempo que os outros gases de efeito-estufa, como metano (CH4), que fica por 12 anos, e óxido nitroso (N2O), que fica por 114.

As emissões do dióxido de carbono provêm da queima de combustíveis de automóveis e a dependência de uma das fontes de energia mais utilizadas no planeta: usinas de carvão. No caso do Brasil, as queimadas e desmatamentos também contribuem para a emissão do CO2.

Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças do Clima (IPCC), da ONU, o CO2 é o gás de maior emissão pelos humanos, chegando a 78% de acúmulo na atmosfera. Mas, quando se fala em aquecimento global, outra preocupação é o metano. Abundante em aterros sanitários, lixões, cultivo de arroz e reservatórios de hidrelétricas, ele é produzido pela decomposição de matéria orgânica.

O metano também é emitido pela alta taxa de arrotos e flatulência de gado. Pode parecer engraçado, mas só a pecuária representa 16% das emissões mundiais do efeito-estufa, um dado preocupante, principalmente com o crescimento populacional vertiginoso com o passar dos anos.

Divergências sobre aquecimento do planeta

Há especialistas, porém, que não acreditam que a emissão de CO2 à atmosfera seja por culpa da ação humana. Alguns fenômenos naturais, como o aquecimento dos oceanos, que aumentaram no século XX, podem ser mais determinantes do que o consumo de combustíveis, por exemplo.

“A solubilidade do CO2 nos oceanos varia inversamente a sua temperatura. Ou seja, oceanos aquecidos absorvem menos CO2 que oceanos frios”, argumentou Luiz Carlos Molion, do Instituto de Ciências Atmosféricas da Universidade Federal de Alagoas. “É possível que a concentração de CO2 atmosférico tenha aumentado devido à redução de absorção ou ao aumento de emissão pelos oceanos”. Esse fenômeno é mais grave que a emissão humana, segundo Molion, mas tende a se reverter com o passar dos anos.

Em 2007, o importante geógrafo brasileiro Aziz Nacib Ab'Sáber, que morreu em 2012, criticava o fato de os cientistas acharem que o planeta irá ficar cada vez mais quente com o aquecimento. “Esse raciocínio é muito simplista. Não temos como avaliar quanto ele irá se elevar daqui a 100 ou 200 anos”, disse à revista National Geographic na época. Entretanto, ele não nega o aquecimento global. “É fundamental um bom planejamento para evitar maiores consequências”, diagnosticou.

Um estudo publicado na revista científica Nature constatou que, por mais que o aquecimento seja amplamente discutido, ainda não se tem um diagnóstico exato do impacto da mudança do clima. “Os estudos ainda precisa explicar por que ou como as mudanças de temperatura influenciam as atitudes do aquecimento global”, afirmaram os especialistas, da Universidade de Columbia. “Uma melhor compreensão da psicologia desse efeito pode ajudar a explicar a reação do público às mudanças climáticas”.

Isso ajuda a entender a retórica por trás da negação do aquecimento global, já que a maioria das pessoas e dos líderes mundiais se baseia nas informações menos relevantes (como a temperatura atual, por exemplo) para justificar ou negar o fenômeno, segundo os cientistas de Columbia.

Constatações do aquecimento global

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