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Quem foi Adolf Hitler antes de se tornar um ditador e o que o fez ser tão cruel

Publicado 15 Fev 2017 – 06:00 AM EST | Atualizado 20 Mar 2018 – 12:57 PM EDT
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Antes de se tornar o líder nazista responsável pela morte de milhões de pessoas na 2ª Guerra Mundial, Adolf Hitler passou por frustrações e períodos difíceis na adolescência e aos 34 anos, foi diagnosticado com mal de Parkinson avançado, doença neurodegenerativa que pode refletir em comportamentos violentos por conta do estresse físico.

O pouco que se sabe sobre os primeiros anos de Adolf Hitler não justifica as atrocidades que o líder nazista viria a cometer na Alemanha nas décadas seguintes, mas ajuda a entender a origem de seus traços autoritários e sua megalomania em querer dominar o mundo.

Infância de Hitler

Hitler nasceu no pequeno município de Braunau am Inn, na Áustria, em abril de 1889. Sua família se mudou para Linz (também na Áustria), em 1903, que ficava a 50km de sua cidade natal.

O pai dele, Alois Schicklgruber Hitler, começou a trabalhar como ajudante de sapateiro, mas conseguiu um emprego como funcionário público de inspetor alfandegário.

Isso permitiu que Alois tivesse uma renda razoável e se aposentasse aos 56 anos, garantindo o sustento da esposa, Frau Hitler, e os quatro filhos, incluindo Adolf.

Por ter vindo de uma família pobre, era natural que Alois quisesse garantir que os filhos fossem funcionários públicos. Em 1900, matriculou o pequeno Hitler numa escola com ênfase em estudos mais técnicos. Mas quando ele teve que ir para a escola secundária, passou por algumas dificuldades: suas notas eram ruins, não tinha amigos e “era incapaz de se adequar à disciplina da escola”, de acordo com uma carta de 1932 de seu professor naquela época, Eduard Huemer.

O biógrafo de Hitler, Ian Kershaw, deu detalhes dessa fase no livro “Hitler”, publicado em 2008: “Com seus colegas de classe, era dominador e figura de proa nas travessuras imaturas e a uma tendência a desperdiçar tempo, piorada pela viagem diária que fazia para ir à escola”.

A casa de Hitler ficava entre 5 e 10km de distância da cidade onde estudava. Mas não era o trajeto o maior problema com a escola; era o fato de estar sendo direcionado a um ensino propício ao funcionalismo que irritava o pré-adolescente.

“Eu bocejava e passava mal do estômago só de pensar em ficar sentado num escritório, privado de minha liberdade, deixando de ser senhor de meu tempo”, declarou anos mais tarde em sua autobiografia, “Mein Kampf”.

A ida para a escola marcou “importante fase na formação de seu caráter”, segundo Kershaw. “O menino alegre e brincalhão da escola primária transformou-se num adolescente preguiçoso, ressentido, rebelde, emburrado, teimoso e sem propósito”.

Ser funcionário público, nem pensar! O jovem garoto tinha um sonho: tornar-se um pintor renomado na capital austríaca de Viena e contemplar a música de Wagner em grandes teatros.

Adolescência de Hitler

Alois Hitler morreu em 3 de janeiro de 1903 após um colapso nervoso. A mãe do jovem garoto ainda tentou persuadi-lo a cumprir os desejos do pai, mas queria evitar o confronto.

Por mais que tivesse uma renda pela prestação do serviço público de Alois, a família Hitler não dispunha de muito dinheiro. Ela achou apropriado sair da grande casa para um pequeno apartamento na região afastada de Linz.

Sem a pressão de ser funcionário público, Hitler passava os dias desenhando, pintando, lendo, escrevendo poesia. “O tempo inteiro ele sonhava acordado e fantasiava sobre seu futuro de grande artista”, conta Kershaw.

“O estilo de vida indolente, a grandiosidade de sua fantasia e a falta de disciplina para o trabalho sistemático podem ser observados nesses dois anos”, diz, referindo-se ao período entre 1905 e 1907.

Em sua autobiografia, Hitler descreveu o biênio como “os dias mais felizes, que pareciam para mim quase um lindo sonho”.

Vida adulta de Hitler: mal de Parkinson

Após algumas tentativas, ele foi recusado na Academia de Belas Artes de Viena, passagem que alguns consideram importante em sua trajetória, já que após mudar para Munique, na Alemanha, em 1913, ele fez o possível para esquecer o passado no país onde nasceu.

Cinquenta anos depois da morte de Hitler, em 1995, o pesquisador Abraham Lieberman, da Fundação Nacional de Parkinson dos Estados Unidos, publicou um estudo revelando que Hitler passou a sofrer de sintomas de Parkinson em 1923, aos 34 anos – dez anos antes de se tornar chanceler da Alemanha pelo partido nazista e dar os primeiros passos para se tornar o ditador cruel da Europa.

Lieberman analisou vídeos, filmes e documentos nazistas sobre a vida de Hitler. Revelou que o ditador tinha tremores no braço e na perna esquerdos e na cabeça. “Mais tarde, em 1944, a parte superior de seu corpo tendia a se inclinar pra frente… Ao se levantar, ele era forçado a segurar seu parceiro durante uma conversa para se apoiar”, disse o especialista em neurologia P.J. Stolk.

Isso já era prova de que o Parkinson de Hitler era grave.

Alguns pacientes que não tratam do Parkinson – como era o caso do ditador, que não queria que ninguém soubesse de sua doença – podem exibir “flutuações dramáticas em resposta ao estresse físico e psíquico da doença”, segundo Lieberman. Como consequência, atitudes violentas e ataques de raiva são comuns.

Outros problemas de saúde de Hitler

Além de Parkinson, Hitler também sofria problemas cardíacos e insônia aguda, era hipocondríaco e costumava ter acessos de raiva. Alguns relatos falam de outros problemas relacionados ao pulmão quando era mais jovem.

“Naturalmente, sei do problema de estômago que atormentou Hitler mais tarde, em grande parte como resultado da má alimentação durante o período que viveu em Viena”, disse posteriormente Eduard Bloch, médico da família de Hitler durante sua adolescência. “Não entendo as referências ao problema de pulmão. Certamente ele não tinha as bochechas rosadas e a boa saúde da maioria dos outros jovens. Mas, ao mesmo tempo, não estava doente”.

Não há muitas informações sobre os laudos médicos de Hitler, porque o partido nazista proibia qualquer divulgação da saúde dele para a imprensa.

Apesar de todos os problemas, que indiretamente podem ter influenciado em seu comportamento violento, a maioria dos especialistas que investigaram a fundo a vida de Hitler descarta a ideia de que ele fosse considerado louco por laudos médicos.

“Suas fobias, a hipocondria e as reações histéricas eram provavelmente indicadores de alguma forma de distúrbio de personalidade ou anormalidade psiquiátrica”, escreveu Kershaw. “Um elemento de paranoia estava subjacente a toda sua ‘carreira’ política e se tornou ainda mais evidente perto do fim. Mas Hitler não sofria de nenhum dos principais distúrbios psicóticos. Com certeza, não era clinicamente insano”.

Hitler, um dos piores ditadores do mundo

Durante a 1ª Guerra Mundial (1914-1918), Hitler batalhou no Regimento de Infantaria de Reserva da Baviera a favor da Alemanha. Em 1919, ele se tornou membro do Partido dos Trabalhadores Alemães, que se tornou a base do partido nazista.

Em 1923, foi preso por participar de um golpe político. Nesse período ele escreveu sua autobiografia, “Mein Kampf”, e começou a dar os primeiros passos para se tornar o líder do partido – algo que conseguiu em 1926.

Em 1933, Hitler foi nomeado chanceler pelo então presidente Paul von Hindenburg, até conseguir apoio para tomar o poder e tornar-se líder da nação no ano seguinte, ordenando imediatamente o aumento nos gastos militares e na propaganda. Por volta de 1936, seu índice de aprovação na Alemanha era mais de 90%, por suas ideias nacionalistas e sua pretensão de expandir o território alemão.

Depois disso, houve uma sucessão de investidas de Hitler para tornar a Alemanha mais poderosa: ele ordenou o linchamento em massa de judeus (pogroms), em busca da supremacia da raça ariana. O extermínio foi se agravando, com a criação de câmaras de gás e expulsão violenta de judeus nos países em que invadiu durante a 2ª Guerra Mundial (1939-1945), como Áustria, Polônia e França.

Estima-se que mais de 40 milhões de pessoas tenham morrido durante a 2ª guerra, sendo a maioria deles civis. O holocausto aos judeus, estimulado por Hitler, matou mais de 6 milhões de pessoas, deixando milhares de desabrigados e fugitivos.

Após uma investida fracassada na União Soviética – e o apoio dos Estados Unidos ao Reino Unido para atacar a Alemanha – Hitler perdeu as forças militares. Segundo Kershaw, o ditador deu um tiro na cabeça em 30 de abril de 1945, quando percebeu que o local em que se escondia (o bunker) tinha sido invadido pelos russos.

Desde então, o corpo daquele que é considerado um dos piores ditadores do mundo jamais foi encontrado.

Hitler: mistérios e coincidências

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