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Leonardo Vieira é gay: e por que ele deveria sair por aí contando isso a todo mundo?

Publicado 10 Jan 2017 – 07:30 PM EST | Atualizado 20 Mar 2018 – 12:57 PM EDT
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“Sempre achei 'assumir' um termo pesado demais. Assume-se um crime, um delito, um erro e uma falta grave. Será que estou errado em ser quem sou? Será que tenho alguma culpa para assumir? Esse termo 'assumir' me perseguiu como se eu tivesse cometido algum crime e que eu teria que fazer o 'mea culpa' e ser condenado”, desabafou o ator Leonardo Vieira depois de prestar queixa contra homofobia no Rio de Janeiro.

A seguir, entenda exatamente o que aconteceu.

Leonardo Vieira: "Será que eu estou errado em ser quem sou?"

Um fotógrafo flagrou Vieira beijando um homem em uma festa privada, na qual comemorava seu aniversário de 48 anos, e divulgou as imagens para o público no dia seguinte. Desde então, o ator começou a receber ataques homofóbicos nas redes sociais. 

Foi por isso que Viera decidiu procurar a Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática, no Rio de Janeiro, e prestar queixa  contra os ataques homofóbicos.

O ator disse que nunca escondeu sua homossexualidade. “Eu nunca disse que não era, só não saí por aí com uma bandeira hasteada”, explicou depois de ser atacado por diversos fãs, que alegaram se sentirem traídos por ele. “Eu não traí a confiança de ninguém, sempre fui o que sou.", disse ele em manifesto feito em carta divulgada pela sua assessoria de imprensa.

Inclusive, essa não foi a primeira vez que o ator sofreu represália por ser gay. Apesar de não declarar em público, sua família, seus amigos e os colegas do ambiente de trabalho sabiam. E as dificuldades vieram mesmo assim. Vieira revela que sofreu preconceito e que deixou de ser convidado para trabalhos.

Homofobia: é crime?

Homofobia ainda não é considerada crime no Brasil, apesar de se encaixar dentro da descrição de discriminação. Mas, os ataques podem ser denunciados, como fez o ator.

Mas, afinal, por que as pessoas tratam isso com tanta indignação?


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Foi na novela “Renascer”, de 1993, que a carreira de Leonardo Vieira deslanchou. Em poucos capítulos, ele já era um galã famoso, e já tinha ganhado os apelidos de “namoradinho do Brasil”. Mulheres do país todo eram apaixonadas por ele, considerado um símbolo sexual da época. Isso fez com que o ator se reprimisse sobre sua orientação sexual publicamente.

“Convivi com uma dúvida pessoal que me tirou a paz por um tempo. Como eu poderia ser um símbolo sexual para tantas meninas e mulheres quando a minha sexualidade na 'vida real' apontava em outra direção? Como lidar com isso? O que fazer? Declaro minha sexualidade?”, conta o ator sobre esse momento da sua vida.

Ele tinha medo. Medo de expor sua vida íntima, ser julgado em um mundo ainda cheio de preconceitos e intolerância, e ver a credibilidade do seu trabalho indo por água abaixo. Mas ainda assim, não deixou de ser ele mesmo. Contou para a família, que levou um tempo para aceitar, frequentou lugares gays, teve namorados e leva uma vida normal.

“Nunca escondi minha sexualidade, quem me conhece sabe disso. Não estou 'saindo do armário', porque nunca estive dentro de um. Também nunca fui um enrustido”, fala Vieria, indignado por não entender o motivo das pessoas se preocuparem com a vida dos outros, com a “sexualidade alheia”, e serem violentas por causa disso. Afinal, por que ser gay ainda causa tanta indignação? 

O preconceito contra a homossexualidade tem origens antigas e profundas. Ela já foi considerada até doença. Isso sem contar como a homossexualidade foi relacionada com o boom da epidemia de Aids no país. Acreditava-se que o vírus era originados e transmitidos apenas pelos gays, outro mito derrubado pela medicina.

Hoje, a Confederação Federal de Psicologia entende a opção como normal, e desde os anos 90, a Organização Mundial da Saúde (OMS) retirou a homossexualidade do cadastro de doenças. 

Vieira não guarda rancor da mídia ter publicado o fato. Na verdade, ele até agradece e diz que agora se sente mais aliviado e enxerga o momento como uma ótima oportunidade para ajudar pessoas que passam pela mesma situação. “Mais tolerância, respeito e amor entre todos os povos, crenças, religiões, cores, classes sociais, ideologias e orientações sexuais”, pede ele.

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