null: nullpx
racismo-Mulher

Gagliasso denuncia racismo contra filha. O que acontece com quem comete esse crime?

Publicado 16 Nov 2016 – 03:45 PM EST | Atualizado 2 Abr 2018 – 09:32 AM EDT
Compartilhar

*matéria publicada em: 16/11/2016

Na manhã desta quarta-feira, 16, o ator Bruno Gagliasso e a modelo Giovanna Ewbank prestaram queixa na Delegacia de Repressão a Crimes de Informática do Rio de Janeiro, contra os ataques racistas feitos à Titi, a filha de 3 anos do casal, por meio de comentários em uma foto postada no Instagram.

A imagem recebeu comentários do tipo: “Você e seu marido até que combinam, mas a criança que vocês adotaram não combinou muito, porque ela é pretinha e lugar de preto é na África”, como reportado pelo site de notícias Ego, do portal da Globo.

O ator chegou ao local às 10h20 e conversou com a imprensa ao sair. "Preconceito é crime e eu vim aqui para falar disso, falar o que aconteceu, e falei a verdade. Agora a polícia vai atrás. Racismo se combate com amor e justiça. É por isso que estou aqui, para ir atrás de quem fez. Tenho 100% de certeza de que a polícia vai achar (quem fez as ofensas), vão ter que pagar pelo que fizeram", afirmou.

Racismo na infância

Durante o programa Domingão do Faustão, no domingo (13 de novembro) , Gagliasso comentou o ocorrido e deu uma declaração de arrancar palmas: “Minha filha tem algo que esses caras não têm: amor. Em relação ao preconceito, a gente tem que ser intolerante. Eu fiz o que tinha que fazer. Agora cabe à polícia”.

Giovanna também se manifestou em seu Instagram pessoal: “Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, elas podem ser ensinadas a amar”, disse ela citando uma frase do ativista Nelson Mandela. Veja abaixo:

Titi é africana e foi adotada pelo casal em julho de 2016. Os atores conheceram se apaixonaram pela menina depois de fazer diversas reportagens para o programa da TV Globo, na África, há mais de um ano. O processo de adoção levou cerca de um ano e dois meses.

O caso também é grave porque crianças que sofrem preconceito podem se tornar adultos doentes, de acordo com estudo da Universidade de Northwestern, nos Estados Unidos. Os ataques têm influência nos hormônios e podem gerar consequências graves para a saúde, como depressão e doenças cardiovasculares, por exemplo.

Racismo com famosos

Outros artistas já tiveram que lidar com o mesmo problema.  A jornalista Maju Coutinho, a cantora Preta Gil e as atrizes Cris Vianna e Taís Araújo também já sofreram com o racismo nas redes sociais e denunciaram os ataques para a polícia.

Diversas outras mulheres comuns também já foram alvos de racismo na internet e também denunciaram os casos, que ainda estão em andamento na justiça.

Racismo na internet

Ao que parece, as pessoas têm a sensação de que podem falar o que quiserem em suas redes sociais, principalmente por causa do anonimato (em caso de perfis falsos), e porque é fácil excluir perfil e apagar comentários da internet. 

Mas nem esse mecanismo, e nem a liberdade de expressão exime pessoas que manifestem preconceitos de raça, cor e religião.

Quando um comentário que critica alguém ofende e causa dano, o ato passa a ser criminos e totalmente passível de punição judicial.

"É aquele velho ditado: sua opinião é respeitada até o ponto que ela não vira discriminação", explica o advogado Hugo Antonio Vieira, advogado graduado pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP).

A delegada Daniela Terra, responsável pelo caso da Titi, filha do ator Bruno Gagliasso, revelou ter dois perfis que precisam ser identificados na acusação."Infelizmente há um mal uso da internet, das redes sociais, e os hackers que disseminam o ódio na internet, mas nós vamos identificar apagando ou não os seus perfis", afirmou ela.

O que acontece com quem age de maneira racista no Brasil?

Os suspeitos dos crimes respondem processo judicial de acordo com a Lei 7.716/1989, que define o racismo como crime inafiançável.

Os crimes raciais se dividem em dois: a injúria, que acontece quando é direcionada a um indivíduo apenas, com o intuito de ofender; e o racismo, que é quando atinge a coletividade e não uma pessoa em específico, explica Vieira.

"Vamos identificar apagando ou não os perfis", afirmou Daniela. Segundo ela, os criminosos vão responder por preconceito, pela injúria qualificada e pelo crime de racismo. A pena é de reclusão de 1 a 4 anos.

Como denunciar?

As denúncias podem ser feitas pela opção 7 do número de telefone 156 ou pessoalmente em uma delegacia.

Contra o preconceito

Compartilhar
RELACIONADO:racismo-Mulhercpf-Mulher

Mais conteúdo de interesse