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Hillary ou Trump? Como o resultado das eleições nos EUA pode interferir na sua vida

Publicado 27 Set 2016 – 07:59 PM EDT | Atualizado 13 Mar 2018 – 04:42 PM EDT
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Enquanto o Brasil ainda assimila a incerteza política após o processo de impeachment, a disputada da presidência dos Estados Unidos está dando o que falar. 

Na segunda-feira, 26 de setembro, o primeiro debate televisivo entre Hillary Clinton e Donald Trump reforçou o que muitos já esperavam: enquanto o republicano insistia em tom exaltado que representava a mudança política necessária ao país, Hillary, de acordo com o jornal New York Times, pontuou melhor em temas como raça, gênero e segurança nacional.

Donald Trump e o Brasil

Quando se trata do Brasil e da América Latina, das poucas vezes em que falou publicamente sobre o assunto, Trump elencou o país na mesma lista de diversos outros que ‘tiram vantagem’ dos EUA.

“Olhe só nossos acordos comerciais com a China, nossa fronteira com o México. Um exemplo: nossos negócios com o Japão; eles nos dão milhões de carros. A gente não recebe nada em troca. O Brasil. Não tem um país no mundo que não tira vantagem da gente”, disse o republicano em junho deste ano.

Esse discurso de Trump, somado à proposta de construir um muro e deportar 11 milhões de imigrantes ilegais no país é, na opinião de Michael Shifter, presidente da ONG Diálogo Interamericano, “uma mensagem para toda a América”. “Existe uma grande preocupação de que esse senhor possa chegar à Casa Branca e adotar medidas bastante contrárias à região”, afirmou ao jornal espanhol El País.

Rejeição de Trump na América Latina

Declarações como essa justificam a alta rejeição de Trump por países da América Latina. Dados da consultoria Ipsos Public Affairs, realizado com 400 lideranças da região, em 15 países, mostrou, em julho deste ano, que 88% dos consultados preferem Hillary Clinton no poder.

Brasil e Colômbia são os países mais ‘tolerantes’ a Trump, embora apresentem índices muito baixos de aprovação: apenas 4% votaria no republicano. (Em países como Bolívia, Argentina, México e Equador, 0% votaria nele.)

Os imigrantes representam 16% da população nos Estados Unidos, com mais de 50 milhões de habitantes. (Segundo o Planalto, cerca de 730 mil brasileiros estão em situação irregular nos EUA.) Mesmo ignorando essa parcela, Trump ainda tem grandes chances de vencer: uma pesquisa realizada pela Bloomberg antes do debate presidencial simulou vitória de Trump por 43%, contra 41% de Hillary.

Hillary Clinton e o Brasil

Harold Trinkunas, diretor de América Latina da Brookings Institution, centro de pesquisa de Washington, afirmou à BBC que os democratas tendem a ser mais abertos à política internacional. "Essa seria uma diferença importante para o Brasil em termos de um presidente democrata ou republicano", disse.

Não se pode negar que, pelo menos em matéria de diplomacia, Hillary está bem mais próxima aos problemas que afetam o Brasil que o seu rival. Em 2010, quando era secretária de Estado de Barack Obama, classificou o país como ‘exemplo bem-sucedido’ para nações como a Venezuela. No ano seguinte, celebrou a relação do país com os EUA, enfatizando o “exemplo do poder da democracia para ampliar as oportunidades” no Brasil.

Mas, quando se trata de se posicionar sobre relações internacionais, Hillary se mantém cautelosa. No início de setembro, quando foi convidada pelo presidente Enrique Peña Neto a uma visita ao México, Hillary preferiu recusar o convite – enquanto Trump causou um grande mal-estar no país, que o recebeu com diversas manifestações acusando-o de ‘xenófobo’.

Será que vamos sentir os efeitos do resultado da disputa? 

Além da disputa de votos internos nos EUA, especialistas acreditam que, mais do que nunca, a América Latina tem conquistado mais espaço na importância das eleições americanas.

O ex-embaixador da Venezuela, Patrick Duddy, lembrou que 42% de todas as exportações americanas são destinadas à região. Em entrevista à Folha, porém, Duddy acrescentou que as coisas não devem mudar muito por aqui. “O Brasil continuará como o maior e mais influente país da América do Sul, quaisquer que sejam as mudanças de governo regionais”.

O professor de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UNB) Antonio Jorge Ramalho da Rocha também acredita que pouca coisa deve mudar se Hillary ou Trump vencer. “É possível que aumente a pressão para abrir o mercado brasileiro em algumas áreas”, disse Rocha à revista Veja. “Mas serão pressões setoriais, facilmente administráveis pelas burocracias, que se conhecem e se respeitam. O que mais interessa aos americanos é realmente a estabilidade econômica e política”.

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