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Cyberbullying é a causa do suicídio de Italiana que teve vídeo de sexo viralizado

Publicado 20 Set 2016 – 08:14 PM EDT | Atualizado 20 Mar 2018 – 12:57 PM EDT
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A italiana Tiziana Cantone, de Nápoles, se suicidou depois de ter um vídeo íntimo divulgado por seu ex-namorado. O material virou motivo de piada após ser compartilhado nas redes sociais e, por causa da divulgação na internet, muitos usuários passaram a fazer memes (montagens engraçadas) e referências a uma das frases que Tiziana falou enquanto praticava sexo com um homem: “Mi stai facendo il video? Bravo”, que significa “Está fazendo um vídeo? Ótimo!”.

A gravação teria sido feita para que Tiziana enviasse a um ex-namorado. Mas ela também teria enviado a outros três homens que, segundo a BBC, foram os responsáveis por vazar as imagens para web. 

Vítima de cyberbullying (quando alguém sofre ataques virtuais violentos), Tiziana tentou tirar o vídeo da internet, mas não conseguiu. Ainda segundo a BBC, mais de 1 milhão de pessoas viram o material. 

Ela saiu do emprego, por estar psicologicamente abalada e se mudou para a região de Toscana. Depois de duas tentativas de suicídio, se matou no dia 13 de setembro, na casa de sua tia.

O caso chocou a Itália e o mundo inteiro e serve de lição para entendermos: até onde vão os limites de julgamento na internet e como isso pode abalar a vida de uma pessoa? Conversamos com a psicóloga Ana Café para entender os impactos do cyberbullying.

Vídeo de sexo vaza na internet: entenda impactos

O vídeo teria caído na internet em abril de 2015, de acordo com a imprensa italiana. O material foi compartilhado em grupos do WhatsApp e se tornou um “fenômeno” – tanto que marcas de roupa e de outros setores usavam a frase de Tiziana, “Bravo!”, como uma forma de divulgação.

Os procuradores de Nápoles afirmaram que abrirão investigação para a hipótese de crime de instigação de suicídio por parte dos quatro homens envolvidos. Agências de notícias, por outro lado, contam que a própria mulher enviou o conteúdo a um grupo de amigos, que espalharam o vídeo por sites de pornografia e que os responsáveis responderiam por difamação.

Seja qual for a linha de investigação que este caso irá tomar, o fato é que a exposição de Tiziana a abalou emocionalmente. 

Esta não é a primeira mulher que se suicida depois de ter imagens íntimas, fazendo sexo ou de seu próprio corpo, divulgadas na internet. Uma adolescente de 16 anos se matou, em 2013, no Rio Grande Sul, depois de seu ex-namorado ter espalhado fotos dela seminua na web. As informações são do Zero Hora.

Vingança na internet

Para a psicóloga Ana Café, a situação de ter um vídeo ou foto íntima divulgada na internet tem um impacto “muito intenso, porque a pessoa fica extremamente exposta para outras que não conhece”.

“Quando alguém passa por uma exposição entre amigos e familiares já é ruim, imagine dentro de uma rede social? A pessoa tem a vida invadida e, para alguém emocionalmente mais vulnerável, pode levar a problemas psicológicos graves, como a depressão e, em situações extremas, até ao suicídio, como no caso dela”, analisa.

Além de ter de lidar com a repercussão da divulgação do vídeo, Tiziana também sofreu com o julgamento de sua conduta sexual por parte dos usuários das redes sociais. Isto porque a exposição de sua vida íntima se tornou motivo de piadas e comentários negativos e irônicos.

“A internet não tem nenhum código de ética e, por isso, permite que as pessoas não tenham limite nenhum. O que ela sofreu configura cyberbullying que, no Brasil, seria considerado crime de internet”, pondera. 

A psicóloga comenta ainda que o comportamento de brincar com a situação da vítima, que já perdeu a privacidade, demonstra falta de caridade e de respeito com o próximo. “Falta se colocar no lugar do outro. Ninguém está livre de passar por uma situação dessa e ter as imagens divulgadas de forma inadequada”. 

Exposição de mulheres 

Ana considera que, em relacionamentos amorosos, a mulher acaba “confiando mais no parceiro” e, quando se deixa filmar ou fotografar em situações íntimas, “permite essa invasão, mas sem esperar revanchismo”. 

Dentre os casos de maior repercussão, a maioria das vítimas são mulheres. Não há  casos conhecidos da situação inversa, em que uma mulher divulga fotos íntimas de um homem por vingança. Apesar disso, a psicóloga avalia que o julgamento na internet neste caso seria o mesmo. E dá o alerta a homens e mulheres em relação à privacidade.

“Meninas e meninos devem preservar seu próprio corpo e entenderem que uma relação íntima é, justamente, íntima. Estamos perdendo cada vez mais nossa privacidade”.

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