Operação Lava Jato: para onde vai o dinheiro recuperado?
A Operação Lava Jato, conduzida pelo MPF (Ministério Público Federal), é a maior investigação de corrupção e lavagem de dinhero do Brasil. Os responsáveis pelo desvio de verba da Petrobras, sejam políticos ou grandes empresas, são os alvos da investigação.
Graças à operação, 45 acusações foram feitas contra 226 pessoas, pelos crimes de corrupção contra o sistema financeiro internacional, tráfico transnacional de drogas, formação de organização criminosa, lavagem de dinheiro, entre outros.
Cerca de R$ 2,9 bilhões dos aproximados R$ 6,4 bilhões comprovadamente roubados para pagar propinas já foram recuperados, segundo informações do MPF.
Mas, afinal, onde é que o dinheiro recuperado foi parar?
O dinheiro da Petrobras foi devolvido?
Segundo o MPF, se todos os crimes forem comprovados, o dinheiro roubado da estatal pode passar a casa dos R$ 40 bilhões.
À medida que a Operação Lava Jato recupera o dinheiro roubado, o valor é depositado em uma conta judicial e depois devolvidos para a Petrobras. Por enquanto, apenas R$ 309 milhões foram devolvidos à estatal (veja gráfico abaixo).
As acusações realizadas tanto contra pessoas físicas como contra as empreiteiras envolvidas (não só em forma de propina) pedem o pagamento de multas, além da devolução do valor roubado.
O Ministério Público Federal também quer que parte desse dinheiro seja destinada aos órgãos envolvidos na operação, para reaver os recursos usados na investigação e fortalecer sua atuação.
Entenda o esquema de corrupção
A Petrobras precisa contratar empresas para realização de projetos e construção, por exemplo. Para isso, a estatal abre uma licitação e várias empresas concorrem entre si, almejando conquistar o contrato de prestação de serviço. Para vencer a disputa, as empresas têm que oferecer os preços mais baratos — entre outros fatores.
No esquema da Lava Jato, grandes empresas como a Odebrecht e a Engevix, por exemplo, se organizaram em cartel para fixar os preços oferecidos, o que impossibilita a livre concorrência. Em reuniões secretas, eles definiam valores e quem ia ganhar a licitação.
Para que isso acontecesse, pagavam-se propinas para altos executivos da Petrobras e outros agentes públicos para garantir que as empresas do cartel fossem as escolhidas para o processo, que variava em cerca de 1% a 5% do valor dos contratos bilionários.
Os acordos possuíam até regulamentos, como se fossem campeonatos de futebol. A distribuição das obras era feita como se fosse uma distribuição de prêmios.
O pagamento desse dinheiro era realizado por doleiros, operadores de câmbio clandestinos, que atuam com a compra e venda de dólares e contratos de importações ilegais, por exemplo. Eles realizavam movimentações fora do Brasil (em cerca de 30 países).
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