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Usar roupa preta em sinal de luto era exclusividade de ricos; entenda como mudou

Publicado 1 Mar 2017 – 10:00 AM EST | Atualizado 2 Abr 2018 – 09:32 AM EDT
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Por volta do século XVI, a aristocracia europeia costumava usar o preto para manifestar um tipo de sentimento: o pesar.

Foram criados protocolos rígidos sobre como usar o preto em velórios naquela época.

Além de ser visto como uma espécie de respeito com a pessoa que faleceu, o preto era uma forma clara de dizer que a aristocracia estava num período de procissão funeral, em respeito aos mortos.

Quanto mais rica era a pessoa que usava o preto, mais cheia de ornamentos era a sua roupa – uma forma de diferenciar os aristocratas, por exemplo, dos mais pobres, que demoraram a cultivar esse ‘hábito’ porque esse tipo de roupa e de costura era mais caro.

Acontece que, de acordo com historiadores de moda, o preto era exclusividade dos ricos e só passou a ser usado pelas classes sociais inferiores por volta do século XVIII.

Luto dos mais ricos

Comerciantes e novos empresários, que passaram a ser os ‘novos ricos’, copiaram o hábito dos aristocratas, mas tiveram que pagar multas aos mais ricos por violar ‘leis suntuárias’, que regulam hábito de consumo, para restriginr a extravagância dos mais pobres. É como se o luxo dos aristocratas fosse patenteado.

Mas, quando se trata da popularização do preto enquanto ‘luto’, nenhum século foi tão importante quanto o XIX.

A Revolução Industrial impulsionou a indústria têxtil – dessa forma, roupas pretas mais baratas passaram a ser produzidas em larga escala. Assim, as classes mais baixas tinham acesso a uma roupa de luto própria.

O preto na era vitoriana

No meio daquele século, a Rainha Vitória, também conhecida por suas roupas estonteantes, tomou uma decisão radical. Com a morte de seu marido, Príncipe Albert, em 1861 ela ficou deu início a um luto que duraria pelo resto de sua vida.

Ela usou vestidos e roupas pretas pelos próximos 40 anos, até 1901, ano em que faleceu.

Então, criou-se uma regra para que as viúvas usassem o preto como luto. Pelas novas ‘leis suntuárias’, uma mulher que perdeu seu marido tinha que usar vestidos negros por, no mínimo, dois anos e meio. (Por isso, também, a época vitoriana da Inglaterra é lembrada com tom melancólico.)

Essas regras eram tão rígidas, que viúvas tinham que usar um véu para cobrir o rosto – também de cor negra.

Isso fez com que surgissem joias e outros acessórios para complementar o preto. Revistas da época também estimulavam o uso da cor preta em ocasiões como a morte da sogra ou do sogro de seus filhos casados, por um período de 6 semanas.

Preto: sinônimo de luto

Já no início do século XX, após a morte da Rainha Vitória, aos poucos o luto representado pelo preto deixou de ser parte do cotidiano tanto de homens, quanto das mulheres.

Por volta de 1920, novos cortes e novas cores de vestido passaram a ser usados.

O rápido processo de industrialização dos países fez com que mais e mais opções de roupa fossem criadas e popularizadas.

Nem por isso um costume antigo deixou de ser mantido: usar preto em funerais ainda é uma forma de manifestar luto. A diferença é que não é preciso mais lotar o guarda-roupa com vestidos escuros por longos períodos após a morte de familiares.

Segredos da roupa preta

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