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Por que carros como os que usamos hoje estão sendo proibidos na Europa?

Publicado 1 Ago 2017 – 12:31 PM EDT | Atualizado 20 Mar 2018 – 12:57 PM EDT
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O segundo maior mercado automobilístico da Europa anunciou o fim dos carros movidos a combustíveis fósseis no país. De acordo com comunicado emitido pelo governo britânico, até 2040 nenhum novo carro ou furgão convencionais movidos a gasolina ou diesel poderá ser vendido no Reino Unido - e os fabricantes que descumprirem o acordo terão multas de até 50 mil libras (R$ 205 mil) por veículo.

Carro a gasolina ou diesel será ilegal

A nova resolução prevê que, até 2040, não sejam produzidos mais veículos movidos a combustíveis derivados de petróleo - como gasolina e diesel.

As montadoras de automóveis terão pouco mais de 20 anos para se adequar à nova norma. A partir de 2040, ninguém poderá mais produzir ou vender carros zero movidos à combustão. Se for detectada fraude, as empresas serão multadas em 50 mil libras para cada dispositivo enganoso de cada carro.

Posse desse tipo de carros será proibida 

Para o cidadão comum, o prazo é um pouco mais amplo. A meta do governo britânico é zerar completamente a circulação deste tipo de veículos até 2050, prazo final para se livrar deles. A partir daí, os carros serão apreendidos e impedidos de saírem às ruas.

Carros elétricos no lugar

O programa britânico propõe que os automóveis movidos a combustíveis de origem fóssil, reconhecidamente grandes poluentes, sejam substituídos por veículos movidos a energia limpa.

O etanol é uma solução brasileira, mas que não teve muita aceitação nos mercados europeus e, hoje, não é visto como uma alternativa por lá. O tipo de tecnologia preferido para a transição, hoje, é o motor elétrico, ainda que não estejam vetados modelos a biocombustível ou hidrogênio, por exemplo.

Objetivo é limpar o ar

A medida é uma - e, talvez, a mais impactante - entre várias da nova diretriz ambiental do Reino Unido. O objetivo da tolerância zero para carros movidos por combustíveis fósseis é a diminuição da liberação do dióxido de nitrogênio (NO2), um dos principais resíduos dos automóveis.

Os países do Reino Unido fazem parte dos 17 localizados na União Europeia que violam as metas anuais de dióxido de nitrogênio, embora os índices tenham diminuído constantemente nos últimos 15 anos. Estima-se que a poluição que resulta dos combustíveis de origem fóssil mate entre 20 mil a 40 mil pessoas no país.

Custo da revolução verde

O Clean Air Fund (Fundo para Limpeza do Ar, em tradução livre) está disposto a disponibilizar 255 milhões de libras (R$ 1,05 bilhão) para as cidades implementarem o plano até 2040. Ao todo, o programa prevê investimento de 2,7 bilhões de libras (R$ 11 bilhões).

O valor não é à toa. De acordo com levantamentos realizados no país, a poluição do ar impacta a saúde e a qualidade de vida das pessoas de modo a onerar o serviço público de saúde britânico e a capacidade produtiva da população em até 2,7 bilhões de libras em um só ano.

“O plano estabelece a maneira como vamos trabalhar com as autoridades locais para enfrentar os efeitos da poluição de combustíveis sujos, em particular o dióxido de nitrogênio”, afirmou o secretário do Meio Ambiente, Michael Gove.

Outros países estão tomando mesma medida

O Reino Unido não é o primeiro Estado europeu a adotar a proibição dos veículos a combustão. Em 2017, a França tomou a mesma decisão: até 2040, não haverá mais fabricação ou venda de carros novos que sejam movidos a combustíveis fósseis.

Em breve a Alemanha, maior produtora e consumidora de carros da Europa, deve tomar a mesma direção: em 2016, a equipe econômica sugeriu um plano para o fim dos carros à combustão até 2050.

As nações nórdicas Suécia e Noruega foram as primeiras a tomar tais medidas. Os noruegueses são os mais apressados: determinaram acabar com os motores movidos a combustíveis fósseis até 2025. Os suecos planejam que 100% da energia total do país seja renovável até 2040 e ainda sugeriram à União Europeia uma restrição continental aos carros movidos a gasolina ou diesel.

Fora da Europa, a Índia lidera este movimento. O país asiático prevê o fim das vendas de veículos movidos à combustão até 2030.

O que isso representa para o mundo?

Antes de tudo, é uma ótima notícia e um exemplo a outros países: a diminuição da liberação de gases nocivos a saúde primeiro impacta a sociedade onde os índices caem, mas, depois, afeta todo o globo - principalmente no caso de nações como o Reino Unido e França.

No último ano, os britânicos compraram menos 10% de carros movidos a diesel e, no mesmo período, aumentaram as compras de modelos elétricos ou híbridos em quase 30%. Ainda assim, hoje, eles são menos de 5% dos novos carros.

As restrições devem impactar a produção de grandes montadoras que abastecem o mercado automobilístico na Europa. Em 2017, inclusive, a Volvo já anunciou que a partir de 2019 todos seus novos carros serão elétricos ou híbridos. BMW e Mercedes-Benz já anunciaram programas de produção de carros elétricos e movidos a hidrogênio. E a Volkswagen prevê vender até 3 milhões de carros 100% elétricos por ano a partir de 2025.

Preços vão cair - e é bom para nós

Os custos da tecnologia para carros elétricos vêm caindo constantemente. Um relatório produzido por McKinsey & Co e Bloomberg New Energy Finance (BNEF) apresentou a informação de que os valores das baterias de íons de lítio caíram 65% em 2015. Hoje, o kilowatt hora custa cerca de US$ 350 e o relatório prevê que em dez anos será menos de US$ 100.

A expectativa é que o aumento de demanda exija a produção de mais, melhores e mais baratos carros não poluentes - e isto pode, a médio prazo, beneficiar até os brasileiros.

Futuro dos carros

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