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Como o Quênia reinventou o dinheiro e conseguiu tirar 194 mil famílias da miséria

Publicado 17 Jan 2017 – 01:00 PM EST | Atualizado 26 Mar 2019 – 05:57 PM EDT
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O sistema de colocar créditos no celular modificou a forma com que a população do Quênia, país da África, passou a lidar com o dinheiro.

Alheio aos bancos, desde 2002, os quenianos pagam compras com transferência de créditos de celular por SMS.

Se, anteriormente, um pai poderia comprar, por exemplo, R$ 70 de crédito e repassar R$ 20 para seu filho, com a estratégia informal de pagamento, os mesmos créditos passaram a ser transferidos, por exemplo, para o celular de um feirante ou comerciante.

O método deu tão certo que foi aprimorado pela própria operadora de celulares, virou referência para outros 93 países e se transformou em tema de um estudo publicado na revista Science de dois cientistas do Massachusetts Institute of Technology (MIT), que acompanharam o processo de implantação do sistema M-Pesa  (M, de mobile, ou seja, no telefone celular e pesa, que significa dinheiro).

Fato é que essa realidade deu mais poder de compra às famílias, de acordo com a publicação dos pesquisadores do MIT: 194 mil núcleos familiares saíram da linha da miséria, e passaram a comprar mais, graças ao poder de consumo conquistado pelo “dinheiro no celular”. 

Dinheiro por SMS no Quênia

Nos anos 2000, a onda de celulares pré-pagos facilitou a comunicação de muita gente: bastava comprar créditos pelo celular de acordo com sua condição financeira e passar a usá-los em chamadas telefônicas. 

Mas, no Quênia, onde grande parte da população vive em condição de miséria, com menos de 2 dólares por dia, o sistema ganhou uma nova utilidade: a população passou a pagar compras e serviços por meio de transferência de crédito por SMS para outros telefones. 

O aprimoramento do sistema fez com que fossem criados pontos de troca de créditos por dinheiro. E, agora, todas as casas do Quênia têm pelo menos um morador que usa este formato.

O impacto maior foi percebido na situação financeira das mulheres. Elas passaram a ter mais independência já que, historicamente, o dinheiro que recebiam era usado para necessidades gerais da casa, e condições de poupar dinheiro.

De acordo com matéria da rádio pública norte-americana NPR, famílias lideradas por mulheres que usam o M-Pesa economizaram 22% a mais do que as famílias que não têm este tipo de serviço, de 2008 a 2014. E, o melhor: compraram quase 20% a mais de mantimentos do que os que não usam.

Veja abaixo um comercial de TV sobre o sistema (áudio em inglês):

Dinheiro na mão

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