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Cena de Helô comoveu o Brasil: o que aconteceu? Quais as chances de aborto?

Publicado 7 Fev 2017 – 09:15 AM EST | Atualizado 20 Mar 2018 – 12:57 PM EDT
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Engravidar, embora seja um processo natural, nem sempre é fácil para todas as mulheres. Isto porque a fecundação e a efetivação da gestação depende de uma série de fatores. Helô, personagem vivida pela atriz Cláudia Abreu na novela "A Lei do Amor", da TV Globo, está vivendo essas dificuldades.

Na trama, Pedro (Reynaldo Gianecchini) descobriu recentemente que é pai da jovem Letícia (Isabella Santoni) e pediu outro filho para a companheira, Helô. “Hoje me dei conta de um desejo muito forte, que estava aqui, guardado. Quero muito ter outro filho com você! Eu queria começar do começo. Sentir nosso filho crescendo. Estar na sala de parto, segurando a tua mão. Quero estar com ele quando der o primeiro passo. Eu preciso viver a paternidade de um jeito pleno, Helô! A gente merece se dar esse presente!”, pediu.

Nas cenas seguintes, no entanto, a personagem contou que, depois de ter tido o segundo filho, vivenciou uma gravidez tubária, por esse motivo e também pela idade avançada – 40 anos – temia engravidar novamente. Pedro insistiu e convenceu a mulher a procurar um especialista para fazer uma inseminação artificial. Com medo dos efeitos colaterais, físicos e emocionais, Helô optou por tentar  engravidar naturalmente, mesmo sabendo da dificuldade.

Sem tratamento, Helô conseguiu engravidar. A cena exibida nesta última segunda-feira (6), no entanto, mostra a personagem perdendo o bebê, em um aborto espontâneo.

Diante deste cenário, surgem algumas dúvidas: por que Helô estava com medo de engravidar? Por que ela teve um aborto espontâneo? Qual é a relação existente entre o histórico de gravidez tubária, a idade avançada, a dificuldade para engravidar e o aborto espontâneo? Para esclarecer esses pontos, conversamos com o médico ginecologista e especialista em reprodução humana Dr. Rodrigo da Rosa Filho, da clínica Mater Prime, de São Paulo.

Gravidez tubária

Depois do nascimento de Edu (Matheus Fagundes), Helô teve uma gestação ectópica. De acordo com o médico, toda fertilização do óvulo com o espermatozoide acontece em uma das duas trompas. Depois, o embrião gerado é transportado até a cavidade uterina. Quando esse deslocamento não acontece e o desenvolvimento embrionário começa dentro da trompa, ocorre o que os médicos chamam de gestação tubária.

Segundo o ginecologista, a causa do problema na maioria das vezes está relacionada a doenças que causam alterações nas tubas - entre as principais e mais comuns está a doença inflamatória pélvica e a endometriose.

Afeta a fertilidade?

Embora não altere a fertilidade e a capacidade dos óvulos, a chance de uma mulher que teve gravidez ectópica ter o problema pela segunda vez é alto – cerca de 30%, de acordo com o médico. “Geralmente, a doença que acomete as trompas, acomete as duas. Então, pode ser que a outra tuba também tenha alterações que dificultem uma gravidez normal e é isso que afeta a fertilidade”, explica.

Idade e fertilidade

Outro empecilho apresentado pela personagem ao se atual companheiro foi sua idade – 40 anos. Segundo Dr. Rodrigo, a idade é um dos principais fatores que afeta a fertilidade. “A mulher nasce com todos os óvulos e eles envelhecem a medida em que o tempo passa. Esse estoque não se renova. A chance de uma gravidez aos 40 anos é de 7% por mês de tentativa. Ou seja, de todas as mulheres nessas condições que tentam engravidar, apenas 7% conseguem por mês”, comenta.

Aborto espontâneo

Além de afetar a fertilidade, a condição ainda aumenta as chances de aborto espontâneo – aos 40 anos, ela corresponde a 35% dos casos. “A causa são as alterações cromossômicas que levam ao aborto. O corpo impede aquele embrião com problema de se desenvolver”, explica o especialista.

Gravidez aos 40 anos com histórico de gravidez tubária

O ginecologista explica, no entanto, que embora seja mais difícil, é possível que uma mulher nessas condições engravide naturalmente e tenha uma gestação saudável. Para ajudar nesse processo, exames podem ser feitos. “O ideal é avaliar a outra tuba para saber se ela tem boas condições e fazer um exame para checar a reserva ovariana para avaliar quanto tempo ainda ela pode esperar para engravidar espontaneamente”, pondera.

De maneira geral, no entanto, caso a mulher queira, o indicado é a fertilização in vitro. “Como a fertilização seleciona o embrião mais saudável, diminui as chances de aborto espontâneo. Como o embrião é colocado direto no útero, também evita a gravidez ectópica", explica Dr. Rodrigo.

Gravidez

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