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Pitty relata como foi estar grávida e diz ter mudado de opinião: "Paguei a língua"

Publicado 18 Ago 2016 – 06:46 PM EDT | Atualizado 20 Mar 2018 – 12:57 PM EDT
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Aos 38 anos, a  cantora Pitty deu à luz sua primeira filha. Acontece que a gravidez não foi absolutamente nada parecida com o que ela imaginava que seria. Foi o que ela revelou em um texto sincero escrito antes do nascimento da menina, que é fruto do casamento da roqueira com o baterista do grupo NX Zero, Daniel Weksler, com quem está há 10 anos. 

Gravidez da Pitty

Antes do nascimento da filha, ela escreveu em seu blog um relato emocionante e verdadeiro, no qual revelou que não sabia se ia gostar de estar grávida e passar por todo o processo da gravidez. "Eu queria ter filho com certeza, mas, ao contrário da visão romantizada dos filmes e revistas, na minha fantasia era uma coisa muito difícil, uma renúncia gigantesca, especialmente  com minha profissão e estilo de vida. Viajando tanto, gostando da noite, imaginava minha vida social desmoronando e tudo que eu sabia indo junto", disse.

Mas, em seguida, admitiu o quanto estava enganada. "Ainda bem que passei por isso e pude, como se diz no popular, 'pagar a língua'. Eu tô amando estar grávida. Amando, amando, besta, apaixonada. De ficar horas observando mexer, conversando, me admirando no espelho. Achando lindo e fascinante. Me achando bonita apesar das mudanças físicas, ou melhor, por causa das mudanças físicas. O olhar, os quadris que alargaram, os peitos cheios, o umbigo querendo pular; tudo lindo. Tudo o que eu imaginava que seriam motivos para não gostar de estar grávida foram sendo desconstruídos um a um, mês a mês", contou.

No mesmo texto ela descreveu o que sentiu em cada fase da gravidez e falou das boas descobertas em cada uma delas. Discreta no início da gestação, passou a divulgar mais fotos da barriga nas redes sociais e agradeceu o carinho, o amor e os pensamentos positivos. "Fiquei muito exibida. Quando vi, estava fazendo fotos e querendo postar isso o tempo todo, numa vontade louca de botar essa barriga no mundo. Será que foi uma reação ao recolhimento forçado por causa do repouso? Ou será que foi pela sensação de conquista, de poder vivenciar isso? Ou talvez só felicidade desmedida e vontade de falar sobre esse fascínio mesmo. Um empoderamento muito grande, quem sabe essa vontade veio daí? Seja lá o que fosse, era tão atípico que me fez refletir: logo eu que sempre fui discreta e reservada, agora estava aí esfregando essa pança na cara da sociedade. Fiquei barriga ostentação", escreveu ela que, por recomendação médica, precisou fazer repouso absoluto e cancelou a agenda de shows.

Ela falou também sobre a vontade de aproveitar bastante a barriga. "Porque já me disseram que passa super rápido e depois a gente sente saudade", disse.

Leia o texto na íntegra:

"Sabe, eu não sabia se ia gostar de estar grávida. Eu queria ter filho com certeza, mas eu tinha dúvidas se iria gostar de passar por todo o processo de uma gravidez. Ao contrário da visão romantizada dos filmes e revistas, na minha fantasia era uma coisa muito difícil, uma renúncia gigantesca, especialmente  com minha profissão e estilo de vida. Viajando tanto, gostando da noite, imaginava minha vida social desmoronando e tudo que eu sabia indo junto. Era o medo de me afastar da única eu que eu conhecia até então e que havia construído através de todos esses anos; e de ter que me deparar e conviver com essa nova eu que eu não sabia se era gente fina ou uma chata de galocha. Na minha fantasia, a gravidez podia ser uma coisa solitária, entediante, idílica demais para a minha natureza selvagem. Lá no fundo, eu percebia mas negava o egoísmo e a arrogância contidos nesses sentimentos, como se eu fosse boa o bastante pra nem pensar em querer mudar. Eu nunca podia imaginar o quanto estava enganada.

Ainda bem que passei por isso e pude, como se diz no popular, “pagar a língua”. Eu tô amando estar grávida. Amando, amando, besta, apaixonada. De ficar horas observando mexer, conversando, me admirando no espelho. Achando lindo e fascinante. Me achando bonita apesar das mudanças físicas, ou melhor, por causa das mudanças físicas. O olhar, os quadris que alargaram, os peitos cheios, o umbigo querendo pular; tudo lindo. Tudo o que eu imaginava que seriam motivos para não gostar de estar grávida foram sendo desconstruídos um a um, mês a mês. De fato, no comecinho é uma solidão tremenda- pelo menos pra mim foi. Ainda não podia falar, tinha que me proteger, e todos saindo e vivendo suas vidas e eu aqui sozinha com meu segredo. E a bagunça hormonal botando pilha nessa sensação. Mas logo depois isso foi sendo substituído por outras coisas, e eu fui completamente tomada pelo gestar. O segundo trimestre é, de fato, a delícia que dizem. Barriguinha despontando, a pele linda, começando a preparar enxoval. Me entreguei completamente, e tudo ficou mais fácil. Que delícia pensar em roupinhas, em quarto, entrar em contato com todo esse mundo novo. Tudo muito novo! As amigas já mães salvando o rolê, tirando dúvidas, conduzindo. A sororidade e o aprofundamento do encontro com o feminino, a conexão com as outras mulheres.

E aí aconteceu uma coisa muito estranha: eu fiquei muito exibida. Quando vi, estava fazendo fotos e querendo postar isso o tempo todo, numa vontade louca de botar essa barriga no mundo. Será que foi uma reação ao recolhimento forçado por causa do repouso? Ou será que foi pela sensação de conquista, de poder vivenciar isso? Ou talvez só felicidade desmedida e vontade de falar sobre esse fascínio mesmo. Um empoderamento muito grande, quem sabe essa vontade veio daí? Seja lá o que fosse, era tão atípico que me fez refletir: logo eu que sempre fui discreta e reservada, agora estava aí esfregando essa pança na cara da sociedade. Fiquei barriga ostentação.

Bom, eu sou essa coisa que racionaliza tudo e você pode imaginar tamanhos dilemas nesse caminho: um eterno posto/ não posto, será que sim ou que não, mas quero viver isso e não me reprimir, mas tenho que me preservar porque tem gente sem-noção e invasiva que acha que porque viu uma foto já é íntimo seu. Resultado: me joguei nessa vontade. Com todos os dilemas junto; dei voz a esse novo desejo e tentei entendê-lo. E também porque já me disseram que passa super rápido e depois a gente sente saudade, então vou mesmo aproveitar essa barriga até a última gota.

PS: Outro lance real é que o terceiro trimestre é osso duro. É tudo difícil, dói quadril, não tem posição, vontade de ficar de pijama o dia todo; um mau humor do cão e uma irritação que só por jah, viu. Mas eu tô de boa até com essa parte, só porque faz parte. Vivendo o pacote completo.

PS 2: Um pensamento que me vem o tempo todo também: uma coisa sou eu, adulta, responsável por minhas ações e minhas fotos. Outra coisa é a privacidade de uma criança. Uma vez fora da barriga a proteção tem que ser máxima mesmo, na minha opinião. Se agora já tem gente que não se toca e fica stalkeando e divulgando informações privadas, querendo saber mais do que deve, dando “conselhos” absurdos; imagine depois? Pois desde já afastando gente desse tipo. Carinho, amor e pensamentos positivos a gente aceita, agradece e retribui. Os invasivos e folgados a gente mantém beeem longe."

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