null: nullpx
desenhos animados-Zappeando

“Irmão do Jorel”: sucesso levou primeiro desenho brasileiro da Cartoon ao exterior

Publicado 29 Mai 2017 – 06:00 AM EDT | Atualizado 16 Mar 2018 – 08:35 AM EDT
Compartilhar

Em 2014, um protagonista sem nome, mas com muito carisma, chegava às telas da Cartoon Network - e, apesar de ter como público-alvo crianças entre 7 e 11 anos de idade, “Irmão do Jorel” conquistou todo mundo. Idealizado pelo diretor Juliano Enrico e produzido pela Cartoon em parceria com a Copa Studio, o programa é o primeiro desenho original do canal da América Latina. E deu certo: com mais episódios a caminho, “Irmão do Jorel” também já é conhecido e transmitido fora do Brasil.

Com uma mistura de referências na cultura pop da década de 1980 e muita inspiração autobiográfica, Juliano Enrico entrega a história de um garotinho comum – tão comum, que ele é conhecido apenas como o irmão do Jorel (este sim, popular, orgulho da casa e cheio de fãs), que vive uma série de situações absurdas ao lado da família, amigos e outros personagens peculiares da vizinhança. “As primeiras ideias e histórias de ‘Irmão do Jorel’ vieram da lembrança de fotos, eventos de família, desenhos e filmes de Sessão da Tarde que eu gostava. Tudo se originou de uma releitura do que eu via a minha volta nos anos 80”, contou Juliano ao VIX.

Criador do Irmão do Jorel

A fórmula bem-sucedida combina dois elementos para fisgar o público: identificação e surpresa. O mundo visto pela perspectiva do Irmão do Jorel é imaginativo, fantasioso, cheio de “dilemas”, dúvidas e situações comuns ao universo infantil, como o relacionamento com os pais, irmãos, avós, professores, vizinhos, amigos, as primeiras paixões, entre outras figuras que sempre passam pela vida de qualquer pessoa.

O outro elemento é a surpresa para os espectadores. Juliano conta que, apesar do público-alvo delimitado, as histórias de “Irmão do Jorel” podem ser entendidas e aproveitadas por qualquer pessoa. “Quando estamos escrevendo não pensamos só na criança, mas na forma como a história pode ser absorvida por todo mundo. A criança, claro, vai pegar as cenas e piadas rápidas, o adolescente vai observar outros detalhes e os adultos, outros. Quero que o desenho sirva para qualquer fase da vida, para se divertir ou se lembrar de experiências pessoais”, conta Juliano.

Produzir para o público infantil também requer responsabilidade, é claro, mas, para o autor isso não limita o programa. “Não temos obrigação de passar mensagens, ensinar valores. Mas, como produtor de conteúdo, acho que enriquece a história expor e discutir situações do dia a dia da criança. Acho também que elas são as primeiras a perceber quando estão sendo enganadas e que sabem que não precisam entender tudo o tempo todo”, ressalta.

Além disso, Juliano explica que o contato com o público também faz parte da produção. O artista recebe informações dos espectadores, suas respostas e reações aos episódios e, assim, vai aprimorando as histórias. “Como criador, meu objetivo é sempre criar um vínculo afetivo com o público. Por isso, ainda que de forma indireta, há influência. Eu e os roteiristas temos preferências, a Cartoon, claro, também tem. Não me prendo a isso ao tomar decisões criativas, mas interfere, sim”, explica.

Irmão do Jorel: como é produzido

O desenho tem vários roteiristas – Juliano explica que várias equipes diferentes trabalham para produzir cada episódio. Mas a finalização de todas as histórias ficam nas mãos dele e de Daniel Furlan, que é ator, roteirista e quadrinista e com quem Juliano trabalha há mais de uma década – os dois, inclusive, já foram VJs da MTV.

Depois de criar o roteiro, o desenho recebe as vozes que dão vida aos personagens. “Não é um processo de dublagem”, explica Juliano, “é uma criação original. As vozes são feitas bem no começo. Assim, conseguimos alterar o roteiro e criar coisas novas com as vozes dos atores”, pontua. Ele mesmo é quem dá voz ao personagem de Jorel, que, inclusive, foi inspirado em seu irmão na vida real.

Desenhos brasileiros

“Irmão do Jorel” chegou ao Cartoon Network por meio de pitching, uma apresentação realizada para vender a ideia do negócio à empresa. “Eu já tinha a ideia da série no papel há um bom tempo. Tinha descrições bem detalhadas dos personagens, cenários, conceitos e sinopses. Tive 5 minutos para apresentar minha ideia e a Cartoon achou que tinha a ver com a linha editorial do canal. A partir daí, começamos a desenvolver o desenho com eles”, conta Juliano.

O desenho é a primeira produção realizada pelo canal no Brasil e, para Juliano, a tendência é que o segmento cresça. “O mercado brasileiro de animação já é competitivo internacionalmente, está crescendo. Ainda é difícil achar profissionais especializados por aqui, mas isso vem mudando. E temos estilos novos surgindo. O Brasil e os países da América Latina têm uma cultura que se diferencia da norte-americana e podemos nos destacar”, diz o quadrinista.

“Irmão do Jorel” integra um time de produções nacionais que também têm crescido no canal infantil. Além do clássico “Turma da Mônica”, a Cartoon exibe atualmente desenhos brasileiros como “Historietas Assombradas (Para Crianças Malcriadas)”, “Carrapatos e Catapultas” e “Tromba Trem”.

Fora do Brasil

O desenho já conta com duas temporadas, cerca de 40 episódios e está no ar também fora do Brasil. “Irmão do Jorel” passa nos canais latino-americanos da Cartoon, mas a ideia é levá-lo a cada vez mais países. “Morro de rir ouvindo a música de abertura em espanhol”, brinca o diretor, “é ótimo ver outros países receberem e gostarem de uma criação minha. Estamos trabalhando para levar ‘Irmão do Jorel’ cada vez mais longe. Ainda quero vê-lo em francês e japonês”, conclui Juliano.

O desenho brasileiro já é sucesso no mundo todo.

Posted by Zappeando on Monday, June 26, 2017

Mais desenhos

Compartilhar

Mais conteúdo de interesse