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“Piratas do Caribe”: o que realmente aconteceu na época dourada da pirataria?

Publicado 16 Mai 2017 – 06:00 AM EDT | Atualizado 16 Mar 2018 – 08:44 AM EDT
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Mais um filme de “Piratas do Caribe” vem aí e a gente pode até falar que se divertiu, mas não dá para dizer que a franquia nos ensinou muito sobre o mundo dos piratas. E tudo bem, não era essa a intenção. Aliás, a cultura pop está cheia de elementos desse mundo que não condizem com a realidade.

Os primeiros piratas lembrados quando pensamos no tema são os da chamada “Piratas do Caribe”: o que realmente aconteceu na “época dourada da pirataria”?, que rolou entre os séculos 16 e 18. Mas o ato de roubar e pilhar riquezas em alto mar é muito mais antigo que isso. “A pirataria existe desde que os homens tomaram os mares para o comércio”, escreveu Nigel Cawthorne em seu livro “A History of Pirates: Blood and Thunder on the High Seas”, sem tradução no Brasil.

Piratas do Caribe da vida real – os fatos sobre a pirataria nos mares

Origem da pirataria

Quando a Espanha conquistou territórios no continente americano, a Inglaterra se viu ameaça pela Invencível Armada Espanhola. Além disso, tudo que os conquistadores tiravam das riquezas naturais americanas iam de navio para a coroa europeia.

Lembra que, no primeiro filme, “a maldição do Pérola Negra” era fruto amaldiçoado do ouro asteca? Eles citam que os deuses haviam amaldiçoado o tesouro de Hernán Cortés, um conquistador espanhol que dizimou populações inteiras de nativos, inclusive o Império Asteca.

Com muito dinheiro, em 1567 a Espanha equipou seus navios e conseguiu bloquear o comércio marítimo entre as ilhas britânicas e os Países Baixos. Por vingança, a Inglaterra contratou mercenários e criou com eles um vínculo que, na verdade, se tratava de uma licença legal para roubar. 

Rixa entre nações

Esses mercenários com licença para roubar eEram os corsários, navegadores que tinham cartas de corso, um documento oficial que permitia, além de viajar pelos mares, abordar galeões espanhóis. Essa abordagem não era nada amistosa, claro, e rendia muita riqueza aos navios ingleses. No próximo filme da franquia, “A Vingança de Salazar”, o protagonista enfrentará um ex-oficial que jurou exterminar todos os piratas. A nacionalidade desse personagem, claro, é espanhola.

“A rigor, a Inglaterra não era a única nação cujo comércio exterior se ressentia da presença espanhola nos mares – e por isso recorria aos corsários. A França, por exemplo, também se valia dessa arma”, explica Maria Inês Zanchetta em artigo sobre o tema. Todos esses países e reinos são mostrados como aliados e vilões em “Piratas do Caribe”.

Por que o Caribe era tão importante?

Como os navios espanhóis prestavam contas à coroa da metrópole, tudo era documentado. Então, as rotas, dias e horários das viagens que levavam os porões abarrotados de riquezas das Américas era conhecido por todo mundo, inclusive pelos corsários. O mar das Antilhas, que engloba o Caribe, era o ponto de encontro (ou abordagem) de ladrões e vítimas.  

“Galeões espanhóis carregados com um atraente botim de ouro e prata atraíam, como um poderoso imã, o interesse de bandidos, para o desespero de alguns desavisados comerciantes”, segundo o historiador Nelson Rocha Neto, autor de um estudo sobre piratas publicado em 2009 pela Universidade Tuiuti do Paraná. 

Havia um "seguro-batalha"

Com um sistema de saúde precário até para as pessoas mais abastadas da época, os piratas sofriam muito com problemas causados por falta de higiene nos navios, alimentação ruim e ferimentos das batalhas. Aliás, quem sobrevivesse mutilado depois de um combate era indenizado, uma espécie de seguro batalha: a perda de um dedo era recompensada por 100 moedas; um olho, 600.

Várias doenças assolavam os porões dos navios e uma das piores era a escorbuto. O pirata morria por fortes hemorragias causadas pela falta de vitamina C no organismo – o que mostra uma alimentação inadequada para os grandes períodos de navegação.

Como os piratas se tornaram inimigos da Inglaterra

Depois de financiar os roubos até reconhecer os serviços, como condecorar o pirata Francis Drake com o título de Sir por ter saqueado prata e ouro de galeões espanhóis, chegou a hora de o governo britânico romper com os corsários. No início do século 18 o país havia se tornado, graças também aos serviços dos corsários, a maior nação do mundo.

O apoio aos piratas irritou tanta gente poderosa na Europa que a Inglaterra teve de assinar alguns tratados internacionais contra a pirataria. Dessa forma, eles iniciaram uma caçada implacável e uma das punições mais severas era a forca. Não é a toa que, nos filmes, Will Turner (Orlando Bloom) odeia os piratas e depois, quando se torna um, é mal visto pelas autoridades.

Armas improvisadas

Com ou sem apoio legal da Inglaterra, a verdade é que a vida dentro de um navio pirata não era nada fácil. E valia tudo para atacar e se defender das naus adversárias, a maioria era escoltada por navios militares altamente equipados para a época. Em 2011, mergulhadores exploraram o navio naufragado do pirata Barba Negra e descobriram armas entre a carga.

Foram encontraram pregos, vidros e chumbo que eram lançados por canhão contra adversários. “As armas usadas não só tinham a intenção de matar, mas eram projetadas para aterrorizar os sobreviventes e forçá-los a uma rápida rendição”,  explica reportagem do jornal inglês The Telegraph na época.

Coincidência ou não, pregos, vidros e até talheres são usados como munição de canhões numa cena do primeiro filme. Sem balas para atacar os piratas do Pérola Negra, a turma de Jack Sparrow improvisa com tudo que encontra pela frente.

Festa do Equador

Na verdade, os tripulantes dos navios piratas eram proibidos de beber – isso não significa que fossem muito obedientes. O consumo de bebida não era permitido principalmente nas vésperas de um saque planejado. Mas haviam festas em que o rum rolava solto.

Existia uma tradição de batizar os marinheiros de primeira viagem assim que o navio cruzava a linha do Equador. Quem nunca tinha feito a travessia era obrigado a participar da festa simulando um afogamento num barril ou andando na prancha. Depois disso, recebiam um apelido da tripulação. Até hoje acontece uma festa dentro de cruzeiros turísticos que passam pela linha do Equador. Nesse momento todo mundo se sente um pouco Jack Saprrow.

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