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E o Oscar vai para...-Zappeando

Fatos do Oscar que fizeram história: de prêmio a traidor a discursos memoráveis

Publicado 24 Fev 2017 – 02:00 PM EST | Atualizado 14 Mar 2018 – 09:19 AM EDT
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Entre discursos e recusas, os  momentos marcantes do Oscar mostram como a premiação, que é considerada a mais importante do cinema, também pode abranger causas sociais e políticas.

Criado pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, o Academy Awards tem como objetivo a promoção do avanço da indústria cinematográfica.

Porém, seu palco também é cenário de posicionamentos polêmicos. Veja 8 dos mais marcantes.

Fatos memoráveis do Oscar

Os primeiros atores e atrizes negros a vencerem o Oscar

Um dos principais  fatos marcantes do Academy Awards, sem dúvida, é a premiação da atriz Hattie McDaniel em 1940. Ela se tornou a primeira negra a vencer o Oscar e a primeira a aparecer na cerimônia sem ser como servente.

Seu papel como a empregada Mammy em "E o Vento Levou" foi digno do prêmio de Melhor Atriz Coadjuvante, mas ela quase não pode comparecer para recebê-lo, já que o teatro que sediou o evento não permitia a entrada de pessoas negras. Se não fosse pelo apelo de alguns executivos do filme, McDaniel não teria ido à cerimônia.

Depois de McDaniel, foi a vez de James Baskett ganhar seu Oscar, desta vez um honorário por seu papel no filme da Disney "A Canção do Sul". Já em 1964, Sidney Poitier realizou o marco de ser o primeiro homem negro a ganhar um Oscar de Melhor Ator Principal pelo longa "Os Lírios do Campo".

O mesmo título veio bem mais tarde para as mulheres. Em 2002, Halle Berry se tornou a primeira mulher negra a ganhar o Oscar de Melhor Atriz Principal por interpretar a viúva de um presidiário em “A Última Ceia”. Na ocasião, Berry se referiu à escolha de mulheres negras para a categoria principal com a frase "a porta foi aberta”.

Marlon Brando recusa o prêmio

Em março de 1973, Marlon Brando venceu a categoria de Melhor Ator com o personagem Vito Corleone, em “O Poderoso Chefão”. Mas o renomado artista fez história não por ganhar o prêmio, mas por se recusar a recebê-lo.

Engajado com causas sociais, Brando enviou a descendente de índios Sacheen Littlefeather à cerimônia como protesto contra a maneira que a mídia retrata o povo indígena, fazendo um dos mais memoráveis protestos já vistos.

Tradução:

“Olá, meu nome é Sacheen Littlefeather. Sou apache […] e estou representando Marlon Brando esta noite e ele está me pedindo, nesse longo discurso que não posso compartilhar com vocês agora por causa do tempo, mas que ficarei feliz em compartilhar com a imprensa mais tarde, que ele lamentavelmente não pode aceitar esse generoso prêmio.

E a razão para isso é o tratamento dado aos índios americanos atualmente pela indústria cinematográfica, na televisão, nos filmes e nas reprises. E também pelo que aconteceu recentemente em Wounded Knee [massacre de índios ocorrido em 1890].

Eu espero não ter sido um incômodo essa noite e espero que, no futuro, nossos corações e entendimentos se encontrem com amor e generosidade”.

Oscar honorário a um possível traidor

O professor e crítico de cinema Franthiesco Ballerini explica que outro momento marcante do Oscar ocorreu quando o cineasta Elia Kazan recebeu o prêmio honorário em 1999 pelo conjunto de sua obra. A entrada de Kazan gerou uma reação ruim em parte da plateia, que se recusou a aplaudi-lo. 

A razão é que o diretor chegou a denunciar colegas do Partido Comunista (do qual fazia parte anteriormente) durante a época do Macartismo, em que todos que fossem ligados a causas comunista tinham sua privacidade invadida por investigações agressivas.

Durante seu discurso, dá para ver que alguns levantam e o aplaudem, enquanto outros permanecem sentados de braços cruzados. 

Discurso do Oscar contra Guerra do Iraque

Após receber o prêmio pelo documentário “Tiros em Columbine”, em 2002, o cineasta Michael Moore fez um discurso em protesto à Guerra do Iraque. Após dizer que sentia vergonha do então presidente George W. Bush, o documentarista foi recebido de forma ambígua pela plateia, visto que parte o aplaudiu e outra o vaiou. 

Sean Penn sobre casamento gay

Sean Penn fez um memorável discurso a favor do casamento homoafetivo ao ganhar o Oscar de Melhor Ator pelo filme “Milk - A Voz da Igualdade”, em 2009. Na ocasião, o artista e ativista se posicionou contra a proibição da união gay na Califórnia e chegou a dizer que os responsáveis teriam vergonha desta decisão no futuro.

Discurso feminista de Patricia Arquette

Um recente discurso do Oscar foi de Patricia Arquette, que venceu como Melhor Atriz Coadjuvante por "Boyhood" em 2015. Na ocasião, ela aproveitou para protestar contra a desigualdade salarial entre atrizes e atores de Hollywood.

O discurso foi muito bem recebido em meio à manifestação por igualdade entre sexos, tanto que grandes nomes do cinema, como Meryl Streep, o aplaudiram fervorosamente.

Boicote de artistas negros

Apesar de ter acabado há 50 anos, a segregação racial dos Estados Unidos ainda possui reflexos. A questão entrou em pauta no ano de 2016 após duas edições consecutivas do Oscar em que nenhum artista negro foi indicado para as principais categorias. 

Com a hashtag #OscarSoWhite (traduzida livremente como “Oscar tão branco”), artistas e o próprio público cobraram explicações. Algumas celebridades, como o cineasta Spike Lee, não compareceram à cerimônia em forma de protesto. O apresentador da noite, o comediante Chris Rock, também se manifestou dizendo que a cerimônia era conhecida como "prêmio dos brancos".

Porém, o problema é maior do que se pensa, visto que alguns fatos mostram a supremacia branca em Hollywood. Por exemplo, de 3.072 prêmios já dados, apenas 30 foram para atores negros. Além disso, a academia era constituída até 2016 por 94% de brancos, cuja grande maioria eram homens, restando apenas 2% para os latinos e negros. 

O barulho a favor da igualdade racial foi tão grande que a parcela de negros no corpo votante da Academia foi aumentada e, no ano de 2017, foram indicados representantes negros para praticamente todas as principais categorias.

Apesar de a trajetória pela igualdade racial no Oscar continuar, ela já evolui bastante desde então. Confira:

Protestos contra Donald Trump

Uma das mais recentes vezes em que o Oscar foi alvo de protestos ocorreu este ano. O cineasta iraniano indicado ao título de Melhor Filme Estrangeiro do Oscar 2017 por “O Apartamento”, Asghar Farhadi, afirmou que não comparecerá à premiação após a proibição da entrada de imigrantes de países de origem muçulmana decretada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Veterano, o diretor já venceu a categoria pelo filme “A Separação”, em 2012. Mesmo após novas resoluções políticas, que aliviaram a regra imposta por Trump, Farhadi decidiu boicotar a ida ao prêmio em forma de protesto pela truculência e preconceito por trás da medida. A protagonista do filme, a também iraniana Taraneh Alidoosti, apoiou o diretor e também afirmou que não comparecerá.

Mais manifestações contra o controverso presidente são esperadas durante a premiação. Meryl Streep, que este ano concorre ao Oscar de melhor atriz e já se manifestou publicamente contra Trump durante o Globo de Ouro, é uma das promessas de discurso contrário ao empresário. 

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