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Não é só uma: há NOVE tipos de fome, e saber identificá-las te ajudará a comer menos

Publicado 31 Ago 2018 – 05:45 PM EDT | Atualizado 31 Ago 2018 – 05:45 PM EDT
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O ato de se alimentar, além de primordial para a sobrevivência humana, tem uma importância gigantesca na vida social das pessoas. Afinal, comemos quando sentimos fome, mas também quando queremos comemorar alguma coisa ou até mesmo quando estamos tristes e precisamos de um consolo.

De onde vem a fome?

Isso acontece porque o ato de comer está ligado ao afeto. Pare para pensar: o leite materno, além de promover nutrientes essenciais para o crescimento do bebê, também representa uma troca única de amor e carinho entre mãe e filho.

Mais para frente, passamos a enxergar a comida como sacrifício ou recompensa, quando nossos pais nos dizem que poderemos comer sobremesa se terminarmos o prato de verdura.

E não para por aí. Às vezes, sentir o cheiro de uma refeição deliciosa nos leva a imaginar a satisfação que sentiríamos ao prová-la, e isso é suficiente para fazer nosso estômago roncar.

Estas diferenciações levaram Jan Chozen Bays, uma monja budista estudiosa do mindfulness, a desenvolver a teoria de que a fonte de nossa fome não é apenas fisiológica. Na verdade, ela é apenas uma dentre os nove tipos que sentimos alternadamente, em diferentes momentos do dia.

"Essas classificações existem e podem ajudar as pessoas a entenderem o que realmente as está levando ao prato de comida", conta a nutricionista Cynthia Antonaccio, co-autora do livro "Mindful Eating – Comer com Atenção Plena", ao lado da também nutricionista Manoela Figueiredo.

"Os tipos de fome servem apenas para ajudar no autoconhecimento de cada um e a tomar decisões mais conscientes", diz. A questão não é vetar os estímulos dos tipos de fome e nem passar a evitá-los, apenas aprender a melhor ocasião para tomar suas decisões.

Tipos de fome e como identificá-los

A fome dos olhos

Acontece quando uma pessoa, embora satisfeita por uma refeição recém-feita ou por ainda não ter fome fisiológica, avista algo gostoso e, automaticamente, acredita que precisa comê-lo.

"Nem mesmo passava pela mente dessa pessoa comer mais coisas, como uma sobremesa. No entanto, ao olhar o pudim, ela passa a acreditar que precisa dele", explica Cynthia.

Já ouviu o velho ditado "comer com os olhos?". Pois é isso mesmo o que acontece, já que a visão tem uma influência importante sobre o que comemos e precisam se satisfazer para que o ato de comer esteja completo.

É por isso que, ao se alimentar, é importante ter um ambiente agradável, com um belo prato e apresentado de uma forma atraente para os olhos.

A fome do nariz

Ocorre quando um cheiro irresistível de comida, de repente, aparece e desperta o interesse da pessoa. Sentir os perfumes dos alimentos é o que satisfaz a fome do nariz.

Inclusive, muitas vezes, o cheiro é até mais atrativo do que o próprio alimento. Por isso, o aroma é uma parte considerável do que percebemos como sabor nos alimentos.

"Exatamente por esse motivo quando estamos com o nariz entupido, as comidas perdem um pouco da graça", afirma Cynthia, que mostra esse exemplo como um dos motivos pelos quais as pessoas comem, mesmo sem fome e sem perceber que já estão satisfeitas.

A fome da boca

Aqui entram todas as percepções que acontecem nos lábios e na língua. É o caso de sabores doces, salgados, picantes, azedos e amargos. E ainda texturas líquidas, sólidas ou pastosas.

Sabe quando dá vontade de comer um docinho depois do almoço, ou quando você começa a comer uma sobremesa muito gostosa e, mesmo satisfeito, não consegue parar? É a fome da boca (ou língua) que está comandando.

A fome do estômago

Nem sempre um ruído no estômago significa que o corpo precisa mesmo de comida. Isso porque roncos na barriga podem ser provocados por nervosismo ou mesmo ansiedade. A confusão com a fome pode acontecer por conta da sensação que essas emoções provocam no abdômen.

No entanto, é claro que a sensação pode ser real de fome e é nesse momento que o autoconhecimento da pessoa mostrará à ela a melhor decisão a tomar.

Por isso, é importante estar familiarizado com os movimentos e sons que o estômago faz. Principalmente para entender o intervalo médio que seu corpo necessita realmente entre uma e outra refeição.

A fome do tato

Sentir a temperatura e a consistência com os dedos também pode influenciar na quantidade do que comemos.

Já notou que muitas pessoas devoram em poucos minutos alimentos que são comidos pela mão? É o caso de petiscos, castanhas, e até mesmo lanches e pizza.

Procure se alimentar, sempre que possível, com o auxílio de garfo e faca. Tanto o tempo da refeição será diferente quanto, provavelmente, a quantidade.

A fome do ouvido

Você não estava pensando em comida, mas ouviu uma panela de pressão apitando, um pacote de alumínio sendo aberto ou algum amigo comentando sobre uma comida gostosa. Pronto, esse foi o gatilho para você procurar o que quer comer.

Se o que satisfaz é o som ao mastigar um alimento, identificar esse padrão é importante para o autoconhecimento. "Há pessoas que tendem a comer mais quando a comida é crocante", exemplifica a nutricionista Cynthia.

Sabendo disso, é possível identificar se o corpo ainda está com fome de estômago ou se o ato de comer está sendo guiado pelos ouvidos.

A fome celular

Essa fome é muito comum em crianças, que procuram comidas que tenham os nutrientes que corpo está pedindo.

A fome celular aparece quando a pessoa está morrendo de fome, e, por mais que a comida não esteja tão gostosa, quente ou bonita, ela sente necessidade de comê-la.

Quando essa fome não é atendida ou satisfeita, é possível que apareçam sintomas como tontura, cansaço, irritação e dor de cabeça.

A fome da mente

É o tipo de fome baseado em pensamentos, quando a mente está ansiosa por mais informação, por alguma explicação, por uma novidade. E, a partir daí, não consegue tirar da cabeça que precisa se alimentar com determinado ingrediente.

Acontece que, neste caso, o ingrediente que irá preenchê-la não é o alimento, mas sim alguma atividade que acabe com o tédio ou a resolução de um problema que está pendente na cabeça.

Comer com atenção plena ajuda a trazer mais consciência para esses movimentos mentais.

A fome do coração

É a fome conectada às emoções, quando há um forte desejo por alimentos que trazem memórias de conforto e acolhimento. Acontece, por exemplo, com doces, já que aprendemos a relacioná-los com recompensa e sentimentos bons.

"Embora os sentimentos estejam presentes na relação com a comida de todo mundo, é preciso entender que os alimentos não podem suprir as nossas emoções, sejam elas positivas ou negativas", explica Cynthia.

Como identificar o seu tipo e fome?

Uma dica da nutricionista comportamental para identificar qual ou quais são os tipos de fome que você está sentindo é tocar ou apontar as partes do corpo envolvidas.

Isto é, encoste o dedo indicador nos olhos, ouvidos, nariz, boca, abdômen, cabeça ou coração. "Dessa forma, você vai começar a treinar essa habilidade que, aos poucos, se tornará natural", aconselha Cynthia.

Entender essa diferenciação na rotina ajuda cada um a se sentir mais livre e seguro para decidir o que comer e o que deixar de comer. A ideia é que a alimentação seja mais tranquila e repleta de satisfação.

Na prática

Para ouvir melhor o que o seu corpo e os sinais fisiológicos dele estão falando, a especialista dá algumas dicas do que fazer na hora de se alimentar:

  • Tente preparar um ambiente agradável. Arrume a mesa antes de comer, use talheres e louças bonitas aos olhos
  • Sente-se à mesa de forma ereta, mas confortável
  • Mastigue os alimentos por mais tempo e com mais calma, procure driblar qualquer sinal de ansiedade
  • Use pratos e talheres pequenos se for preciso (para ter a impressão de que há mais comida neles)
  • A cada garfada, pouse o garfo na mesa para poder mastigar tranquilamente
  • Coloque uma música ambiente com um ritmo mais lento e tranquilo
  • Não se alimente em frente à televisão

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