null: nullpx
dieta-Tasaudavel

5 questões levantadas pelo caso da jovem que teria morrido por comer proteína demais

Publicado 16 Ago 2017 – 06:35 PM EDT | Atualizado 2 Abr 2018 – 09:32 AM EDT
Compartilhar

A morte da fisiculturista Meegan Hefford, de 25 anos, causada pela alta ingestão de proteínas, reacendeu o debate sobre os malefícios de dietas hiperproteicas. Popular nos mundo todo, a alimentação restritiva a base de grandes quantidades de proteína são conhecidas por causar um rápido emagrecimento e ganho de massa magra.

O diagnóstico que causou a morte da australiana foi confirmado somente após dois meses de seu falecimento, quando foi encontrada inconsciente em seu apartamento, na Austrália. Meegan sofria de uma rara doença genética não identificada, que agravou seu quadro clínico.

Conforme informações do site australiano de notícias Yahoo 7 News, Hefford competia como fisiculturista desde 2014. Na época de sua morte, a australiana estava se preparando para uma competição e passou a consumir quantidades altas de proteínas para definir os músculos.

Somente mais tarde, descobriu-se que ela sofria de uma doença genética que atinge uma a cada 8 mil pessoas. Esse transtorno impede o corpo de quebrar as proteínas (uma macromolécula) em partículas menores, gerando o acúmulo de amônia, uma substância tóxica no organismo.


suplemento-remedio-0317-1400x800.jpg

Questões que vieram à tona após morte de fisiculturista

Havia um condição de saúde prévia que levou à morte

É importante entender que o que levou ao desfecho fatal não foi pura e simplesmente o excesso de proteínas. De acordo com o jornal inglês Independent, Meegan tinha uma desordem chamada Distúrbio do Ciclo da Ureia.

Essa doença consiste em uma série de reações enzimáticas que convertem a amônia, liberada durante o catabolismo das proteínas, em ureia. Isso resulta em níveis elevados de amônia no plasma sanguíneo, o que é altamente neurotóxico aos seres humanos.

Mesmo assim, consumo de proteína pode ser mais cuidadoso

Em entrevista ao Yahoo News, a mãe de Hefford, Michelle White, contou que não sabia que a filha estava ingerindo grandes quantidades de suplemento proteico em casa. E, tampouco, que a filha possuía uma doença rara. Segundo ela, os exames rotineiros não detectaram nenhuma anormalidade. 

Diante dos riscos da ingestão dessas substâncias, White pede que os suplementos proteicos sejam regulamentados na Austrália. Desse modo, só teriam acesso ao produto pessoas que, de fato, possam consumi-los sem oferecer riscos a saúde.

Dieta da proteína: é ou não perigosa?

Popular por provocar perda de peso rapidamente, a dieta da proteína inclui uma série de subtipos que reduzem ou eliminam a ingestão de carboidratos.

As dietas variam quanto a quantidade máxima permitida de carboidratos e de gorduras, sendo as mais conhecidas são as dietas Dukan, Atkins e a Pronokal, que utiliza sachês de alimentos proteicos. 

Devido ao baixo consumo de carboidratos, o organismo entra em um processo natural chamado de cetose, em que o metabolismo começa a consumir sua própria gordura para gerar energia

Devido a sua popularidade, não são raras as pessoas que se aventuram a testar dietas proteicas sem nenhum acompanhamento médico. Receitas vindas da internet, por exemplo, podem desencadear problemas graves em pessoas que desconheçam que possuem determinadas doenças. 

De modo geral, regimes hiperproteicos podem causar graves prejuízos aos rins, pois se não houver hidratação adequada, ocorre elevação de ácido úrico no sangue e eliminação de cristais na urina, abrindo portas para um quadro de cálculos renais.

Em casos mais extremos, o excesso de proteínas pode levar até mesmo a convulsões. Por isso, exames renais são sempre necessários para acompanhar os efeitos da dieta no corpo.

Além disso, há pessoas com quadros clínicos específicos que são proibidas de fazer dietas com alta ingestão de proteínas. Isso porque, após um longo período em que o corpo está em cetose, o metabolismo entra em outro processo, chamado de cetoacidose. Ele é responsável por tornar todo o organismo ácido,  que em casos extremos pode levar até mesmo ao coma ou à morte.

A acidez do sangue é um risco para todo mundo, mas afeta principalmente os diabéticos e hipertensos. Pessoas com problemas pré-existentes nos rins e fígados também não devem fazer a dieta.

O que acontece com a proteína em excesso no nosso corpo?

O intestino absorve no máximo 20 gramas de proteína por refeição e um valor maior será eliminado pela urina. Se não tivermos secreção adequada de enzimas digestivas, a proteína não será transformada em aminoácido e, portanto, não será utilizada.

Emagrecimento à base de proteína é duradouro? Vale a pena?

O processo de cetose, gerado pelo uso da própria gordura para gerar energia, provoca uma grande perda de peso nos primeiros seis meses e depois tende a se estabilizar.

O método, entretanto, não faz milagres. De acordo com Renato Zilli, endocrinologista do hospital Sírio Libanês, de São Paulo, esse tipo de dieta tem como objetivo promover a reeducação alimentar, para que a pessoa que deseja perder peso aprenda a priorizar a qualidade dos alimentos em detrimento da quantidade, e que isso se mantenha.  "Não é uma solução definitiva. Ajuda na perda de peso, mas o cuidado é contínuo", afirma Renato Zilli.

Para o fisiologista do exercício Raul Santo, da Universidade São Judas Tadeu, dietas com muita proteína e nenhum carboidrato não emagrecem de verdade.  "Quando a alimentação foge muito dos valores recomendados de 70% das calorias provenientes dos carboidratos, 30% da gordura e 10% da proteína, o que é perdido é massa magra". 

Perigo das dietas:

Compartilhar

Mais conteúdo de interesse