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Estupro de Giselle Itié aos 17: o que ela fez para conseguir superar é muito positivo

Publicado 9 Nov 2017 – 03:01 PM EST | Atualizado 15 Mar 2018 – 11:36 AM EDT
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Quase um ano após revelar que sofreu um estupro aos 17 anos, a atriz Giselle Itié contou que relatar o trauma através da escrita gerou mudanças surpreendentes em sua vida e saúde mental.

Em entrevista ao canal do YouTube de Gabriela Pugliesi, a artista relembrou o fato com um viés esperançoso e positivo:

Abuso sexual de Gisele Itié

Gisele Itié sofreu um estupro aos 17 anos durante uma viagem com a família de seu namorado. Na ocasião, a jovem foi convencida a acompanhar o parceiro a uma boate e, após descuidar de seu copo, foi dopada e estuprada enquanto estava inconsciente.

"Eu perdi minha virgindade nesse estupro. E a gente cresce com princesa e príncipe, perder a virgindade no casamento, essa é a educação que tive", relembrou.

Na época, Itié contou o ocorrido para sua mãe e chegou a fazer terapia psicológica, mas a notícia só chegou a seu pai muitos anos depois, já que tinha medo de ele agredir o estuprador e acabar sendo preso.

"Existe esse trauma pois, infelizmente, a gente vive nesse mundo machista. [Nas] 24 horas [do dia] somos lembradas que somos de alguma forma um objeto. Um estupro é consequência dessa sociedade patriarcal em que a gente vive", afirmou.

Superar o trauma

Segundo a atriz, a lembrança sempre será marcante, mas ter escrito o relato à revista Glamour em janeiro de 2017, 18 anos após o crime, fez com que se sentisse melhor: "Quando eu escrevi, eu entendi que tinha cicatrizado uma ferida que ainda estava aberta."

Ela disse que antes vivia no automático, trabalhando, namorando, tendo relacionamentos estranhos, mas que passou a se sentir abraçada. "Eu quero poder passar isso para as pessoas e quero que as mulheres se sintam abraçadas comigo podendo contar para um movimento: 'Olha só, eu também passei por isso, mas estou aqui'", incentivou.

Segundo a psicóloga Marilene Kehdi, pós-graduada em Psicossomática, o fato de Gisele ter conseguido colocar o trauma pra fora pela escrita foi uma das melhores oportunidades para se livrar do sofrimento e ter mais saúde física, mental e emocional.

Escrever e falar sobre traumas ajuda?

Todos os traumas, em especial os que ocorrem na infância e adolescência, precisam ser tratados para serem superados e resolvidos. "Se isso não acontece, surgem sintomas e doenças como ansiedade, irritação, fobias, insônia, síndrome do pânico e depressão", falou a psicóloga.

Manter um trauma, como o estupro, para si mesma, sem expressá-lo a um especialista ou a amigos de confiança, ainda prejudica a qualidade de vida, os relacionamentos e a saúde.

"Quando se externaliza, seja por meio de psicoterapia, cartas, textos ou conversas, se coloca para fora todo o sentimento traumático negativo e se entende o que aconteceu, conseguindo ter uma reação resiliente", esclarece Marilene Kehdi.

Onde buscar ajuda?

Segundo a especialista, o trauma pode ser completamente superado com ajuda de psicoterapia, apoio familiar e de amigos e, quando necessário, uso de medicamentos para estresse, ansiedade e depressão.

É indicado buscar auxílio rapidamente, já que a prolongada dificuldade de verbalizar pode ser muito angustiante e agressiva.

A vergonha e/ou medo de relatar o abuso também poderá ser contornado por meio do apoio de um especialista, que aplicará técnicas adequadas para incentivar a verbalização.

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