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Interpretação de Natalie Portman é o único motivo que você precisa para assistir "Jackie"

Publicado 13 Fev 2017 – 04:00 AM EST | Atualizado 20 Mar 2018 – 12:57 PM EDT
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A história do assassinato do presidente norte-americano John F. Kennedy, em 1963, já foi contada e recontada inúmeras vezes no cinema, mas, neste ano, uma nova perspectiva levanta algumas questões – e pessoas – que vão além do crime e do choque que a tragédia provocou no mundo inteiro. Natalie Portman vive “Jackie”, viúva do presidente e protagonista do filme que lhe rendeu uma indicação ao Oscar de Melhor Atriz.

Chapa-branca

Com atuação memorável, a atriz é o principal motivo pelo qual a produção deve ganhar destaque nessa temporada. Isso porque a trama, de forma geral, se classifica mais como um roteiro bastante chapa-branca do que como filme político ou documental. JFK fica à sombra junto com toda a polêmica que envolveu seu curto mandato e sua vida pessoal - como os diversos casos extraconjugais que chegaram à mídia na época ou algumas questões de política internacional em relação a Cuba, por exemplo.

Dessa forma, o filme perde muito do aspecto realista, mas ganha como um drama quase romântico ao aproximar o público de uma figura intensa como Jacqueline Kennedy. São as emoções, traumas e lembranças dela que formam a imagem de um marido, pai e político perfeito que - apesar de os registros históricos mostrarem controvérsias – nos fazem embarcar em sua visão dos fatos.

Em conversa com o repórter Theodore H. White, da revista Life, a ex-primeira dama relembra o trauma do assassinato junto a reflexões sobre a imagem pública e o legado que ela e seu marido poderiam deixar, a relação com a Casa Branca e os bastidores do que aconteceu entre a morte de Kennedy e a posse do presidente seguinte, Lyndon B. Johnson.

Conto de fadas?

Com direção do chileno Pablo Larraín (de "Neruda"), “Jackie” ainda traz ares de um conto de fada em que a princesa perde seu amado precocemente e, agora, precisa abandonar o castelo. Utilizando o clássico musical “Camelot” como trilha sonora, o filme mostra como Jacqueline pintou um “mundo ideal” na época da presidência do marido. E, assim como na história de Camelot, Jackie também queria tornar o marido uma lenda. “Ninguém se lembra de presidentes que não terminaram o mandato”, diz a protagonista no filme.

Luto

A forma de experienciar o luto – ainda mais resultado de um fim trágico – é o que torna “Jackie” tão tocante. É impossível, graças à intensidade de Portman, não desenvolver alguma empatia pelo desespero da esposa, mãe de quatro crianças (duas das quais também já mortas) ao ficar banhada pelo sangue do marido assassinado à luz do dia e ao lado dela. Ao mesmo tempo, ficam evidentes também os conflitos causados pela vaidade da primeira-dama ao querer realizar um funeral megalomaníaco para o marido.

As imagens de Jackie em suas aparições públicas, grandes festas na Casa Branca e sozinha, nos aposentos em que antes ficava com o marido, bem como a relação delicada com os filhos, com a família do marido e com a nova equipe presidencial, refletem a virada cheia de agonia que a vida da mulher deu em tão pouco tempo. A entrevista concedida à Life acontece apenas uma semana após a morte de JFK e, assim, vemos uma viúva que alterna momentos de surto, lucidez e devaneios, mas que acabou conseguindo se tornar a primeira-dama mais famosa na história dos Estados Unidos.

Indicados ao Oscar 2017

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