Já vimos “La La Land”: favorito ao Oscar renova o jeito de fazer musical no cinema
Raramente vemos um filme musical ser aclamado pelas críticas. O último grande exemplo foi “Os Miseráveis” (2012) – ganhador de três Oscars. Atualmente, o panorama do cinema mostra a desvalorização do gênero, que já fez muito sucesso no passado hollywoodiano. No entanto, “ La La Land: Cantando Estações” chega como herdeiro dos musicais, mostrando que ainda é possível dar uma cara nova ao modelo.
Vencedor de sete Globos de Ouro, é a sensação de 2017 e o grande favorito ao Oscar, assim como seu diretor, Damien Chazelle, e os protagonistas Emma Stone e Ryan Gosling.
“La La Land” conta a história de Mia (Emma Stone) e Sebastian (Ryan Gosling), jovens que sonham com o sucesso ao mesmo tempo em que enfrentam a dura realidade de Los Angeles. Ela é garçonete de um café dos estúdios da Warner Bros, mas quer ser atriz; ele é um pianista que não consegue se manter no emprego por insistir no “falecido” jazz. Os dois são apaixonados – ela por atuação, ele por música – e, após uma primeira interação nada amigável, o casal acaba percebendo que pode perseguir o sucesso juntos.
Com um roteiro simples – uma moça que quer realizar o sonho de ser atriz e um homem que não desiste de sua música –, o diretor Damien Chazelle (de “Whiplash”) elabora uma narrativa minimalista, resultando em enredo sofisticado e singelo.
Música
Começando com uma impressionante sequência que se passa em uma rodovia de Los Angeles, na qual vários de carros estão presos em um congestionamento, a trilha sonora surpreende. A cena mostra jovens saindo dos veículos enquanto começam a cantar. São os aspirantes a artistas que vão de diversas partes do mundo em direção a Los Angeles para persistir em seus sonhos – metáfora presente durante todo o longa-metragem.
Apesar da maravilhosa sequência de abertura, não espere que o filme seja repleto de cantoria, já que o passo diminui bastante. A música, no entanto, continua ditando o ritmo em momentos chaves: em explicações apaixonadas ou nas audições de Mia.
Não espere uma trilha sonora clássica e com vocais impecáveis, é um musical que mantém os pés no chão até nisso e é evidente que os protagonistas não são cantores profissionais. Mesmo assim, as músicas românticas e de melodia fácil entram na cabeça e é capaz de você se pegar cantarolando "City of Stars" por aí. E tudo é arrematado com as coreografias divertidas e o carisma dos personagens.
Protagonistas
Stone e Gosling brilham durante todo o filme. Os dois têm química nas telonas – como já foi visto em “Amor a Toda Prova” (2011) –, mas o papel de Emma ganha um maior destaque durante a narrativa.
O esforço dos dois para cantar e dançar é nítido, já que os artistas não têm o treinamento para essa parte, o que ajuda no clima despretensioso do filme. Afinal, não é um musical clássico de Hollywood e o diretor faz questão de deixar essa intenção clara. O resultado final é surpreendente e agrada o público. Já Gosling é uma surpresa como pianista, tocando o instrumento de verdade durante as cenas. Ele teve apenas três meses para dominar o piano e, pelo que se vê nas telonas, é um aluno aplicado.
Cenário, iluminação e figurino
O filme é absurdamente colorido e cheio de referências ao passado. Pela fotografia, se tem a impressão de que a história se passa nos anos 1950, fazendo uma homenagem à Era de Ouro do cinema americano. A iluminação por vezes é exagerada, mas se encaixa nas situações da história. Já as imagens de clássicos do passado estão registradas nas fachadas e outdoors de Hollywood, observando e sendo observadas a todo momento pelos personagens.
O figurino, criado por Mary Zophres, tem cores fortes e saturadas, fazendo referências a filmes e musicais românticos como "Cantando na Chuva" e "Romeu e Julieta". O guarda-roupa clássico e retrô de Mia e o visual de estrela do jazz de Sebastian chamaram atenção durante a narrativa.
Surpreendendo o público, “La La Land” mostra que ainda é possível resgatar a essência dos musicais de Hollywood com um roteiro simples. Além disso, a produção faz com que os espectadores se relacionem com a narrativa através do toque atual que o diretor dá ao enredo.