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Por que estão criticando o filme brasileiro que concorre ao Oscar 2017?

Publicado 13 Set 2016 – 06:15 PM EDT | Atualizado 27 Mar 2019 – 08:34 AM EDT
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Há alguns dias, o Ministério da Cultura divulgou a lista de filmes brasileiros que disputariam uma vaga na concorrência ao Oscar de Melhor Filme de Língua Estrangeira. Um dos destaques da competição foi o longa “ Aquarius”, de Kleber Mendonça Filho: polêmico, ele gerou uma grande discussão política em torno da realidade brasileira. No entanto, para surpresa da maioria, quem levou a disputa e vai concorrer ao Oscar é “ Pequeno Segredo”, de David Schurmann.

A decisão do Ministério gerou divergências e não escapou de críticas ferozes - tanto à indicação quanto aos motivos pelos quais “Aquarius” teria perdido a vaga. Além do tema polêmico (a história de uma aposentada que sofre ameaças de uma construtora para vender seu apartamento), a equipe do filme protestou contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff durante exibição no Festival de Cannes, na França.

Em nota no Facebook, Mendonça Filho comentou que a escolha do Ministério possivelmente reflete a realidade política do Brasil. “Para além de decisões institucionais via Governo Brasileiro, Aquarius é um filme que já faz parte da cultura e desse tempo, num ano difícil no nosso país. No final das contas, é um filme sobre o Brasil, que está no filme da maneira mais honesta possível. Talvez seja exatamente esta honestidade que tenha feito de Aquarius um filme forte como agente cultural, social e produto da nossa indústria do entretenimento”, escreveu o diretor.

Vale lembrar que Aquarius ainda pode concorrer ao Oscar em outras categorias além de Melhor Filme de Língua Estrangeira, como aconteceu com Cidade de Deus, indicado a quatro prêmios (Melhor Diretor, Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Edição e Melhor Fotografia) em 2004. O problema é que a concorrênca hollywodiana é maior.

Com estreia originalmente marcada para 10 de novembro, “Pequeno Segredo” deve chegar aos cinemas mais cedo: 22 de setembro. Antes mesmo de ser exibido nas telonas, o longa já tem recebido críticas pela temática muito mais leve e pela falta da abordagem a discussões sociais relevantes ou que incentivem a reflexão do espectador. O filme conta a história da família Schurmann e a adoção de uma criança.

Justamente por ter passado pela rigorosa seleção do Festival de Cannes e do prêmio Palma de Ouro, a indicação de Aquarius parecia certa. Outros diretores, como Anna Muylaert e Gabriel Mascaro, pediram que seus filmes (“Mãe Só Há Uma” e “Boi Neon”, respectivamente) fossem retirados da disputa como forma de protesto à escolha do Ministério, que havia classificado o filme para maiores de 18 anos. O MinC, no entanto, voltou atrás e mudou a classificação indicativa para maiores de 16 anos.

Em entrevista ao jornal O Globo, os diretores comentaram o assunto.“Quando se despreza um filme que conseguiu chegar ao festival francês, coisa que não conseguíamos há anos, por um que ninguém viu, jogamos fora um trabalho de qualidade construído ao longo de décadas”, comentou Anna. “O que está em questão não é o filme escolhido, mas o processo de sua escolha”, completou Mascaro.

O lado de ''Pequeno Segredo''

No Facebook, a atriz Julia Lemmertz, que está no elenco “Pequeno Segredo”, defendeu o filme. “Tive a alegria de fazer esse filme há dois anos, quando o mundo ainda estava diferente de agora. Era só um filme, a história de uma família de velejadores, decomo o amor e a generosidade podem salvar uma vida. Fiz o filme imbuída desse espírito, acreditando que era uma história bonita de ser contada, e acredito ainda. O filme não é o inimigo”, escreveu.

Além disso, na página do filme, muitos fãs questionaram as críticas, já que o filme ainda nem foi visto. “Não vamos falar mal de um filme que ainda não assistimos e que tem tudo para ser um lindo filme pois é inspirado numa história avassaladora”, escreveram alguns usuários. “O interessante é que o filme fala de preconceitos, bullying e diferenças. É incrível como estes temas são tão verdadeiros em todas as esferas e se fizeram presente justamente no dia de hoje. Seguimos inspirados por esse história de amor incondicional com a esperança de que as pessoas consigam se respeitar mais”, defendeu o diretor David Schurmann.

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