null: nullpx
bebê-Mulher

Afinal, bebês de hoje estão realmente nascendo mais inteligentes e desenvolvidos?

Publicado 23 Jun 2017 – 05:02 PM EDT | Atualizado 27 Mar 2019 – 08:57 AM EDT
Compartilhar

A Universidade de Chicago, nos EUA, chegou à conclusão, por meio de muitos estudos, que os bebês são capazes de identificar quando dois adultos são amigos apenas por observar como interagem entre si e os hábitos que possuem em comum.

Já a Universidade Northwestern, também nos EUA, descobriu que os bebês pensam antes de falar. De acordo com o estudo, eles são capazes de aprender as relações abstratas da semelhança e da diferença das coisas.

Ou seja, se você mostrar dois brinquedos, sendo um deles uma boneca, e o outro um camelo, o bebê sabe que eles são iguais porque são brinquedos, mas também sabe que são diferentes, porque possuem aparência diferente.

Isso tudo antes mesmo de aprender as palavras, o que mostra que a linguagem não é requisito obrigatório e que isso é uma habilidade fundamental que já vem com o ser humano.

Enquanto isso, a Universidade Johns Hopkins, nos EUA, conseguiu comprovar que os bebês aprendem coisas novas quando ficam “surpresos”. Isso significa que quando algo surpreende um bebê, como um objeto que não se comporta do jeito que ele espera, ele não só se concentra nesse objeto, mas também aprende mais sobre ele do que aprenderia de um objeto que já é comum e previsível.

À parte os estudos científicos, já viralizaram na internet inúmeros vídeos de bebês que, ainda muito pequenos, já conseguem “andar” e falar.

Fato é que, apesar de todas as constatações, “os bebês não estão nascendo mais inteligentes ou desenvolvidos. Na verdade, sempre tiveram um potencial de aprendizagem fantástico!”, ressalta o pediatra Dr. Carlo Crivellaro, da Sociedade Brasileira de Pediatria.

Bebês nascem mais inteligentes?

A sensação que temos de que os bebês estão nascendo mais desenvolvidos hoje em dia não está, porém, de todo errada.

O que acontece é que eles têm sido muito mais estimulados agora do que no passado.

“É só você pensar no bebê da década de 60, por exemplo. Os estímulos audiovisuais eram menores. Hoje, brinquedos e utensílios são muito mais desenvolvidos e oferecem uma oportunidade de aprendizado muito maior”, explica o neuropediatra Paulo Emídio Lobão Cunha, da rede de centro médicos do Dr. Consulta.

De acordo com a psicóloga e psicanalista da Sociedade Brasileira de Psicanálise do Rio de Janeiro, Renata Bento, os estímulos já começam quando o bebê ainda está dentro da barriga.

Os primeiros meses também são de extrema importância para determinar como a criança vai se desenvolver. “A família é fundamental”, destaca ela. “A mãe vai mobiliando esse mundo interno do bebê e isso vai se desdobrando. E a gente carrega pela vida o bebê que fomos”, completa.

A grande quantidade de estímulos, é claro, resulta em um desenvolvimento muito mais rápido.

Portanto, a mudança não é cerebral e nem corporal.

“Ainda não há nenhum fator genético comprovado, mas existe sim um conjunto de fatores, externos e internos, que promovem o neurodesenvolvimento do bebê mais cedo agora”, explica o neuropediatra Paulo Emídio Lobão Cunha, da rede de centro médicos do Dr. Consulta.

Bebês nascem andando e falando?

Quanto aos vídeos surpreendentes que mostram bebês andando, falando e até reconhecendo números e letras, o neuropediatra Paulo Cunha explica que, em geral, as crianças já nascem com alguns reflexos que podem se manifestar nos primeiros meses de vida e podem fazer parecer que eles já “nasceram sabendo algo”.

Tratam-se de movimentos primitivos, que nada mais são do que uma resposta a um estímulo. “Não é algo voluntário. Ele não sabe o que está fazendo”, explica o neuropediatra.

“É o caso do reflexo da marcha, que pode fazer um bebê recém-nascido dar passos se sustentá-lo pelas axilas. Ele automaticamente vai colocar uma perna na frente da outra, ela vai ficar inclinada e se movimentar como se o bebê estivesse andando”, exemplificou.

Outro exemplo de ‘movimento primitivo’ é chamado de ‘pressão pomar’ e acontece sempre que alguém coloca o dedo no centro da palma da mão de um bebê que, imediatamente, reage fechando os dedos.

No caso de bebês que repetem frases ou aprendem letras e cores, “o que acontece é que hoje, na verdade, a criança já tem um repertório muito maior. E a tendência é que a cada dia eles fiquem ainda mais precoces”.

“No primeiro ano de vida, o cérebro da criança vai aumentando as conexões para adquirir mais conhecimento. Isso faz com que o volume do cérebro aumente. Mas não dá pra negar que hoje essa conectividade está maior”, aponta Cunha.

A ciência e os bebês

O estudo científico relacionado a bebês sofria com falta de interesse. “Muitas pessoas não gostam porque é superdifícil. Com os adultos, você pode simplesmente fazer-lhes perguntas. Com os animais, você pode fazê-los fazer coisas. Não com os bebês”, diz o pesquisador Zita Patai, da Universidade College London, em Londres, na Inglaterra, em entrevista para The Guardian.

Hoje, porém, os bebês “passaram a ser mais considerados, a ter mais estudos científicos”, garante a psicóloga e psicanalista Renata Bento.

Com experimentos criativos e altamente direcionados, os cientistas estão começando a entender melhor o funcionamento do cérebro do bebê.

Dúvidas sobre os bebês

Compartilhar
RELACIONADO:bebê-Mulher

Mais conteúdo de interesse