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Como age novo superantibiótico que é até 25 mil vezes mais poderoso que droga atual

Publicado 27 Jun 2017 – 06:00 AM EDT | Atualizado 2 Abr 2018 – 09:32 AM EDT
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Em tempos de perda de força dos antibióticos diante da resistência das bactérias, uma arma potente surge para o lado humano. Cientistas do Scripps Research Institute, dos EUA, anunciaram a criação de um superantibiótico, cujo poder de destruição pode ser 25 mil vezes maior que sua antiga fórmula.

Novo superantibiótico: o que é?

Trata-se da substância vancomicina 3.0, uma grandiosa evolução dos vancomicina 1.0 e 2.0, que é usado contra infecções perigosas desde 1958. Estas duas versões anteriores foram se tornando obsoletas quanto mais as bactérias se tornavam resistentes.

A Organização Mundial de Saúde (OMS), inclusive, faz um alerta de que há um risco iminente de vermos superbactérias resistentes a qualquer tipo de antibióticos - a entidade afirma que se o quadro não se reverter, até 2050 mais de 10 milhões de pessoas morrerão em decorrência das infecções bacterianas.

Por que é tão eficaz?

O que o vancomicina 3.0 tem de especial é a forma como age sobre a bactéria. A substância não só encontrou uma maneira de parar a construção da parede celular do micro-organismo, como também atua para destruir a membrana da parede externa. Mais que isso: os cientistas cruzaram três formas de ataque da vancomicina, que são misturados no composto. Ou seja, a bactéria sofre em três diferentes níveis.

"Os organismos não podem trabalhar simultaneamente para encontrar um caminho ao redor de três mecanismos de ação independentes. Mesmo que eles encontrem uma solução para um desses, os organismos ainda serão mortos pelos outros dois", afirmou Dale Boger, um dos líderes do projeto, na apresentação do estudo.

Outro fator que sustenta a condição de superantibiótico para a substância é a sua resistência. O trabalho aplicou a vancomicina 3.0 sobre as bactérias por 50 rodadas e ainda assim os micro-organismos não apresentaram evolução para reagir ao ataque. É comum que haja alguma evolução das bactérias já nas primeiras rodadas.

Natalia Pasternak, professora e pesquisadora do departamento de bacteriologia molecular do ICB-USP, reconhece a importância da descoberta, mas com ressalvas. “É o primeiro completamente sintético e direcionado, um grande avanço e muito promissor”, diz. “Mas temos que pensar em outras maneiras de lidar com infecção, hoje sabemos que em dois anos uma bactéria já tem resistência sobre um antibiótico convencional”, completa.

“A tecnologia vai evoluir, mas as bactérias estão na Terra há pelo menos 3 bilhões de anos e são muito adaptáveis, vão se fortalecer”, afirma Ana Gales, coordenadora do Comitê de Resistência Antimicrobiana da Sociedade Brasileira de Infectologia. “Corre-se o risco de, daqui 50 anos, ficarem muito resistentes e não conseguirmos criar drogas na mesma velocidade.”

Risco dos antibióticos

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