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O que você come muda seu DNA: efeitos poderão ser sentidos pelos seus filhos

Publicado 25 Mai 2017 – 06:01 AM EDT | Atualizado 2 Abr 2018 – 09:32 AM EDT
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Tudo que fazemos e tudo que comemos pode ficar gravado para sempre em nossos genes. Recente estudo publicado por cientistas da Universidade de Copenhague na revista científica Nature Reviews Endocrinology traz evidências de que nossos hábitos já registram informações em nosso genoma - e que podem ser transmitidas diretamente para filhos. 

Nossa alimentação afetará nossos filhos

O sedentarismo e a alimentação desregrada dos pais influenciam os filhos a agir da mesma forma e sofrer com as mesmas consequências, como diabetes e obesidade. A influência da questão comportamental dentro da família já é bem conhecida pelos cientistas, mas a forma como nossos hábitos diários serão passados para nossa prole através dos nossos genes ganha importância a cada dia. 

“Alterações epigenéticas transitórias em todo o genoma podem influenciar os resultados metabólicos e podem ou não ser hereditárias. Podem surgir de uma variedade de exposições ambientais, incluindo desnutrição, obesidade, atividade física, estresse e toxinas”, descrevem os autores do artigo.

É uma virada e tanto para o estudo dos genes, que tem como premissa a tese de que a cada geração informações hereditárias são transferidas, mas que aquilo que o organismo desenvolveu em vida, não.

O foco do estudo foi entender a relação entre as características da epigenética [parte dos genes que se modifica devido a interferência do ambiente] no desenvolvimento do diabetes tipo 2 e da obesidade. As 100 variantes genéticas identificadas, constatou a pesquisa, seriam responsáveis somente por 10% da predisposição para contrair a doença. Os demais fatores, seriam da ordem dos hábitos e da dieta.

Como a dieta altera os genes?

Um aspecto importante que o trabalho dos dinamarqueses aponta é a relação da nutrição enquanto feto ou na primeira infância e doenças consequentes. O que acontece é que quando exposto a uma situação limite, por exemplo uma nutrição inadequada na formação de seu organismo, o corpo se reprograma para se adaptar ao mundo.

Portanto, uma má nutrição do feto ou bebê tem relação com doenças metabólicas e cardiovasculares na vida adulta. O corpo programa seu perfil metabólico para a situação de fome e, quando tem acesso abundante de comida, tende à obesidade e ao diabetes.

De pai para filho

A pesquisa vai além e relaciona isso não apenas com o desenvolvimento do próprio indivíduo, mas com sua herança genética. Foram acompanhados grupos de pessoas cujos pais tiveram problemas de alimentação em períodos de guerra e o resultado foi semelhante. Em roedores, a evidência foi mais clara: quando pais se alimentam com muita gordura, na mesma proporção os filhos têm resistência à insulina.

Outro lado: exercícios deixam "genes saudáveis"

Benefícios generalizados bem conhecidos dos exercícios, como melhora da função cardiovascular, melhor distribuição da glicose e oxidação dos ácidos graxos, são também transferíveis de pais para filhos. O estudo recomenda que mulheres grávidas façam exercício regularmente, pois foi constatado que afeta positivamente a saúde metabólica da criança, ou mesmo de seus netos, reduzindo o risco de obesidade e diabetes.

Os resultados em testes com roedores foram mais amplos. Constatou-se que o estímulo de exercícios regulares nos ratos pais e mães resulta em gerações seguintes mais saudáveis. Os ratos machos apresentaram redução de peso e de massa de gordura, e as ratas fêmeas, aumento de massa muscular e tolerância à glicose.

Em outro teste com roedores, foram combinados fatores de pais cujas vidas tiveram constantes exercícios estimulados e filhos com exposição à alimentação com muita gordura. A relação mostrou que quando pais têm vida saudável, os filhos têm menos propensão à desregulação epigenética e metabólica induzida pela dieta de alta gordura.

A complexidade de fatores que permeiam a relação dos genes e tais doenças é alta, portanto os pesquisadores assumem que os resultados definitivos ainda virão. Mas já recomendam: se quer descendentes mais saudáveis, coma bem e faça exercícios.

Como genes mudam sua vida

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