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Humanos têm olfato ruim? Estudo mostra que somos tão bons farejadores quanto cães

Publicado 19 Mai 2017 – 06:01 AM EDT | Atualizado 16 Mar 2018 – 08:40 AM EDT
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Cachorros são capazes de sentir cheiros que nós jamais poderíamos distinguir. Presumimos, portanto, que a capacidade olfativa de cães, e de outros mamíferos em geral, é melhor que a nossa. Hoje, temos evidências suficientes para afirmar que isso não é verdade.

O estudo “ Olfato humano pobre é um mito do século 19” [tradução livre], liderado por John McGann, da Universidade Rutgers, nos Estados Unidos, demonstra que nossas capacidades de sentir cheiros é similar a de todos os outros mamíferos e que, proporcionalmente, nosso cérebro tem a mesma quantidade de neurônios dedicados ao olfato quanto cachorros e ratos.

Cérebro humano: neurônios iguais ao de outros animais?

A capacidade neurobiológica e sensorial do sistema olfativo humano e dos demais mamíferos é, em geral, bastante semelhante, afirma o autor. É verdade que no homo sapiens há menos genes receptores olfativos funcionais que, por exemplo, nos roedores. Por outro lado, é também fato que o cérebro humano tem lóbulos olfatórios mais complexos.

O estudo colocou em evidência as respostas de seres humanos e outros 24 mamíferos ao serem apresentados a diferentes odores. O resultado foi um desempenho similar, embora cada espécie tenha reagido melhor ou pior de acordo com o tipo de odor testado. Isso porque os receptores nasais são, naturalmente, distintos.

“Quando uma gama adequada de odores é testada, os seres humanos superam os roedores e cães de laboratório na detecção de alguns odores, sendo menos sensíveis a outros cheiros. Como outros mamíferos, os seres humanos podem distinguir entre um número incrível de aromas e podem até mesmo seguir trilhas de perfume ao ar livre”, escreveu John McGann no artigo.

Como sentimos cheiros?

No nariz de todos nós há células que são capazes de capturar informações dos elementos químicos apresentados pelo ambiente. Essas células mandam sinais para um pedacinho espremido do cérebro que é o bulbo olfatório, que decodifica esses sinais em informações que podem ser entendidas por todo o cérebro.

O bulbo olfatório manda as informações sobre o odor que foi sentido pelo nariz para outras partes do cérebro, que juntam essas informações de forma ordenada e as relacionam a outras informações, resultados de outros estímulos sensoriais, e também a emoções já sentidas antes. Assim, podemos entender que o aroma de uma flor é sinal de que esta flor é, por exemplo, uma rosa.

De onde surgiu a lenda do olfato ruim?

O bulbo olfativo dos seres humanos é menor que o de outros mamíferos. O que o autor consegue demonstrar neste estudo é que, embora de tamanho menor, a proporção de neurônios é equivalente ao de outras espécies. Em números absolutos, há muito mais neurônios no cérebro humano que nos demais mamíferos.

A hipótese de que nosso olfato é pior que dos demais mamíferos é assinada pelo neuroanatomista do século 19 Paul Broca. Para o cientista, os seres humanos teriam desenvolvido demais o lobo frontal do cérebro, que seria responsável pelo livre arbítrio, à custa do espaço ocupado pelas funções do sistema olfativo. Isso explicaria, inclusive, porque os animais são tão suscetíveis ao olfato - como aquele cachorro que corre desenfreado ao sentir cheiro de comida ou do dono.

Esta se tornou a tese mais difunda sobre o olfato humano, com influência até nas teorias da psicanálise de Sigmund Freud. Alguns autores afirmaram que nós seríamos capazes de distinguir até 10 mil odores diferentes, enquanto hoje já se sabe que podemos farejar milhões de aromas distintos.

Olfato pode explicar outras doenças

A falta de compreensão sobre a capacidade olfativa humana pode ter afetado o desenvolvimento de diversas áreas do conhecimento. O autor argumenta que, agora, a ciência pode explorar o papel da comunicação olfativa nas interações sociais e na explicação de emoções e, também colaborar no tratamento de doenças neurológicas.

“Finalmente podemos investigar se o olfato prejudicado pode ser um indicador de certas doenças neurodegenerativas, como a doença de Parkinson e a doença de Alzheimer”, afirma no artigo.

Olfato saudável

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