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Animais zumbis e 5 parasitas que dominam seus cérebros: fungo, peixe suicida e outros

Publicado 3 Mai 2017 – 09:03 AM EDT | Atualizado 27 Mar 2019 – 09:05 AM EDT
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O cenário de um filme apocalíptico de zumbis pode ser algo distante para você. Mas é um medo real com o qual alguns bichos precisam lidar: existem parasitas no reino animal que mudam completamente o comportamento do hospedeiro. E não estamos falando de uma simples dor de cabeça.

Há casos de caranguejos castrados pelo parasita, ratos que perdem o medo de predadores, peixes que se tornam suicidas e baratas que perdem totalmente o controle dos próprios corpos, se tornando zumbis incubadoras de vespas. Não é exagero: alguns parasitas encontraram mecanismos assustadores para completarem seus ciclos vitais.

5 parasitas que transformam seus hospedeiros em zumbis

Barata zumbi

Existe uma vespa que habita praticamente o mundo inteiro. Não por acaso, esse inseto, de nome científico Ampulex compressa, tem forte presença em lugares que a barata também habita, e podemos incluir aí o Brasil. A relação entre elas é tão forte quanto vantajosa, mas só para o lado da vespa.

Ao se aproximar da barata, a Ampulex injeta um veneno que paralisa as patas dianteiras da futura hospedeira, impedindo-a de fugir. Depois, um segundo ataque da peçonha tem como foco o sistema nervoso do inseto.

Injetado com exatidão, o veneno não mata a barata, mas a deixa sem nenhum reflexo de fuga ou defesa. “O mais incrível é o nível de especificidade da vespa que, como um neurocirurgião, introduz a quantidade de substância que não mata e deixa o bicho vivo”, explica o biólogo Randy Baldresca.

Com todo o sistema fisiológico operando normalmente, a essa altura a barata não tem mais a capacidade de se defender, tornando-se um zumbi. A vespa então puxa a hospedeira pelas antenas até sua toca, porque o processo ainda não terminou: a barata servirá de “ninho” dos ovos hospedeiros.

Toda essa tortura tem como objetivo a reprodução do inseto. A vespa introduz suas larvas na cavidade intestinal da barata. As filhotes de Ampulex irão se alimentar do corpo vivo da barata indefesa e poderão nascer saudáveis à custa da hospedeira zumbi. As larvas devoram o hospedeiro de dentro para fora e eclodem da barriga da barata.

Fungo do mal

Mais presentes em regiões da Tailândia, o fungo Ophiocordyceps unilateralis desenvolveu sua própria técnica de “zumbificação”. Formigas infectadas, que geralmente habitam áreas mais altas de vegetações, saem dos formigueiros em busca de proximidades com o solo.

Nesse momento, o inseto não responde mais por si mesmo. A mando do fungo, que domina seu corpo, o último ato da formiga zumbi é agarrar fortemente alguma folha com suas mandíbulas e morrer. Esse lugar não é escolhido ao acaso: a umidade e temperatura alcançadas na posição, somadas com a cavidade formada pelo corpo da formiga, são ideais para o desenvolvimento e proliferação do fungo.

Castração do hospedeiro

O Sacculina é um tipo de crustáceo que só consegue se desenvolver dentro de outros caranguejos. Para isso, ele precisa que seu hospedeiro tenha a resposta biológica de cuidar das larvas como se fossem filhotes. Acontece que no reino animal não é todo macho que tem instintos paternais.

Como seria complicado para o Sacculina escolher apenas fêmeas, o crustáceo teve outra ideia evolutiva: quando infecta caranguejos machos, é melhor castrá-los para transformá-los em mães. Sem a função biológica da reprodução, o caranguejo adota comportamentos da fêmea da espécie e passa a cuidar dos “filhotes” hospedeiros. As larvas de  Sacculina ficam dentro de uma bolsa acoplados ao corpo do caranguejo e lá dentro são alimentandas e protegidas.

Peixe suicida e caramujo estéril

Outro parasita das águas é o Euhaplorchis californiensis, que, como o nome sugere, habita pântanos da California. O terror californiano faz um estrago em todo parasita que habita. Sim, ele passa por mais de um animal.

Primeiro, ele infecta caramujos que se alimentam das fezes de aves (você já vai entender como o E. californiensis foi parar no cocô dos pássaros da região). Uma vez no corpo do molusco, o hospedeiro se torna estéril provavelmente para não gastar energia reproduzindo e fornecer mais nutrientes ao parasita.

Quando se desenvolvem, as larvas parasitas deixam os caramujos e buscam pequenos peixes, de preferência os da família dos killifishes. A partir das guelras do animal, os Euhaplorchis buscam a cabeça para se alojar. Ali, eles formam algo como um tapete em volta do cérebro do peixe, que muda de comportamento. Eles passam a ter quatro vezes mais probabilidade de nadar na superfície.

Segundo um estudo do Departamento de Ecologia, Evolução e Biologia Marinha da Universidade da California, peixes infectados aumentam em 30 vezes a probabilidade de serem comidos por aves.

Lembra que os Euhaplorchis estavam presentes nas fezes de pássaros? Então, isso acontece porque eles são o que os cientistas chamam de “hospedeiros finais” desses parasitas, por isso eles passam todo o ciclo de vida tentando voltar para as aves e fazem os peixes se colocarem em risco para isso.

Rato sem medo

O Toxoplasma gondii é um ser vivo que você deve ter ouvido falar nas aulas de biologia por ser o transmissor da doença toxoplasmose em humanos. Parecido com o Euhaplorchis, esse protozoário também tem seu objetivo de ciclo vital muito claro. Nesse caso, é chegar no estômago de felinos porque só lá que eles fazem a reprodução sexuada.

É isso mesmo que você entendeu: o foco na vida do Toxoplasma é conseguir chegar no seu motel. Então, para isso, quando ele está nos corpos de hospedeiros intermediários, como alguns mamíferos, ele se aloja nas extremidades e músculos, porque essa região é a mais visada quando uma presa é mordida.

O comportamento fica bem estranho quando eles vão parar nos ratos. O Toxoplasma se aloja no cérebro dos roedores, mais especificamente na área que tem medo de gatos e inibe essa fobia natural deles. Um rato que sente o cheiro da urina felina tende a sair correndo de medo e se proteger do predador.

Mas se o rato estiver infectado com o protozoário, seu comportamento sugere que talvez não esteja nem sentindo o cheiro, ou apenas ignorando a possível presença dos gatos. Ele se coloca em risco para ser devorado e, assim, o protozoário alojado em seu cérebro chegar no intestino dos felinos para se reproduzirem.

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