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Útero artificial de laboratório salvou bebê cordeiro prematuro: funcionaria em humanos?

Publicado 26 Abr 2017 – 04:30 PM EDT | Atualizado 28 Mar 2019 – 12:26 PM EDT
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Mais de 11% das crianças nascidas do Brasil são prematuras – isso equivale a cerca de 340 mil pessoas, segundo dados do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). A luta contra o fenômeno, muito comum também em outras partes do mundo, pode ter acabado de ganhar um aliado: um útero artificial, que já foi testado em cordeiros.

Criado em laboratório por cientistas da Universidade da Filadélfia, nos Estados Unidos, o órgão funcionou bem.

Para realizar o teste, 8 cordeiros foram retirados do útero da mãe por meio de cesárea 1 mês antes de nascerem e foram incubados em um tipo de bolsa plástica, chamada de Biobag, com uma solução similar à do fluido amniótico da placenta.

O cordão umbilical foi ligado a um equipamento externo, que servia para a nutrição e para fazer o sangue fluir pelo coração, liberando gás carbônico e absorvendo oxigênio, enquanto outros aparelhos eletrônicos faziam a medição dos sinais vitais. Cérebros e pulmões se desenvolveram normalmente, os olhos abriram, os pelos cresceram e as ovelhas começaram a se mexer.

Tudo exatamente igual a uma gestação convencional. Mas a intenção não é substituir o útero da mãe. “A ideia é ajudar bebês prematuros a ter um ambiente mais propício para que eles tenham uma formação natural mais saudável”, explica Alan Flake, autor do estudo e cirurgião fetal no Hospital Infantil da Filadélfia.

Sete dos animais já passaram por eutanásia para análise dos órgãos internos. Mas um continua vivo, respira sozinho e já tem um ano de idade, sem apresentar problemas.

Útero artificial: pode funcionar para humanos?

Publicada na revista científica da Nature, a pesquisa deixa claro que “não é intenção eliminar a mulher da gestação do feto”. Até seria possível desenvolver um feto humano dessa forma, mas ele precisaria estar em um estágio já avançado, e a máquina só pode ser responsável pela conclusão do processo.

Por isso, para ser executado no ser humano, o processo fica mais complicado. Uma porque, além de outros aspectos, os cérebros se desenvolvem em ritmos bastante diferentes. E mais: a gravidez normal dura cerca de 40 semanas, mas fazendo um paralelo, o estágio testado nos cordeiros corresponde ao bebê humano entre 23 e 25 semanas.

Neste período, os bebês humanos ainda estão muito pouco desenvolvidos e apenas cerca de metade deles consegue sobreviver. E daqueles que se salvam, por volta de 90% sofrem complicações graves, como paralisia cerebral, retardo mental, convulsões, paralisia, cegueira e surdez, diz Flake.

Então, vai demorar um pouco para aplicar a técnica para tentar salvar bebês humanos prematuros. A previsão dos cientistas é que os primeiros testes sejam feitos apenas dentro de 3 anos, conforme reportado pelo site de notícias públicas do governo dos EUA, o NPR.

Descobertas da ciência à saúde

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