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Pesquisa assinada por brasileiro poderá mudar os rumos do tratamento do câncer

Publicado 3 Abr 2017 – 06:00 AM EDT | Atualizado 20 Mar 2018 – 12:57 PM EDT
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Junto com a cirurgia para retirada do tumor e a quimioterapia, a radioterapia forma a tríade principal de tratamento do câncer. Apesar do poder curativo, seus efeitos colaterais são graves, pois as células saudáveis acabam sendo tão danificadas quanto as doentes.  

Mas um novo estudo do campo da física nuclear poderá mudar isso ao questionar o conceito de aceleração de partículas e propor uma nova forma de realizar essa terapia, com a chamada protonterapia. 

Nova teoria sobre aceleração de partículas: o que ela diz?

Mais cara e mais eficiente que os tratamentos convencionais contra o câncer, a protonterapia age com mais precisão sobre as células doentes. Esta técnica é baseada em princípios da física nuclear que, agora, estão sob investigação. Um artigo publicado na Physical Review Letter demonstra que a teoria clássica sobre aceleração de partículas precisa ser revista.

A pesquisa, desenvolvida na Johannes Kepler University, da Áustria, é a primeira a demonstrar de fato falhas na teoria “ion beam analysis”, sobre a desaceleração dos íons.

“A antiga teoria não estava completamente correta, funcionava bem com elementos simples como o alumínio, por exemplo, mas era insatisfatória para outros mais complexos, como os chamados metais nobres (um deles é o ouro)”, explica Marcos Vinicius Moro, cientista brasileiro que é co-autor do trabalho.

O cientista, que é doutorando do Instituto de Física da Universidade de São Paulo, explica que a medição da perda de energia dos íons é uma questão importante para a física nuclear e que esta nova descoberta é das mais relevantes para a comunidade científica - foi capa da principal publicação de física do mundo.

“Percebemos que em elementos de transição ou terra raras, a estrutura eletrônica é muito mais complexa. A teoria anterior, proposta inicialmente na década de 50 e melhorada na década de 80, não levava em conta toda essa complexidade destes tipos de elementos”, resume o físico.

Protonterapia no tratamento do câncer

Hoje, são três os principais tratamentos contra o câncer: a remoção cirúrgica do tumor, a quimioterapia e a radioterapia. A quimioterapia trata o paciente via medicamentos e a radio, pelo uso de raios-x, que têm a função de matar as células cancerígenas.

A radioterapia, contudo, é bastante desgastante para o paciente e, devido à força do raio-x, destrói tanto células doentes quanto as saudáveis. A protonterapia, ainda um procedimento bastante caro - cerca de 25 vezes o custo da radio -, é muito mais efetiva e traz menos efeitos colaterais.

A técnica da protonterapia é baseada nos cálculos de perda de energia de íons. É o que define a precisão com a qual os feixes de prótons agem sobre as células. “Pense em uma bola de gude atingindo uma parede de isopor como o feixe de prótons e o tumor. Demonstramos nesta pesquisa que a teoria não está 100% correta para calcular a velocidade desta bola”, compara o cientista.

“Ainda é difícil prever quanto isso vai mudar as técnicas aplicadas, o uso da teoria ainda tem muitos passos”, explica sobre a aplicação deste trabalho na protonterapia.  

Ciência na luta contra o câncer

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