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Maior extinção de plantas da história deve atingir o cerrado brasileiro em 30 anos

Publicado 27 Mar 2017 – 06:00 AM EDT | Atualizado 14 Mar 2018 – 09:19 AM EDT
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O índice de desmatamento na região do cerrado brasileiro, que inclui os estados de Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Bahia, Maranhão, Piauí, Rondônia, Paraná, São Paulo e Distrito Federal, além de partes do Amapá, Roraima e Amazonas, corre risco de sofrer a maior perda de plantas e vegetais de sua história. A grande culpa é da atividade do agronegócio, obras de infraestrutura e falta de fiscalização no local.

Se nada for revertido até 2050, o Brasil pode perder até 1.140 espécies do bioma, um número 8 vezes maior que o total de plantas extintas em todo o mundo desde que os registros começaram, em 1500.

O estudo foi feito por pesquisadores do Instituto Internacional para a Sustentabilidade (IIS) e publicado na revista científica Nature.

Desmatamento no cerrado

A região do cerrado brasileiro é riquíssima em espécies: são mais de 4.600 plantas e animais, muitos deles não podem ser encontrados em nenhum outro lugar do mundo.

Mais de 46% de sua vegetação nativa foi perdida, e somente 20% de toda a região permanece intocada, segundo os cientistas.

Se o ritmo de desmatamento continuar do jeito que está, até 2050 a região perderia 34% do que ainda tem.

“Entre 2002 e 2011, o desmatamento cresceu 1% ao ano no cerrado, algo 2,5 vezes maior do que na Amazônia”, registraram os cientistas. A extinção do bioma pode alterar completamente o funcionamento dos ecossistemas e afetar sua capacidade de abastecer a comunidade local com ar limpo, uma vez que as plantas ajudam a transformar o dióxido de carbono (CO2) em oxigênio.

Perda do bioma: como evitar

Mesmo com todo o agravante, a equipe liderada por Bernardo Strassburg, secretário-executivo do IIS, acredita que é possível evitar que isso aconteça.

Para diminuir o desmatamento do cerrado, o ideal seria investir em formas alternativas de produzir alimentos que não dependam da expansão da agricultura e da pecuária, que danificam o meio ambiente.

“Esse cenário é totalmente evitável, sem comprometer o crescimento agrícola”, disseram os cientistas, referindo-se a uma das principais atividades econômicas do Brasil.

“As estruturas jurídicas, os instrumentos políticos e os acordos de múltiplos atores que, em grande parte, explicam os notáveis acontecimentos da Amazônia estão sendo aplicados de forma muito lenta no cerrado, precisam ser ampliados”, manifestaram os cientistas.

Eles acreditam que a produção de soja, da cana-de-açúcar e da carne bovina pode ser acomodada em “áreas agronomicamente adequadas”, ou seja, em terras cultivadas, que não danificariam o cerrado. Isso não causaria prejuízo às empresas e agricultores que dependem dessa atividade, já que essas áreas possuem boa infraestrutura e estão próximas aos grandes centros de produção e distribuição.

Amazônia e a ciência

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