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Reconhecemos melhor as pessoas quando ficamos mais velhos, garante a neurociência

Publicado 17 Jan 2017 – 06:00 AM EST | Atualizado 20 Mar 2018 – 12:57 PM EDT
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Você está na rua. Alguém te reconhece, te chama pelo nome e te dá um abraço. Você responde com simpatia. A pessoa vai embora e você se pergunta: "quem era?". 

Se você já passou por essa situação, calma, isso vai passar quando você envelhecer.

Embora o frescor da memória seja uma vantagem exclusiva das crianças e adolescentes, um estudo mostrou que a capacidade de reconhecimento facial dos adultos não se desgasta com o passar dos anos. Na verdade, ocorre justamente o contrário: quanto mais velhos, mais sabemos distinguir os rostos das pessoas.

Adultos reconhecem as pessoas melhor que crianças

Desde que nascemos, possuímos uma parte no cérebro chamada giro fusiforme. Essa região processa os rostos que vemos e envia essa informação para outra região cerebral, a amígdala, que processa as reações e emoções que temos diante dessa imagem.

Uma das pesquisadoras do estudo, Kalanit Grill-Spector, professora de psicologia da Universidade de Stanford (EUA), percebeu que parte do nosso córtex, principal área funcional do nosso cérebro, desenvolvia formas diferentes depois do nascimento, assim como a região específica de reconhecer rostos e locais familiares (sulco colateral).

Ressonância magnética por imagem

Grill-Spector reuniu uma equipe de pesquisadores em Stanford e obteve algumas fatias de tecido cerebral de pessoas mortas, cedidas pelo Centro de Pesquisa de Jülich, da Alemanha, uma vez que não era possível fazer esse exame inicial em pessoas vivas.

Após um ano de análises, a equipe descobriu como fazer uma combinação entre as regiões cerebrais com uma técnica de ressonância magnética quantitativa por imagem. Ou seja, conseguiram associar que parte do cérebro era ativa quando um ser humano interagia com determinada imagem ou rosto.

Mais importante: permitiu diferenciar a parte do cérebro que reconhece lugares da parte que reconhece rostos. Os detalhes desse processo foram publicados em estudo da revista Cerebral Cortex.

Depois disso, os cientistas fizeram um comparativo de como crianças e adultos respondiam em testes de reconhecimento facial. Selecionaram 22 crianças (entre 5 e 12 anos) e 25 adultos (de 22 a 28 anos) e aplicaram um teste a partir de um programa de computador.

Os participantes tinham que ver cada imagem (de lugares e pessoas) em três ângulos distintos para, então, identificá-las com um painel de imagens semelhantes.

Ao observar a parte do cérebro associada a reconhecimento de lugares, os cientistas não encontraram muita diferença entre os jovens e adultos. A novidade veio com o reconhecimento facial: o volume registrado pela pesquisa de imagens de rosto no córtex dos adultos foi 12% maior que o das crianças. O estudo detalhado foi publicado na nova edição da revista Science.

Os cientistas nomearam esse desenvolvimento gradual de reconhecimento de rostos de proliferação. “Muitas pessoas assumem uma visão pessimista sobre os tecidos do cérebro”, disse Grill-Spector, mencionando o fato de que as pessoas acreditam que nossa habilidade de reconhecimento tende a se desgastar conforme elas ficam mais velhas. “Nós vimos exatamente o oposto disso”.

Reconhecimento de rostos: habilidade social

A pesquisa não é um baque apenas para o senso comum. Antes, os cientistas acreditavam que o desenvolvimento do cérebro dependia da eliminação de conexões ‘desnecessárias’ entre os neurônios – e a comunicação entre o giro fusiforme e a amígdala fazia parte dessa eliminação.

“Quando você é mais jovem, você provavelmente só precisa reconhecer os rostos de seus pais e parentes próximos”, disse a pesquisadora. “Mas, à medida que envelhece, o número de rostos que você encontra continua a aumentar”.

Esse é um processo evolucionário, reflexo da necessidade de desenvolver a habilidade de reconhecer um número cada vez maior de pessoas que participam de nossas vidas. Portanto, não se culpe se, porventura, esquecer o rosto de alguém.

Memória e reconhecimento

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