null: nullpx
Astronomia-Mulher

Rainha das Galáxias: quem foi a mulher mais influente da astronomia do século XX?

Publicado 27 Dez 2016 – 02:11 PM EST | Atualizado 20 Mar 2018 – 12:57 PM EDT
Compartilhar

Vera Rubin era considerada a Rainha das Galáxias, e isso não tem nada a ver com “Star Wars” ou “Star Trek”.

Nascida em 1928 na cidade de Filadélfia (EUA), Vera foi a primeira mulher a ter total acesso ao maior telescópio do mundo, em 1965, e finalmente fazer com que a comunidade científica aceitasse que o universo também é composto de Matéria Escura, provando que as galáxias têm muito mais massa do que aparentavam.

Rubin faleceu aos 88 anos no último 26 de dezembro de 2016, de causas naturais, e é tida como uma das mulheres mais influentes da astronomia do século XX.

Quem foi Vera Rubin?

Quando teve acesso ao telescópio de Monte Palomar, em 1965, numa época em que mulheres não podiam nem entrar no prédio que concentrava diversas descobertas da astronomia, Vera Rubin já era bacharel e planejava fazer seu doutorado na Universidade de Princeton – que também não aceitava mulheres em seu programa de pós-graduação até 1975.

Então, ela se formou na Universidade Cornell e estudou astronomia física com Richard Feynman e mecânica quântica com Hans Bethe – dois especialistas que ganharam o Nobel em suas áreas.

Em suas observações, Rubin constatou que a distância e a massa da galáxia não tinham muito a ver com a Teoria do Big Bang, em que a densidade do espaço foi diminuindo após a grande explosão – e nem com a Lei de Hubble, que dizia que as galáxias estavam se afastando mais com o passar dos séculos.

Já na década de 1960 ela descobriu, ao lado do colega Kent Ford, que a velocidade das órbitas das estrelas eram tão rápidas quanto as que estavam distantes de seu centro, indo contra a Teoria de Isaac Newton – utilizada até hoje para entender a movimentação dos planetas.

Matéria Escura

Todas essas descobertas confirmaram que pelo menos 84% do universo seria composto de matéria escura – termo proposto pelo astrônomo suíço Fritz Zwicky, em 1933.

Em artigo publicado em 1983, Vera disse que a velocidade da rotação do centro da galáxia poderia ser melhor explicada por um “halo esférico não luminoso de matéria”, que ia além do que se poderia observar em telescópios. “Considera-se possível que estes halos contenham massa suficiente para aumentar a relação de massa e luminosidade do universo”, constatou a astrônoma.

Antes, acreditava-se que o universo era composto de gravidade, para evitar que as estrelas ficassem ‘perambulando’ continuamente pelo espaço.

Com a confirmação da tese da matéria escura, os astrônomos perceberam que o vácuo gigantesco das galáxias tratava-se justamente de massa. “A matéria escura, afinal, estava permitindo que as estrelas se movimentassem como nosso sol, localizado longe de centros galácticos, para movimentar em suas órbitas numa velocidade mais rápida do que os cálculos de Newton”, resumiu um artigo da revista Science.

Por que Vera Rubin nunca ganhou o Nobel?

Durante muitos anos, astrônomos se questionaram: como uma descoberta tão importante de Vera Rubin nunca lhe garantiu um Nobel?

“A omissão em relação à dra. Rubin pode estar parcialmente relacionada com o trabalho anterior de Zwicky, ou suas próprias discussões que modificaram a dinâmica de Newton”, explicou o PhD em astrofísica Ryan Trainor, do Instituto de Tecnologia da Califórnia. “Mas acho que ela também foi ferida significativamente pela falta de respeito para com as mulheres nesse campo de estudo”.

Rubin estudou mais de 200 galáxias e teve 144 trabalhos científicos publicados. Era grande defensora da participação mais ativa das mulheres na ciência, justamente porque sofreu na pele o preconceito predominante durante décadas.

Mas, em diversas ocasiões, quando questionada sobre qual foi sua maior contribuição para a ciência, ela dizia: “meus quatro filhos”. David e Allan Rubin são PhD em geologia; Karl, PhD em Matemática, e Judith, PhD em Física com especialidade em Raios Cósmicos. Não há dúvidas que o grande legado de Vera Rubin está a salvo.

Mistérios do Universo

Compartilhar
RELACIONADO:Astronomia-Mulher

Mais conteúdo de interesse