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Cientista brasileira que virou destaque foi pioneira no estudo de Zika e bebês com microcefalia

Publicado 26 Dez 2016 – 11:45 AM EST | Atualizado 20 Mar 2018 – 12:57 PM EDT
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O estudo da relação entre o Zika vírus e a microcefalia em bebês rendeu à pesquisadora brasileira Celina Turchi o título de uma das dez personalidades do ano na Ciência, em uma seleção da revista Nature.

Celina é a única representante do Brasil na lista e atua na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) de Pernambuco, o estado em que apareceram os primeiros casos de bebês com microcefalia por conta do surto de Zika vírus, em setembro de 2015.

A partir deste momento, ela reuniu um time de cientistas para se debruçar sobre os casos e estabelecer o controle da onda epidêmica com base em resultados analíticos.

“Nem em meu maior pesadelo como epidemiologista eu havia imaginado uma epidemia de microcefalia neonatal", disse Celina à Nature. “Quando começamos, não havia nenhum livro a seguir”. 

Como a própria revista destacou no texto sobre Celina, ela e sua equipe de pesquisadores é que estão "escrevendo" este livro.

Entenda agora quais foram as contribuições da epidemiologista nesta área.

Relação de Zika e microcefalia

Desde meados de 2015, foram registrados 8.571 casos de bebês com microcefalia no Brasil; destes, 1.709 tinham relação com a contaminação da gestante pelo Zika vírus.

A epidemiologista Celian Turchi é coordenadora de um grupo intitulado Microcephaly Epidemic Research Group (Grupo de Pesquisa de Epidemia de Microcefalia, em tradução livre, o Merg), que investigou justamente o nascimento de crianças com microcefalia em oito maternidades de Recife.

A situação era inédita para a comunidade científica e, por isso, os bebês viraram objeto de estudo da equipe, que também entrevistou as mães, que tinham sido infectadas pelo Zika vírus.

Foi recolhido sangue do cordão umbilical das crianças envolvidas na pesquisa e os bebês com perímetro cefálico igual ou menor a 32 centímetros foram submetidos à tomografia. Os restantes passaram por ultrassonografia na moleira para análise do sistema nervoso central.

Já as mães tiveram sangue coletado para saber quais anticorpos de doenças elas possuem. A equipe também pesquisou histórico de infecções, vacinas e medicações, doenças genéticas, entre outras questões.

“Os resultados revelaram uma alta proporção de mulheres infectadas pelo vírus Zika na primeira onda epidêmica que aconteceu no ano passado. Se os anticorpos que elas desenvolveram forem duradouros, elas estarão imunes à doença numa próxima epidemia”, concluiu Celina, em pesquisa divulgada em setembro deste ano.

Como atinge o feto

O Zika vírus é transmitido pelo mosquito Aedes aegypti e promove uma infecção com sintomas leves e semelhantes ao de uma gripe em adultos; em gestantes, pode chegar até o feto e afetar a formação do seu sistema neurológico, causando não só a microcefalia, como outras lesões congênitas e permanentes.

Próximos passos

A epidemiologista destacou à Nature que o grupo agora investiga as causas que impediram que o surto tivesse se espalhado além do Nordeste, como era esperado.  

Reconhecimento

Em resposta ao título de uma das personalidades de 2016 no campo de Ciência, Celina reforçou a importância do trabalho em equipe. 

“Estou grata e entendo que esse foi o reconhecimento de um trabalho coletivo, não só de nós pesquisadores, mas por todos profissionais de saúde envolvidos. Foi fruto também da oportunidade de poder contar com grupos experientes e qualificados de laboratório, clínica, neurologia e com apoio da instituição”.

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