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Humanos são mais inteligentes do que todos os animais? Cientistas respondem

Publicado 23 Nov 2016 – 12:20 PM EST | Atualizado 26 Mar 2019 – 05:29 PM EDT
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Falamos, construímos grandes edifícios, temos consciência, sabemos ler e escrever... Por muitos anos os cientistas argumentaram que essas e muitas outras características fazem de nós, humanos, os seres mais inteligentes do planeta. Mas, até que ponto isso é verdade?

Animais sabem quem são?

O pai do evolucionismo, Charles Darwin, chegou a dizer que a diferença entre o cérebro dos homens e dos animais “é de grau, não de espécie”. Quase dois séculos depois, essa afirmação, que já chegou a ser descartada por alguns biólogos, vem fazendo mais sentido.

Durante muitos anos, acreditou-se que apenas o homem poderia desenvolver a autoconsciência. Por volta dos anos 1970, porém, o psicólogo Gordon Gallup Jr. fez um teste do espelho com diversos tipos de animais, com objetivo de verificar se realmente existia a habilidade de autorreconhecimento.

Primeiramente, Gallup e seu grupo de cientistas colocaram uma marcação visual nos animais analisados, com tintas, corantes e adesivos. Então, observaram como eles reagiam em frente a um espelho. Depois, compararam a reação deles em frente ao espelho novamente, mas sem nenhum tipo de marcação.

Mamíferos marítimos, como orcas e golfinhos, passaram no teste de espelho – um indicativo, ainda que pequeno, de que neles havia um broto de autoconsciência. Primatas, como chimpanzés (em maior grau), orangotangos e gorilas (em menor grau), também têm capacidade de autorreconhecimento.

Pica-pau inteligente

Surpreendente mesmo foi constatar que um animal que não era mamífero também passou nesse teste, anos depois. Com os avanços das pesquisas, os cientistas acreditavam que a autoconsciência era ativada a partir de uma região do cérebro conhecida como neocórtex, o que justificava o fato de macacos, golfinhos e baleias passarem no teste.

O animal em questão era uma ave. Especificamente, o pica-pau-cinzento. Quando colocaram-no em frente a um espelho, com marcações, o pássaro fez de tudo para tirá-las.

O caso dessa espécie de pica-pau representa um fenômeno conhecido como ‘evolução convergente’, que acontece quando habilidades, comportamentos e traços evoluem em espécies que não têm nenhuma relação entre si.

Senso de justiça

O senso de justiça e o altruísmo por muito tempo foi considerada uma habilidade inata dos seres humanos, como forma de cooperação com outros indivíduos para viver em sociedade.

Macacos e símios em geral (que têm como característica a proximidade com o homo sapiens na linha evolutiva) também são dotados dessa técnica, e não por serem mais ‘bonzinhos’ que os outros animais.

“A sensibilidade à equidade e à iniquidade oferece muitos benefícios evolutivos”, constatou Sarah Brosnan, pesquisadora da Universidade Estadual da Geórgia (EUA).

Ela fez, junto ao pesquisador Frans de Waal, da Universidade de Emory (EUA), um teste com macacos-capuchinho e descobriu que eles recusavam executar uma tarefa quando percebiam que o colega ganhava uma recompensa melhor.

“Seres humanos e chimpanzés mostraram preferências semelhantes em relação à divisão de recompensas, sugerindo uma longa história evolutiva para o senso humano de justiça”, concluíram os pesquisadores.

Macacos maquiavélicos

Frans de Waal vai ainda mais além nessa característica de justiça e injustiça. O pesquisador disse que a moralidade como um todo é um traço evolutivo, e isso pode ser aplicado tanto para o ‘bem’, quanto para o ‘mal’.

O vídeo abaixo mostra um exemplo disso. Uma chimpanzé faz uso da ‘moralidade’ para conseguir o que quer. Veja:

Em entrevista à BBC Earth, De Waal classificou esses chimpanzés como ‘maquiavélicos’. Quando eles veem que perdem o domínio em um determinado grupo, ficam com ciúmes. Então, começa a separá-los. “Assim que o melhor amigo começa a se aproximar do rival, ficam chateados e rompem com eles. Essa é uma estratégia de dividir e governar”, explicou de Waal, referindo-se a um dos principais ensinamentos de “O Príncipe”, de Nicolau Maquiavel.

Inteligência dos polvos

Nos últimos anos, a ciência passou a ver os polvos com outros olhos. Cientistas da Universidade de Chicago e da Universidade de Cambridge refizeram a sequência do DNA desses moluscos e descobriram que eles têm 10 mil genes a mais que os humanos.

Polvos podem abrir frascos, guardar cascos de ostras para se proteger, se camuflar e, inclusive, demonstrar personalidades diferentes entre eles.

Um estudo com 44 moluscos colocou-os diante de três situações específicas: uma considerada alarmante, outra ameaçadora e outra tida como ‘natural’. Os polvos, todos da mesma espécie, mostraram 19 tipos de respostas diferentes diante das situações.

Após análises mais detalhadas, os cientistas descobriram três personalidades predominantes entre eles: ativos, reativos e preventivos.

Os ativos reagem às ameaças com violência. Reativos apresentam uma série de comportamentos em que busca neutralizar a ameaça, enquanto os preventivos, bem, fazem de tudo para ficar longe de problemas.

“Personalidade sobrepõe a inteligência e permite que eles, individualmente, mostrem essa inteligência”, escreveu Jennifer Mather, do departamento de psicologia e neurociência da Universidade de Lethbridge. “ Animais inteligentes podem dominar ambientes variáveis usando todo esse processo”.

Quando sentem-se ameaçados, polvos se disfarçam de seres mais perigosos para afastar seus algozes. Também usam a movimentação dos tentáculos para ‘entretê-los’. Assim, se apenas os tentáculos forem alvo da presa, eles podem sobreviver, já que esses membros podem ser regenerados.

Os polvos estão no planeta há muito mais tempo que qualquer outro mamífero, por exemplo. Com nove cérebros (um em cada tentáculo, além de um que ‘coordena’ tudo), três corações e um sistema nervoso flexível, sua linha evolucionária é bem mais extensa que a dos seres humanos e dos primatas.

Será que são mais espertos do que nós? Uma pena que o polvo Paul não esteja mais vivo para nos revelar.

Bichos mais espertos do reino animal

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