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Felicidade emagrece (e tristeza engorda); psicóloga ensina a controlar emoções

Publicado 3 Nov 2016 – 09:00 AM EDT | Atualizado 20 Mar 2018 – 12:57 PM EDT
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A cena de uma pessoa bem triste sentada em frente à TV comendo pedaços de pizza com a mão não é só um clichê dos filmes; cá para nós, tem vezes que a tristeza nos faz atacar a geladeira sem pensar. Por outro lado, há dias que estamos tão alegres que escolhemos alimentos saudáveis e leves e, assim, nos sentimos mais equilibrados.

Estes são comportamentos alimentares bem comuns em nossa sociedade e, agora, a Ciência comprovou aquilo que já suspeitávamos: ser feliz ajuda a perder peso. E o inverso também é válido: estar triste (ou ter depressão, que é uma doença) nos faz engordar. 

Como, então, controlar as emoções para manter o corpo e a mente saudáveis? Conversamos com a psicóloga especialista em obesidade e transtornos alimentares, Mariane Dias, para destacar algumas dicas sobre como lidar com suas emoções e não descontar na comida. 

Abaixo, confira mais detalhes de dois estudos que analisaram por que as pessoas engordam quando têm depressão e tendem a perder peso quando estão mais felizinhas.

Emagrecer e ser feliz

“Esperança, forças interna, gratidão e felicidade geral”. Se você não sente essas emoções há muito tempo, este pode ser o motivo de você não perder peso. 

O fato foi comprovado por um estudo da Universidade de Adelaide, na Austrália, feito pela professora da Escola de Psicologia e psicóloga clínica Sharon Robertson. Ela investigou 260 adultos em situação de peso normal, sobrepeso e obesidade e comprovou que pessoas obesas são propensas a estarem mais deprimidas.

Isto significa que elas carregam mais emoções negativas do que positivas e, portanto, a lista de bons sentimentos que citamos acima fica de escanteio.

Resultado: a falta de motivação deixa o processo de emagrecimento ainda mais difícil.

Dessa forma, a alegria de levar a vida, com apoio de profissionais que aplicam técnicas positivas de psicologia, pode incentivar quem quer perder alguns quilos, como explica a pesquisadora.

“Nós recentemente testamos uma abordagem com mulheres em um pequeno estudo piloto. Durante quatro semanas, trabalhamos para melhorar sua esperança, forças pessoais, gratidão e felicidade geral”, comentou. “As sessões de psicologia não se concentraram na perda de peso, no entanto, metade dos participantes perdeu peso ao longo da intervenção. E no seguimento de 12 semanas, três quartos dos participantes perderam peso adicional”.

Sharon destaca que, apesar dos resultados, nem sempre ser uma pessoa feliz é sinônimo de emagrecimento. 

“Eu não estou dizendo que os programas tradicionais são ineficazes, mas para aqueles que tiveram pouco sucesso com perda de peso, talvez focar em sua saúde psicológica em primeiro lugar levará a melhores resultados”.

O que diz a especialista

A psicóloga da empresa de consultoria nutricional Venutri Mariane Dias destaca que o fato de buscar estar feliz é um comportamento positivo que leva, consequentemente, a hábitos positivos. Daí vem a relação de “estar em paz” com a facilidade de emagrecer experimentada por alguns participantes do estudo.

“O fato de eles conversarem (não somente sobre a perda de peso) também é importante. Conversando, a pessoa deixa de estar ensimesmada ou criando fantasias”, avalia a psicóloga, que atua na avaliação de candidatos à cirurgia bariátrica. “A pessoa percebe que pode contar com o outro”. 

Depressão e obesidade

Em um estudo publicado na revista Archives of General Psychiatry, a depressão e a obesidade figuraram em uma relação muito próxima: as pessoas obesas analisadas apresentaram 55% os riscos de desenvolver depressão ao longo do tempo, enquanto as pessoas deprimidas tiveram um risco aumentado de 58% de se tornarem obesas. 

“A associação entre depressão e obesidade foi mais forte do que a associação entre depressão e sobrepeso”, escreveram os pesquisadores na conclusão.

A depressão, vale lembrar, é uma doença que não se resume à tristeza; são acrescidos outros fatores, como dormir muito, ou ter muita insônia, não sentir prazer nenhum na vida, paralisar diante das atividades cotidianas e, como os estudos comprovam, comer muito (ou comer pouco).

O que diz a especialista

“’Quem nasce primeiro: a depressão ou a obesidade?’ é uma pergunta muito polêmica. Depende da situação de cada indivíduo. Não é um fato que quem está gordo vai ter depressão e quem está depressivo terá um quadro de obesidade”, destaca a psicóloga.

Como lidar com as emoções e emagrecer

A psicóloga reforça que, para mudar a situação, o primeiro passo é a pessoa analisar seu comportamento e suas emoções, principalmente diante da comida.

“Na prática, é preciso perceber se não estou bem, se está insatisfeito. Então, reconhecer se vai para a comida porque sente ansiedade ou compulsão”, comenta Mariane.

“A pessoa precisa avaliar, ainda, se aconteceu alguma coisa naquele diz que a fez comer para se sentir melhor e se isso é constante; se ela busca prazeres imediatos para se sentir bem”.

 “Quem está obeso e quer emagrecer deve, portanto, virar a chave. Tem pessoas que dizem que não conseguem sair do ciclo de comer porque está triste. É preciso entender que culpa é essa que sempre está fora e compreender que você é o responsável pela sua vida e pelo seu comportamento, inclusive alimentar”, conclui. 

Perda de peso e cuidados com o corpo

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