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Mistério das tartarugas-verde: elas foram extintas há 80 anos e, agora, reapareceram

Publicado 19 Out 2016 – 01:30 PM EDT | Atualizado 20 Mar 2018 – 12:57 PM EDT
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Conhecida como a maior tartaruga marinha de carapaça dura, a  tartaruga-verde (Chelonia mydas) é uma espécie que já foi muito caçada para a fabricação de um tipo de sopa bastante consumida em jantares aristocráticos dos séculos passados.

Além disso, a tartaruga-verde também sofreu por conta do abate em locais onde as fêmeas desovam suas ninhadas em períodos de gestação.

A espécie, então, passou a ser considerada rara, praticamente extinta. Na ilha das Bermudas, um dos locais que promoveram a exportação em massa dessas tartarugas para a produção das tais sopas, as tartarugas-verde deixaram de existir pelo menos desde 1930.

Mas, depois de todo esse tempo ter se passado, no ano passado (2015), um pesquisador chamado Frank Burchall, de 80 anos, encontrou uma pequena tartaruga na costa das Bermudas. Intrigado, Frank duvidou que a tal tartaruga fosse a espécie extinta. Por isso, colocou-a num pote de vidro, realizou alguns estudos e consultou outros colegas biólogos. Abaixo, descubra se a tartaruga que Frank encontrou era, de fato, a tartaruga-verde. 

Sopa de tartaruga: causa da extinção

A Ilha das Bermudas, que fica na América Central, próximo da Costa Oeste dos Estados Unidos, faz parte da Comunidade Caribenha. Mas, após seu descobrimento, no século XVI, tornou-se uma colônia britânica. É assim até hoje.

Com o passar dos séculos, os britânicos cultivaram gosto pela sopa de tartaruga. O auge dessa preferência se deu no século XIX, quando populações imensas de tartarugas-verde habitavam a região costeira da ilha.

As praias de Bermudas ofereciam condições ideais para que jovens tartarugas-verde permanecessem nas imediações: tinham extensas vegetações, que atraíam os filhotes.

Para se ter uma ideia, em 1878 comerciantes dessa sopa caçaram mais de 15 mil tartarugas-verde, num período em que os nobres dos Estados Unidos já tinham caído no gosto da sopa.

Com as caças cada vez mais constantes, então, elas foram sumindo, sumindo, até não aparecer mais.

Salvando a tartaruga da extinção

Depois do sumiço da tartaruga-verde pelo Oceano Atlântico, começou-se um período de revitalização da biodiversidade da região, incluindo as Bermudas.

Um dos especialistas (e ativistas) pioneiros foi David Wingate. Nomeado oficial de conservação de animais das Bermudas nos anos 1960, ele replantou vegetações nativas, reintroduziu algumas espécies que estavam sumindo e combateu diversos roedores trazidos pelos colonizadores à ilha. Mas, tartaruga-verde… Nada!

Ainda antes de Wingate, o ecologista Archie Carr, em meados de 1959, começou ostensiva campanha para trazer novamente a espécie de volta à costa. Com objetivo de restaurar por completo a biodiversidade caribenha, ele criou a Operação Tartaruga-Verde.

Carr coletou cerca de 130 mil ovos de uma região da Costa Rica e saiu distribuindo em outras ilhas em que a tartaruga-verde já não aparecia mais: além de Bermuda, em locais como Barbados, Honduras, Belize e Porto Rico, todos na América Central.

Tanto Carr quanto Wingate sabiam que o tempo de maturidade sexual das tartarugas-verde eram bem longos – de 35 a 40 anos – mas ficaram decepcionados quando não encontraram nenhum vestígio de filhotes pelas regiões em que distribuíram os ovos.

Tartaruga-verde: uma esperança

O fato é que, finalmente, depois de muitos anos e muitos testes feitos pelo biólogo Frank Burchall, seu “achado” era realmente um filhote da tartaruga-verde.

A descoberta do pesquisador alegrou a comunidade científica não somente pela preservação da biodiversidade. “Isso provocou um sentimento imenso de admiração”, disse Anne Meylan, que estuda a espécie, à Haikai Magazine, revista especializada em ecossistemas costeiros. A comunidade local das Bermudas já cultivava a tartaruga-verde praticamente como um animal mitológico. “As pessoas rastejavam seus joelhos para ver a descoberta”, contou.

Wingate classifica o reaparecimento da tartaruga como “tremendo significado global”. Ele acrescentou: “Quer dizer que não é uma causa completamente perdida não ter mais tartarugas numa praia que ela tinha como ninho principal. Ainda há esperança”. 

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