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Fatos comprovados pela Ciência sobre hipnose: o que realmente ela faz no corpo?

Publicado 20 Out 2016 – 09:00 AM EDT | Atualizado 20 Mar 2018 – 12:57 PM EDT
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A palavra ‘hipnotizar’ vem do dicionário: imobilizar, seduzir ou vencer por feitiço, deixar sem ação. Exercer sobre alguém um domínio, anulando-lhe o raciocínio e a capacidade de decisão e ação. Mas, afinal, o que é a hipnose na prática? O que ela faz com o nosso corpo? 

Hipnose: o que acontece no cérebro?

Faz 40 anos que os cientistas tiveram, pela primeira vez, acesso a instrumentos e métodos para separar os fatos sobre a hipnose das suposições exageradas. Hoje o estudo dos fenômenos hipnóticos está solidamente incorporado ao domínio da ciência cognitiva, com artigos sobre hipnose publicados em algumas das mais seletivas revistas científicas e médicas. 

O que se sabe é que nenhuma parte do cérebro é efetivamente desligada durante a hipnose. Ao invés disso, a conexão de certas áreas é modificada, com separações e integrações. Dessa forma, a hipnose representa um diferente estado de consciência: é como se fosse uma alteração da noção de autoconsciência e lembrança. 

Uma das alterações que acontecem no cérebro é o aumento das conexões entre o córtex pré-frontal – responsável por planejar comportamentos, tomar decisões e expressar personalidade – e a região do cérebro chamada ínsula – responsável por ajudar a coordenar emoções e processar dores. Isso poderia explicar porque a hipnose permite que as pessoas superem ou ignorem dores no corpo.

Também há uma queda na atividade de uma região dorsal do cérebro que é responsável por análises de contexto, o que permite que o hipnotizado consiga focar em certas coisas e ignorar outras.

Em 2004, James E. Horton e Helen J. Crawford da Universidade da Virgínia, nos EUA, mostraram com imagens de ressonância magnética que uma parte do cérebro responsável pela atenção e por inibir estímulos indesejados, chamada rostro do corpo caloso, era 32% maior em indivíduos altamente hipnotizáveis.

É por isso que, sob hipnose, os indivíduos não se comportam como autônomos passivos, mas sim como pessoas que solucionam problemas e que incorporam suas ideias morais e culturais ao próprio comportamento, enquanto permanecem bem sensíveis às expectativas do hipnotizador.

Como ela é encarada hoje em dia?

Segundo a definição da Associação Americana de Psicologia, a hipnose é um estado de consciência que envolve atenção focada e consciência periférica reduzida, caracterizado por maior capacidade de resposta à sugestão. É um estado mental ou um tipo de comportamento induzido por hipnose. Ou seja, nada mais que a força do seu próprio pensamento.

O Conselho Federal de Medicina já reconhece a hipnose como ferramenta no tratamento de dores crônicas e o Hospital das Clínicas, em São Paulo, oferece a hipnoterapia como opção para tratar as dores crônicas ou em pacientes terminais. Há diversos estudos comprovando que a técnica é eficaz contra o tabagismo, a ansiedade, a depressão e outros transtornos psíquicos.

Passado histórico

A prática da hipnose iniciou no século 18, quando o médico alemão Franz Anton Mesmer foi considerado um perigo para a sociedade por uma comissão de cientistas notáveis, que incluía Antoine Lavoisier e Benjamin Franklin, porque supostamente era capaz de "mesmerizar" (palavra que o próprio Mesmer inventou e hoje é sinônimo de hipnotizar), ou seja, enfeitiçar as pessoas contra a vontade delas.

Em 1843, o médico escocês James Braid decidiu trocar o nome de mesmerização para "hipnose”, em uma menção à Hypnos, a deusa grega do sono. Ele foi o primeiro a adotar uma abordagem mais científica, e conferiu esse nome à pratica porque acreditou se tratar de uma espécie de sono induzido. Quando, na verdade, o estado hipnótico não tem nada a ver com sono, ele acontece com o corpo bem acordado e consciente, sabendo que está sendo hipnotizado.

A partir de James Braid (1795-1860), a hipnose passou a ser estudada por outros célebres pesquisadores, como o francês Jean-Martin Charcot (1825-1893), considerado o pai da neurologia, o psicólogo russo Ivan Pavlov (1849-1936) e o próprio Freud (1856-1939), que chegou a hipnotizar seus pacientes no começo da carreira.

Saiba mais sobre ser hipnotizada

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