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Por que os bebês não nascem sabendo andar e falar?

Publicado 12 Out 2016 – 09:00 AM EDT | Atualizado 20 Mar 2018 – 12:57 PM EDT
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Girafas e cavalos nascem e, pasmem, começam a andar imediatamente depois. Os macacos, assim que nascem, já se penduram no pescoço de suas mães. Por que será, então, que os recém-nascidos seres humanos são tão dependentes?

A especialista em  desenvolvimento cognitivo da Universidade de Rochester, nos Estados Unidos, Celeste Kidd, decidiu entender como os seres humanos nascem tão impotentes, muito mais do que qualquer outro primata, porém bastante cedo começam a se tornar muito inteligentes, mais uma vez, muito mais do que qualquer outro primata. 

Causa ou consequência?

E se isso não fosse uma contradição, mas um caminho causal? Esse é o argumento que sustenta o artigo que Kidd e seu colega Steven Piantadosi publicam na revista científica PNAS. Os seres humanos se tornaram tão inteligentes, porque seus bebês são tão incrivelmente dependentes, segundo os pesquisadores. 

A teoria é surpreendente, mas não é completamente nova. Os pesquisadores foram ponderando as peculiaridades de nosso nascimento e sua importância evolutiva por algum tempo. Os seres humanos pertencem ao subconjunto dos mamíferos chamados mamíferos vivíparos, que dão à luz seus filhotes. 

Via de mão dupla

Isso significa que, para nascer, os bebês devem crescer até um estado maduro o suficiente no interior do corpo da mãe, mas não podem ficar muito grandes a ponto de serem incapazes de sair. Essa é uma via de mão dupla: quanto mais inteligente é um animal, maior é a sua cabeça, geralmente. Porém, o canal de nascimento impõe um limite de tamanho da cabeça para a hora do parto.  

Assim sendo, é por isso que o cérebro humano deve manter amadurecendo, e a cabeça deve continuar crescendo, por anos após o nascimento. Quanto mais inteligente um animal puder ser quando adulto, relativamente mais imaturo seu cérebro será na hora do nascimento.

Durante a investigação, Kidd e Piantadosi perceberam uma coisa importante que reforça a sua teoria. Outra variável tem uma correlação ainda maior com a inteligência do que o tamanho do cérebro: tempo de maturidade, ou o tempo de “desmame”. Em outras palavras, o tempo em que se amamenta recém-nascidos desde sua situação de dependência absoluta até um ponto de autossuficiência define melhor a inteligência dos primatas do que a melhor medida até então proposta, ou seja, o padrão anteriormente usado era a circunferência da cabeça. 

Tempo de desmame: medida de inteligência

Orangotangos têm bebês mais inteligentes do que os babuínos e os amamentam por mais tempo. Bebês babuíno, por sua vez, são mais espertos e mamam por mais tempo do que bebês do lemur. Colocando esses fatos juntos ajudaram Kidd e Piantadosi desenvolver sua hipótese. 

A conexão entre o tamanho da cabeça e a inteligência criam incentivos para que os bebês nasçam mais cedo. Mas é a conexão entre o tempo de desmame e a inteligência que pode realmente estar dirigindo o ciclo da vida. 

Você precisa ser mais inteligente para cuidar de mais criaturas mais indefesas, o que significa que você precisa de um cérebro maior - que significa que os bebês têm que chegar no mundo em um estágio ainda mais impotente de desenvolvimento, uma vez que existe um tamanho limite para seu cérebro alcançar até o nascimento.

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