Filmes tristes podem te deixar mais feliz do que comédias. Entenda
Quantas caixas de lenço você já gastou assistindo ao Titanic? Apesar do chororô, não seria estranho se você percebesse que, no fim das contas, o filme te fez sentir “leve”. Um grupo de pesquisadores da Universidade de Oxford (Reino Unido) detectou que filmes tristes ajudam a liberar altos níveis de endorfina no corpo, hormônio responsável pela sensação de bem-estar.
O mais interesse é que, diferente do saldo final de um filme de comédia ou de romance, esse bem-estar pode ser mais duradouro. Segundo o estudo, “indivíduos que assistem a um filme emocionalmente excitante suportam mais a dor e têm maior senso de ligação com grupos de pessoas(são mais solidários).”
Mais resistentes à dor
Os especialistas realizaram o estudo com 169 voluntários, dividindo-os em dois grupos: um que assistiu ao filme “ Stuart: Uma Vida Revista” (de 2007, com Tom Hardy e Benedict Cumberbatch), que narra a história de um alcoólatra sem-teto; e outro, com documentários da BBC sobre geologia e arqueologia, ou seja, de menor apelo emocional.
Eles não podiam assistir aos filmes com amigos ou parentes próximos. Apenas com desconhecidos
Para mensurar a resistência à dor dos participantes, nada de sofá confortável; os cientistas pediram que eles se sentassem e ficassem apenas com o apoio da parede para encosto.
Dois questionários foram entregues a eles: um para medir os sentimentos antes de assistir ao filme; outro para verificar o estado emocional após o filme.
As pessoas que assistiram ao filme de drama apresentaram grande redução em ‘afetos positivos’. Os que assistiram aos documentários também ficaram ‘menos alegres’, mas numa proporção bem menor – que os cientistas interpretaram como ‘tediosas’.
Embora o humor tenha caído bastante, os que assistiram “Stuart” criaram um sentimento maior de união. “Parece que nossa afinidade com o drama pode ter gerado um sentimento de ligações sociais”, disse Robin Dunbar, líder da pesquisa. “Acreditamos que essa seja uma razão importante para nosso prazer ao consumir ficção”.
Emoções humanas do dia a dia
Dunbar também acredita que essa pesquisa seja um reflexo dos nossos sentimentos do dia a dia. “Esta é possivelmente a verdade de nossas vidas cotidianas – algumas pessoas ficam emocionalmente abaladas com alguns eventos, enquanto outras olham ceticamente e dizem ‘por que tanto alarde?’”.
Sophie Scott, neurocientista da Universidade College London, não participou da pesquisa e chegou a contestar alguns métodos, como o apego do ser humano à ficção. Mas, se impressionou com as descobertas de Dunbar. “Isso sugere que não é simplesmente com emoções positivas que se obtêm senso de proximidade”, disse Sophie ao The Guardian. “Talvez haja algo sobre a experiência emocional compartilhada que realmente esteja mudando a forma como nossas endorfinas são enaltecidas, deixando-nos mais próximos das outras pessoas”.
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