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Morte de Lucy: saiba qual seria o motivo que matou a mais antiga ancestral do homem

Publicado 1 Set 2016 – 01:36 PM EDT | Atualizado 14 Mar 2018 – 09:30 AM EDT
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Descoberta em 1974, na Etiópia, o fóssil de Lucy é até hoje conhecido como o mais antigo ser humano já encontrado por paleontólogos, com 3,2 milhões de anos. Mais de quatro décadas depois, especialistas apontam o real motivo de sua morte: a de que ela teria caído de uma árvore e sido arremessada ao solo de forma tão violenta, que quebrou alguns de seus ossos.

Para reconstituir o corpo dela, na época, a equipe liderada pelo norte-americano Donald Johanson desenterrou mais de 200 ossos, constituindo 40% do esqueleto da mundialmente conhecida Lucy – que ganhou este nome por empolgação, já que os paleontólogos ouviam “Lucy in the Sky with Diamonds”, dos Beatles, em comemoração após as escavações.

Por muito tempo teorias foram criadas: o que teria acontecido com aquela mulher idosa, de cerca de 1,50m, cabeça saliente, braços longos e pernas curtas?

Causa da morte

Um artigo publicado na revista Nature por paleontólogos da Universidade do Texas reconstitui o que poderia ter acontecido com Lucy. Eles acreditam que ela teria subido em uma imensa árvore e elencam duas possibilidades de queda: ou ela estaria dormindo, e caiu acidentalmente; ou acabou perdendo o equilíbrio ao escalar para fugir de predadores.

Do alto da árvore para o chão, a altura era de aproximadamente 13,7 metros. A velocidade da queda de Lucy foi de 59 km/h, causando um impacto tão grave a ponto de danificar os órgãos internos, conforme aponta o estudo. “No conjunto, estas lesões são a hipótese que podem ter levado à morte”.

Como eles descobriram?

Para chegar a essa constatação, os paleontólogos usaram um programa de computador com raio-X de alta resolução. Eles produziram mais de 35 mil dados a partir dos ossos de Lucy.

John Kappelman, que liderou a pesquisa, percebeu uma saliência em um osso do braço direito. Aquilo indicaria um colapso, por ter empurrado o osso para muito além do corpo dela.

Após uma longa pesquisa na literatura médica, Kappelman comparou essa anomalia com os deslocamentos que podemos ter ao cair de uma grande altura com os braços estendidos, ou apoiar as mãos no painel do automóvel num acidente violento.

A equipe consultou 9 especialistas ortopédicos e todos confirmaram: aquela saliência só poderia ser resultado de um impacto muito forte.

O que isso quer dizer

Entender a forma com que Lucy morreu permite à ciência desvendar os hábitos da espécie Australopithecus afarensis, ancestral do homo sapiens.

Os paleontólogos argumentam que a queda de Lucy pode ser um indicativo de que a espécie passava por uma adaptação.

Com o corpo parecido com o de um chimpanzé, ela provavelmente se locomovia pelas árvores. Entretanto, a espécie também caminhava bastante pelo solo, e por conta dessa adaptação, estava perdendo a agilidade ao escalar e pular de árvore em árvore. “Isso oferece evidência incomum da presença do arvorismo para essa espécie”, concluíram os pesquisadores.

Opiniões contrárias

Nem todos os especialistas que tiveram a oportunidade de estudar Lucy de perto concordam com essas constatações. O paleontólogo da Universidade da Califórnia Tim White, em entrevista à Science Magazine, defendeu que essas fraturas poderiam ser “o resultado de processos geológicos após a morte dela”.

Donald Johanson, um dos ‘descobridores’ de Lucy, comparou essas fraturas com as de outros animais, como antílopes, elefantes, rinocerontes e girafas. “Pode ter certeza: nem todos eles caíram de árvores”.

Entretanto, Johanson reconhece a importância da pesquisa, porque “pode estimular mais e mais estudos científicos”.

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