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Sem suposições: afinal, o que de verdade a ciência sabe sobre a maconha?

Publicado 19 Ago 2016 – 08:30 PM EDT | Atualizado 14 Mar 2018 – 09:30 AM EDT
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Embora existam várias opiniões sobre a maconha, o que, de fato, é verdade sobre ela? A resposta não é tão animadora assim: nem mesmo a ciência apresenta muitos fatos 100% comprovados, mas tem estudos bem interessantes que podem ajudar a entender o que se sabe até hoje sobre a plantinha polêmica. Será que todas as suas indicações medicinais são eficientes? Vicia ou não vicia? Faz mal ou é inofensiva?

O mais curioso é que estamos falando de uma planta – e de uma substância – conhecidas pela humanidade há milênios. A Cannabis sativa, planta que dá origem à maconha, tem sua origem na Ásia, aos pés do Himalaia. Há pelo menos 6 mil anos os chineses já conheciam seus princípios medicinais e os hindus apreciavam suas propriedades psicotrópicas, assim como os egípcios. Os árabes, então, ajudaram a espalhá-la para o resto da África e a Europa.

Curiosidades sobre maconha

Economia

O que muito pouca gente sabe é que a Cannabis sativa já foi uma planta de grande valor econômico, e que justamente por isso ocupava vastas plantações em países que hoje a proíbem. Esta importância se deve ao cânhamo, uma fibra extraída da cannabis amplamente utilizada na produção de tecidos e de papel.

Desde a Antiguidade e durante a Idade Média e o Renascimento, por exemplo, o cânhamo era a principal matéria-prima na produção de velas das embarcações e das telas dos quadros dos grandes mestres da pintura. Já os livros eram impressos em papel fabricados a partir deste produto. 

Benefícios

Ao falar em benefícios, é melhor deixar de lado a palavra maconha e pensarmos no canabidiol. Este é o nome de um dos princípios ativos da Cannabis sativa que vem sendo amplamente pesquisado pela Ciência.

Sabe-se que o canabidiol tem efeito benéfico sobre diversas doenças, tanto que seu uso medicinal foi liberado no Brasil em 2015 (seguindo uma tendência mundial). A substância tem efeito benéfico comprovado em doenças raras que provocam convulsões, diminuído sensivelmente as crises.

Doenças como Parkinson e esclerose múltipla também contam com melhora em alguns sintomas desagradáveis pelo uso dos princípios ativos da cannabis.

Já pacientes de câncer que fazem uso de quimioterapia relatam que o uso da maconha reduz sensivelmente as crises de náuseas após as sessões, enquanto pessoas que vivem com HIV fazem uso da substância para melhorar o apetite e não perder peso.

Semente de maconha emagrece?

Sabia que as hemp seeds (sementes de maconha, em português), fazem um sucesso enorme nos Estados Unidos? Por lá, esses grãos são vendidos em mercados e indicados por nutricionistas. Segundo os especialistas, são muitos os benefícios da semente de maconha, e elas seriam melhores para a dieta do que a linhaça e a chia, por exemplo.   Ela provém do cânhamo, uma variação da cannabis, planta de onde se tiram as folhas para consumo da maconha, droga proibida no Brasil. Porém, ao contrário do que se possa imaginar, elas não provocam nenhum efeito alucinógeno e só trazem benefícios à saúde.

Faz mal?

Recentemente, uma pesquisa da Universidade do Estado do Arizona, nos Estados Unidos, despertou discussões nos meios científicos e governamentais ao mostrar que são poucos os malefícios causados pelo uso da maconha.

A pesquisa acompanhou cerca de mil pessoas por 20 anos, e concluiu que o maior dano provocado pela maconha estava na saúde bucal. Porém, os próprios pesquisadores admitem que é preciso mais tempo, já que os atuais dados acompanharam pessoas dos 18 aos 38 anos. Será que o uso contínuo da maconha não pode trazer malefícios a partir dos 40 anos e na melhor idade? Resta esperar.

Malefícios comprovados

Se existe um consenso entre os pesquisadores é o de que a maconha é ruim para adolescentes, especialmente (é claro) se for consumida em excesso. É que a droga age sobre as conexões neurais, especialmente as responsáveis pela formação da memória e da concentração. E é na adolescência que o cérebro está fazendo os últimos ajustes nestas funções.

Estudiosos da esquizofrenia apontam a maconha como um dos gatilhos para a manifestação da doença psiquiátrica justamente na adolescência. Isso não significa que a maconha cause esquizofrenia, e sim que seja um dos fatores desencadeadores da doença entre quem já a possui em seu código genético.

Vicia?

A conclusão da maioria dos cientistas e pesquisadores é de que a maconha não faz muito mal à saúde dos adultos, desde que usada moderadamente, mas que também não faz lá muito bem (inalar fumaça e segurá-la nos pulmões nunca é uma grande ideia). Mas pouca gente fica realmente viciada. Algo entre 6% e 12% dos usuários, de acordo com as pesquisas já realizadas (taxa inferior à do álcool e do tabaco).

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