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Bronze a jato que chocou a imprensa internacional: É perigoso? Como funciona?

Publicado 28 Fev 2017 – 08:00 AM EST | Atualizado 20 Mar 2018 – 12:57 PM EDT
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A busca por uma pele bronzeada já levou muitas pessoas a optarem por práticas que não fazem bem à pele, desde a ausência do filtro solar até o uso de produtos e misturas inusitadas. O resultado nem sempre é o esperado e pode até mesmo ter um efeito contrário, gerando manchas e queimaduras graves. Além disso, tomar sol sem a proteção adequada e fora dos horários indicados também pode causar câncer de pele.

Ainda assim, a cada verão surgem novos tipos de bronzeamentos que conquistam adeptos com a promessa de conquistar uma cor bonita em um curto período de tempo. Uma prática realizada no Rio de Janeiro vem atraindo tantas clientes que chamou a atenção da imprensa e foi destaque até mesmo em publicações internacionais, como o jornal britânico The Sun.

Como funciona o bronze a jato

A novidade consiste em colar esparadrapo ou fita isolante no corpo, moldando a calcinha e o sutiã no formato e tamanho desejados e deixar o corpo exposto ao sol. O uso da fita, e não de um biquíni, é para deixar a marca mais certinha, garantindo o chamado "bronzeado perfeito". 

A empresária Daiana Nogueira, do Centro de Bronzeamento Rainha do Bronze, no Rio de Janeiro,  explica como funciona. "Antes de fazer o desenho com a fita, é feita uma esfoliação em todo o corpo da cliente. Depois, aplicado um produto para acelerar o bronzeado. Esse produto, desenvolvido pela esteticista Luana Toledo, de Goiânia, é feito à base de parafina e legalizado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). É um um acelerador, ele acelera a produção de melanina", explica.

Já com o produto no corpo é feita a montagem do biquíni, de acordo com o tamanho e formato que cada pessoa quer. O produto também facilita na hora de retirar as fitas, evitando que a pele fique irritada. Para proteger as partes íntimas e os bicos dos seios, é usado TNT e algodão molhado.

O passo seguinte é a ida para o sol. Cada cliente fica deitada no sol por, no máximo, 25 a 30 minutos de cada lado. Depois de 10 minutos de exposição, é aplicado um óleo que ativa ainda mais a parafina. Enquanto isso, algumas funcionárias do estabelecimento vão jogando água para que as clientes se refresquem e oferecendo água para beberem. 

"O tempo no sol depende do tom da pele da pessoa. O produto para acelerar o bronzeado também tem diferentes opções, para peles mais claras ou mais escuras, e é usado de acordo com cada caso. Mas é aplicado apenas uma vez e não é retocado, pois, como ele possui filtro solar em sua composição, se passar demais, ele acaba protegendo ao invés de bronzear", explica.

No fim da sessão, na sombra, é aplicado um produto para descolorir os pelos, mas sem exposição ao sol. Depois, outro banho para tirar os produtos e a aplicação de um gel pós-sol gelado. "Recomendo que, em casa, a pessoa use bastante hidratante, de preferência deixando guardado na geladeira, para refrescar a pele. E também que beba bastante água", diz.

Daiana recomenda pelo menos três sessões de bronzeamento para conquistar marquinhas mais evidentes. Ela explica também que é preciso haver um intervalo de pelo menos três dias entre uma sessão e outra. "A primeira sessão vai desenhar a marquinha. A segunda vai corrigir a marquinha. E a terceira é que vai definir. Então não precisa ter pressa em fazer tudo de uma vez só, até por que não dá para ficar tanto tempo exposta ao sol, principalmente as mulheres de pele mais branquinha. Faço tudo com responsabilidade para não agredir a saúde da pele", afirma. 

Polêmica internacional

Se no exterior o assunto virou polêmica, para muitas brasileiras o hábito de colar fita no corpo e tomar sol na laje não é nenhuma novidade. É o que garante a empresária. Ela mesma contou que sempre foi cliente deste tipo de bronzeamento, além de ser garota-propaganda de uma linha de produtos e, por isso, teve a ideia de transformar em um negócio lucrativo. "Já estou há quatro anos neste ramo. Antes era garota-propaganda, ia a vários cursos e acabava assistindo. Então fui aprendendo cada vez mais e comecei a me interessar. Experimentei fazer em mim mesma, depois em amigos e familiares, fui começando a ter paixão pela profissão. Mas só este ano resolvi investir mais e abri um espaço para mim, no Rio de Janeiro", conta.

Ela garantiu que o ambiente é seguro e que são tomadas todas as precauções em relação à proteção solar, inclusive avaliando individualmente cada cliente em relação à cor da pele. Diz, ainda, que não faz o procedimento no meio do dia, quando os raios são mais fortes, por isso o expediente só funciona antes das 10 horas da manhã e no fim da tarde.

Atualmente, o Rainha do Bronze atende a cerca de 20 a 30 mulheres por dia, sempre por ordem de chegada. Entre elas, clientes famosas como a cantora de funk Tati Quebra-Barraco. Há também uma grande procura de homens que querem contratar o serviço, mas o estabelecimento atente somente ao público feminino. O preço de cada sessão é R$ 80,00. A idade mínima é 17 anos.

Para ela, o motivo do sucesso desse tipo de bronzeamento é o fato de deixar uma marquinha perfeita no corpo. Além disso, Daiana conta que o procedimento acaba ajudando a levantar a autoestima de muitas mulheres. "Tem meninas que não se sentem confortáveis de irem à praia, têm vergonha, mesmo tendo corpos perfeitos. Mas querem ter uma marquinha. Muitas falam até que o casamento ressuscitou depois do bronzeado. E o fato de só receber mulheres deixa todas mais confortáveis", conta.

Riscos do bronzeamento

Mas, segundo a dermatologista Tatiana di Perrelli, esse tipo de procedimento pode realmente ser arriscado. "Hoje em dia sabemos dos perigos da exposição ao sol sem controle adequado e por tempo prolongado. Isso é um convite para que no futuro tenham envelhecimento cutâneo ou mais grave seria o câncer de pele", afirma.

Ela explica que esses procedimentos não têm embasamento científico e nem segurança e que os dermatologistas condenam veemente esse tipo de ação. "Os tratamentos de bronzeamento devem ser acompanhados por um profissional responsável e precisam ser feitos de forma lenta, devagar", diz.

Ainda de acordo com a médica, o fator de proteção solar deve ser sempre maior que 30. E o uso deve ser em quantidade suficiente. "Para um homem de 1,80 m, por exemplo, a quantidade chega perto de 50 ml para o corpo todo. E se o protetor 30 não for aplicado de forma correta, ele vira fator de proteção 15 e assim por diante", explica.

Vale reforçar também sobre a necessidade de as pessoas entenderem que o protetor solar não é passaporte para o sol. "A melanina é uma resposta da pele ao estímulo solar, então ela sai como se fosse um fotoprotetor natural da nossa pele, ela é para ser sintetizada de forma devagar. Ao se expor muito ao sol, você não está se bronzeando, você se queima. Quando a pele fica vermelha, o seu DNA está danificado e isso pode no futuro gerar um câncer de pele", finaliza. 

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